Gazeta da Torre
A pandemia continua dificultando a vida e o sustento das
pessoas no mundo todo, mas é evidente que a COVID-19 e a recessão econômica
afetam muito mais as mulheres.
De acordo com um relatório da empresa de consultoria em
gestão McKinsey & Company e o grupo de defesa das mulheres LeanIn.Org, os
trabalhos exercidos por mulheres são 1,8 vez mais vulneráveis a essa crise do
que os exercidos por homens. Embora ocupem 39% do mercado de trabalho global,
as mulheres representam 54% das demissões gerais por conta do coronavírus.
“As mulheres, especialmente negras e pardas, correm mais
riscos de serem demitidas ou afastadas durante a crise da COVID-19, o que pode
estagnar suas carreiras e afetar negativamente a segurança financeira”, afirma
o relatório.
A pandemia intensificou os desafios que as mulheres já
enfrentavam. Mães que trabalham fora tiveram que se virar com trabalho, filhos
e tarefas domésticas, sem o suporte que tornava essa vida possível, como
creches e escolas. Muitas tentam cumprir o horário de trabalho integral de casa
e cuidar das crianças ao mesmo tempo.
Pesquisadores do Instituto de Estudos Fiscais e do
Instituto de Educação da UCL entrevistaram 3.500 famílias de pais de gêneros
opostos e concluíram que as mães cuidam das crianças, em média, durante 10,3
horas por dia — 2,3 horas a mais que os pais. Além disso, as mulheres cuidam da
casa por 1,7 hora a mais que os homens.
Uma em cada quatro mulheres pensa em fazer uma pausa na
carreira ou abandonar completamente o mercado de trabalho devido ao impacto da
COVID-19. Com isso em mente, é mais importante do que nunca que as empresas
ofereçam o suporte adequado para garantir que a equidade de gênero no ambiente
de trabalho não seja um ideal ainda mais distante.
“As empresas devem apoiar as mulheres para garantir que o
equilíbrio entre os gêneros não seja prejudicado para sempre”, afirma Caroline
Whaley, cofundadora da Shine for Women, uma agência de consultoria para
mulheres e empresas voltada para a promoção da equidade de gênero.
Desenvolver e adotar um novo estilo de liderança centrado
na inclusão pode ajudar a compensar o impacto negativo da COVID-19 sobre as
mulheres. "Para isso acontecer, é preciso oferecer modelos de trabalho
flexíveis para que as funcionárias com compromissos familiares não desistam,
seguir as metas e divulgar dados sobre diversidade e salário", explica
Whaley.
A COVID-19 forçou empresas do mundo inteiro a se adaptar
e investir no home office — pelo menos no curto prazo. Embora essa transição
para o trabalho remoto tenha sido muito rápida em muitas organizações, muitas
outras afirmaram que planejam manter essa modalidade após a pandemia, como o
Facebook (FB). Com essa flexibilidade, seja trabalhando em casa ou ajustando os
horários de trabalho para conciliar com a criação dos filhos, as mulheres têm a
chance de continuar trabalhando sem deixar de lado outras responsabilidades com
a família.
Também é importante criar redes de apoio para as
funcionárias, como sessões de coaching ou acesso a ferramentas de desenvolvimento
pessoal on-line.
“Com esses recursos, as funcionárias podem dedicar tempo
para aperfeiçoar uma competência e ganhar confiança. Em uma pesquisa recente,
perguntamos às mulheres como elas viam a situação atual, o que elas almejavam
para a vida pessoal e profissional depois do lockdown e o que pensavam sobre
carreira e desenvolvimento pessoal”, contou Whaley.
“Os resultados revelaram que mais de 64% das mulheres que
trabalham em período integral querem adquirir novos conhecimentos e investir em
desenvolvimento pessoal para se preparar para o futuro em um mercado de
trabalho cheio de incertezas”, completa ela.
Além disso, investir em jovens talentos é fundamental
após os efeitos da COVID-19. Em outubro de 2020, um estudo da London School of
Economics apontou que os jovens do Reino Unido têm o dobro de probabilidade de
perder o emprego em comparação com profissionais mais velhos. Mais de uma em
cada 10 pessoas entre 16 e 25 anos de idade perderam o emprego, enquanto apenas
seis em cada 10 passaram a ganhar menos desde o início da pandemia.
“Os jovens, principalmente as mulheres, correm o risco de
perder a confiança, e isso pode afetar o futuro de uma empresa em longo prazo.
No trabalho remoto não há capacitação presencial, e as chances de um jovem
aprender e se inspirar em colegas mais experientes são menores. Este é o
momento para as organizações assumirem o controle e se prepararem para
desenvolver os funcionários e não desperdiçar talentos”, analisa Whaley.
Fonte:Yahoo Finanças
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