Gazeta da Torre
Com o Clube Minerva, engenheiras formadas na USP e
estudantes buscam atrair mais mulheres para as carreiras de ciência,
tecnologia, engenharia e matemática
Engenheiras formadas na Escola Politécnica (Poli) da USP
têm, em comum, o desejo de ajudar a mudar uma realidade que vivenciam em locais
de trabalho e salas de aula: aumentar a presença de mulheres nas ciências
exatas. Elas convidam não só mulheres, como também os homens para participar do
Clube Minerva. O projeto usa as redes sociais para incentivar e atrair mais
garotas para carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e
matemática – que têm como sigla em inglês STEM.
Os números trazem uma ideia da situação. Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam, nas
universidades, apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM. O porcentual é
ainda menor nas engenharias de produção, civil e industrial, e em tecnologia:
não chega a 28% do total. No mundo corporativo os dados são piores.
Uma pesquisa divulgada em 2019 pela consultoria Talenses
e o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) revelou que apenas 13% das empresas
brasileiras têm CEOs mulheres. Elas representam 26% das pessoas em posição de
diretoria, chegam a 23% das posições de vice-presidente e ocupam 16% dos cargos
de conselhos. A Forbes divulgou em 2018 uma pesquisa de mercado feita pela
Ipsos MORI. Com abrangência de 27 países, o estudo revelou que as lideranças das
500 maiores empresas do mundo eram formadas por apenas 3% de executivas
mulheres.
O Clube Minerva começou seu trabalho algumas semanas
antes do início da quarentena causada pela covid-19 no ano passado. A equipe
procurou focar iniciativas que pudessem ser acompanhadas durante o isolamento
social em qualquer dispositivo e a qualquer hora.
O Instagram é a plataforma que mais oferece retorno ao
Minerva, prova disso é que o perfil dessa rede cresceu mais do que o das
outras. Lá foram criadas sessões de publicações periódicas e divulgação dos
eventos.
“Os conteúdos escolhidos, curados e divulgados pelo Clube
Minerva têm a intenção de trabalhar a autoestima das mulheres apresentando e
reforçando referências femininas nas carreiras STEM”, conta Adriana Kazan, coordenadora
do projeto.
Ela contextualiza essa luta com a história da Poli,
predominantemente masculina, que foi inaugurada em 1894. Na época, havia duas
alunas ouvintes. A primeira mulher a receber o título de engenheira foi Anna
Frida Hoffman, em 1928. Posteriormente, ela trabalhou no Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT). Desde 2018, pela primeira vez na história, a cadeira da
direção da Escola Politécnica é ocupada por uma mulher, a professora Liedi
Bernucci.
A participação de mulheres na Poli cresceu, mas,
atualmente, chega a 19% na graduação e atinge pouco mais de 13,5% no corpo
docente. Na pós-graduação, o porcentual é um pouco maior, ao redor de 27%. “São
ainda porcentuais baixos”, lamenta Adriana.
A proposta do projeto é despertar o interesse de meninas
por aprender e descobrir todas as possibilidades do mundo das exatas. “Temos
publicações que apresentam cientistas mulheres e suas conquistas do passado,
colegas politécnicas que deixam mensagens inspiradoras, esclarecimentos de
temas relacionados à equidade de gêneros e divulgação de iniciativas que tenham
valores parecidos com os nossos”, complementa Adriana.
O clube está desenvolvendo uma parceria com o Instituto
de Relações Internacionais (IRI) da USP, que participa de um projeto europeu
chamado GENDER-STI sobre engajamento de mulheres nos acordos internacionais em
ciência e tecnologia.
Também há desejo de aprofundar as parcerias em eventos como o Woman in Data Science (WiDS) e o Woman in Energy (Win), além de procurar ainda mais parcerias abrangendo outras áreas de exatas, como computação, energia, mineração, elétrica, petróleo, mecânica, ambiental, civil, naval, metalurgia e materiais.
Site: https://www.politecnicos.org.br/clube-minerva/
E-mail: clubeminerva@politecnicos.org.br
Facebook: https://www.facebook.com/clubeminerva
Instagram: https://www.instagram.com/clubeminerva/
Fonte:Jornal da USP
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