domingo, 30 de abril de 2023

Onze mitos e verdades sobre o cérebro!

Ao mesmo tempo que o cérebro é o órgão mais importante do corpo humano é também o que menos temos conhecimento. Seu funcionamento – mitos e verdades seguem sendo perpetuados em diferentes contextos.

“São inúmeros mitos sobre o cérebro, o mais conhecido deles é que usamos apenas 10% do cérebro o que também não é verdade. O cérebro é um órgão ativo que fica ligado o tempo todo enquanto estivermos vivos. A cada instante, várias áreas do cérebro estão interagindo por meio das mudanças eletroquímicas que caracterizam os impulsos nervosos. O cérebro funciona em uma constante dança combinada entre áreas em atividade e em repouso”, explicou a neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci.

Quais são os mitos e verdades sobre o cérebro?

Seu cérebro está totalmente desenvolvido por volta dos 18 anos de idade. Mito! O desenvolvimento do cérebro continua bem depois da adolescência e na idade adulta. E em particular, o córtex pré-frontal, que é importante para o raciocínio e tomada de decisão, não amadurece totalmente até chegarmos aos vinte e poucos anos.

O tamanho do cérebro determina a sua inteligência. Mito! O cérebro de Albert Einstein pesava menos que o cérebro médio. O cérebro do gênio, no entanto, mostrou-se relativamente com conexões densas entre as áreas do cérebro. Os cientistas atribuem as conexões entre as áreas e sua eficiência para inteligência mais do que tamanho.

O cérebro não sente dor. Verdade! A dor é sentida através de fibras nervosas sensoriais chamadas nociceptores. Curiosamente, o cérebro pode perceber sinais de dor de nociceptores enviados de todo o corpo, mas como o cérebro em si não tem, não sente dor. Se alguém cutucasse o seu tecido cerebral, você não sentiria isso!

Você usa apenas 10% de seu cérebro. Mito! O mito de 10% de uso do cérebro remonta quase um século. Em 2013, 65% dos os americanos acreditaram nesse mito. Na realidade, a menos que haja dano cerebral, a maioria das áreas do cérebro estão ativos o tempo todo, em algum grau.

Algumas pessoas podem sentir gosto de formas e cores. Verdade! O fenômeno, conhecido como cinestesia, vem de uma palavra grega que significa “perceber junto.” Pessoas com essa habilidade podem ouvir, cheirar, provar ou sentir dor em cores. Outros podem provar formas ou experimentar cores ou sensações táteis enquanto ouvem música.

O cérebro consegue ser bom em multitarefas. Mito! Quando pensamos em mitos e verdades sobre o cérebro, pensar o cérebro como multitarefa em termos de tarefas voluntárias que requerem atenção, não é uma boa ideia. Enquanto tarefas involuntárias, como regular o sangue pressão e respiração podem ser feitas simultaneamente, o cérebro não pode atender dois ou mais estímulos em atenção ao mesmo tempo. Em vez disso, o cérebro rapidamente alterna entre as tarefas.

A aprendizagem ocorre quando novas células são adicionadas ao cérebro. Mito! Novas células podem, de fato, ser adicionadas ao cérebro. No entanto, aprender não requer adição de novas células cerebrais. Aprendizado ocorre como as conexões entre o cérebro células mudam. Quando você aprende uma nova habilidade, como uma língua ou um esporte, as células do seu cérebro disparam juntos e criam associações.

O cérebro é o órgão mais gorduroso do o corpo. Verdade! No geral, o cérebro é 75-80% de água. Os outros 20-25% do cérebro é composto por tecido sólido e um mínimo de 60% de gordura.

Você possui uma dominância do lado esquerdo ou direito do cérebro. Isso vai determinar se você é mais criativo ou mais lógico. Mito! Ao contrário da crença popular e de centenas de memes e imagens que perpetuam este mito, os humanos não podem ser categorizados com cérebro esquerdo ou direito. Os talentos como criatividade, processamento de linguagem, habilidade espacial e lógica, requerem um trabalho em equipe integrado de ambos os hemisférios.

Cérebros de meninos e meninas são anatomicamente iguais. Verdade! Não existem diferenças anatômicas entre cérebros de sexos diferentes. As diferenças serão moldadas a partir dos aprendizados e incentivos que as crianças recebem.

Os humanos têm o maior cérebro de todos os mamíferos. Mito! Cachalotes seguram o troféu para o maior cérebro de qualquer espécie viva! Embora os cérebros dos cachalotes sejam cinco vezes maiores que o cérebro humano, humanos ainda detêm o recorde de espécie com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo, também conhecido como “quociente de encefalização”.

Mitos e verdades sobre o cérebro são sempre um assunto pra lá de interessante, mas se entender mais sobre o cérebro pode parecer complexo a especialista dá a dica que envolve três palavras-chave: novidade, variedade e grau de desafio crescente, três pilares da prática de ginástica para o cérebro oferecida pelo SUPERA. “A prática de ginástica para o cérebro, sem dúvida além de outros recursos que proporcionam uma atividade constante e desafiadora para o cérebro são fundamentais. Você pode ainda estudar mais, se aperfeiçoar em algo no seu trabalho ou aprender um hobby novo: existem diversas possibilidades para manter o seu cérebro ativo e, consequentemente, mais inteligente”, concluiu Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.

Para reflexão:

“É difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada”

Reconheça a sua importância e faça a sua parte.

