domingo, 7 de março de 2021

Por que precisamos de mais mulheres nas ciências exatas?

 Gazeta da Torre

Com o Clube Minerva, engenheiras formadas na USP e estudantes buscam atrair mais mulheres para as carreiras de ciência, tecnologia, engenharia e matemática

Engenheiras formadas na Escola Politécnica (Poli) da USP têm, em comum, o desejo de ajudar a mudar uma realidade que vivenciam em locais de trabalho e salas de aula: aumentar a presença de mulheres nas ciências exatas. Elas convidam não só mulheres, como também os homens para participar do Clube Minerva. O projeto usa as redes sociais para incentivar e atrair mais garotas para carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática – que têm como sigla em inglês STEM.

Os números trazem uma ideia da situação. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam, nas universidades, apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM. O porcentual é ainda menor nas engenharias de produção, civil e industrial, e em tecnologia: não chega a 28% do total. No mundo corporativo os dados são piores.

Uma pesquisa divulgada em 2019 pela consultoria Talenses e o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) revelou que apenas 13% das empresas brasileiras têm CEOs mulheres. Elas representam 26% das pessoas em posição de diretoria, chegam a 23% das posições de vice-presidente e ocupam 16% dos cargos de conselhos. A Forbes divulgou em 2018 uma pesquisa de mercado feita pela Ipsos MORI. Com abrangência de 27 países, o estudo revelou que as lideranças das 500 maiores empresas do mundo eram formadas por apenas 3% de executivas mulheres.

O Clube Minerva começou seu trabalho algumas semanas antes do início da quarentena causada pela covid-19 no ano passado. A equipe procurou focar iniciativas que pudessem ser acompanhadas durante o isolamento social em qualquer dispositivo e a qualquer hora.

O Instagram é a plataforma que mais oferece retorno ao Minerva, prova disso é que o perfil dessa rede cresceu mais do que o das outras. Lá foram criadas sessões de publicações periódicas e divulgação dos eventos.

“Os conteúdos escolhidos, curados e divulgados pelo Clube Minerva têm a intenção de trabalhar a autoestima das mulheres apresentando e reforçando referências femininas nas carreiras STEM”, conta Adriana Kazan, coordenadora do projeto.

Ela contextualiza essa luta com a história da Poli, predominantemente masculina, que foi inaugurada em 1894. Na época, havia duas alunas ouvintes. A primeira mulher a receber o título de engenheira foi Anna Frida Hoffman, em 1928. Posteriormente, ela trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Desde 2018, pela primeira vez na história, a cadeira da direção da Escola Politécnica é ocupada por uma mulher, a professora Liedi Bernucci.

A participação de mulheres na Poli cresceu, mas, atualmente, chega a 19% na graduação e atinge pouco mais de 13,5% no corpo docente. Na pós-graduação, o porcentual é um pouco maior, ao redor de 27%. “São ainda porcentuais baixos”, lamenta Adriana.

A proposta do projeto é despertar o interesse de meninas por aprender e descobrir todas as possibilidades do mundo das exatas. “Temos publicações que apresentam cientistas mulheres e suas conquistas do passado, colegas politécnicas que deixam mensagens inspiradoras, esclarecimentos de temas relacionados à equidade de gêneros e divulgação de iniciativas que tenham valores parecidos com os nossos”, complementa Adriana.

O clube está desenvolvendo uma parceria com o Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, que participa de um projeto europeu chamado GENDER-STI sobre engajamento de mulheres nos acordos internacionais em ciência e tecnologia.

Também há desejo de aprofundar as parcerias em eventos como o Woman in Data Science (WiDS) e o Woman in Energy (Win), além de procurar ainda mais parcerias abrangendo outras áreas de exatas, como computação, energia, mineração, elétrica, petróleo, mecânica, ambiental, civil, naval, metalurgia e materiais.

Site: https://www.politecnicos.org.br/clube-minerva/

E-mail: clubeminerva@politecnicos.org.br

Facebook: https://www.facebook.com/clubeminerva

Instagram: https://www.instagram.com/clubeminerva/

Fonte:Jornal da USP

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