Você sabia:

Os pássaros voam numa formação em V porque assim economizam energia. O que voa na frente diminui a resistência do ar para os demais e, quando se cansa, é substituído, e assim sucessivamente.

Resposta do desafio de Março

No carro estavam 1 avô, 2 pais, 2 filhos e 1 neto.

Quantas pessoas estavam no carro?

Reposta: 3 pessoas: pai, filho e neto


Desafio de Abril:

Pense rápido:

Uma pirâmide tem norte, sul, leste e oeste. Um galo está no topo da pirâmide e põe um ovo. Pra qual lado o ovo cai?

Resposta na próxima edição


Serviço:


Método Supera - Ginástica para o Cérebro

Responsável Técnica: Idalina Assunção (Psicóloga, CRP 02-4270)

Unidade Madalena

Rua Real da Torre, 1036. Madalena, Recife.

Telefone: (81) 30487906

https://www.instagram.com/superarecifemadalena/


Unidade Boa Viagem

Telefone: (81) 30331695

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Workshop do Ballet Couple em Recife!

 

"O Ballet Couple é um projeto idealizado por Larissa Dal’Santo e Luiz Fernando Xavier. Assim, ele tem como principal objetivo criar uma ponte cultural, por meio das experiências de dois bailarinos brasileiros.  

Ambos alcançaram a formação profissional em uma das escolas mais renomadas do Brasil, a Escola do Teatro Bolshoi. Desse modo, eles entraram no mercado de trabalho de dança no exterior, no Teatro Estatal de Ópera e Ballet de Voronej, na Rússia.

A Pré-venda para o Workshop do Ballet Couple vai acontecer apenas no dia 29 de Abril, em comemoração ao dia da dança!

Este ano

https://www.instagram.com/sandrapernambucoballet/

conta com uma melhor e maior estrutura para atender.

Vai ser demais!

Lari e Nando,  https://www.instagram.com/ballet_couple/, dançam pelo mundo. Atualmente são bailarinos do Atlanta Ballet, nos EUA. Demais né? Agora imagina fazer aula com eles, vai ser uma aula repleta de conhecimento!

Garante a sua vaga! As inscrições são feitas via WhatsApp da escola!

terça-feira, 25 de abril de 2023

CONHEÇA O VERDADEIRO CA$H

 Gazeta da Torre

É tempo de compartilhar algo muito especial com você que me acompanha e, de alguma forma, faz parte do que construo! Meio a isso, vale demais a reflexão que trago nas próximas linhas, vem comigo, então!

Começo dizendo que o meu novo livro, o primeiro para o público geral, nasceu e está dando os primeiros passos. Isso mesmo, ele já tem nome e sobrenome: O VERDADEIRO CA$H, e está chegando nas livrarias de todo o Brasil.

E o que representa esse título é muito daquilo que NINGUÉM te contou sobre planejamento financeiro e o mundo do dinheiro. Vou te dizer o que está nas entrelinhas da palavra CA$H. Começa com C de “conhecimento”, a importância de conhecer a sua realidade financeira, o seu perfil, o seu orçamento, conhecimento também dos seus direitos enquanto consumidor, das suas prioridades e tanto mais do que você verá comigo no livro. Uma coisa é certa: quanto mais conhecimento a gente tem, mais sabemos lidar verdadeiramente com o dinheiro.

Já o A é de “atitude”. A importância de ter atitude, correr atrás para realizar os sonhos e metas, dedicar tempo para cuidar disso, se planejar, refletir melhor as decisões, com o objetivo de fazer acontecer, para isso, como você sabe, é preciso atitude.

O $, por sua vez, é direto, significa “dinheiro” mesmo. Pois, com conhecimento e atitude, o dinheiro chega, sim. Você tem base para trazer ele para perto de você, e com dinheiro "na mão", temos ainda mais possibilidades de ampliar o conhecimento, e claro, com mais conhecimento e atitude, é possível multiplicar o dinheiro. Lembrando que $ não é só o que está no bolso, na conta, nos investimentos, bens ou nas dívidas. Aí é que entra o H para fechar O VERDADEIRO CA$H, o H de “hábitos”, eles que influenciam e, muitas vezes, definem o que acontece com o seu dinheiro e com a sua vida. A educação financeira está baseada em hábitos, comportamento e escolhas.

O VERDADEIRO CA$H é um verdadeiro manual para quem quer gerir melhor a vida financeira. Lançado através da Alta Books, uma das maiores editoras do país, a obra tem uma abordagem humanizada em relação ao mundo das finanças, com dicas, insights e reflexões sobre questões do dia a dia da vida financeira, numa linguagem simples e direta.

O VERDADEIRO CA$H tem potencial para ser o seu livro de cabeceira e pode mudar a sua vida! Não perca tempo, já está em pré-venda pela Amazon, ou você pode garantir o seu no lançamento, em Recife, dia 27 de abril, a partir das 19h, na Livraria Leitura do Shopping Rio Mar. Lá, pode receber a sua dedicatória e me dar a alegria de tirar uma foto com você, futuro leitor desse livro escrito com muito carinho e que acumula anos e anos de experiência prática, estudo, milhares de horas de atendimentos em consultorias e mentorias, cursos, palestras e momentos que me permitiram extrair o melhor de tudo para compartilhar nele com você. Espero te encontrar nas linhas de “O VERDADEIRO CA$H”.

Abraço e até a próxima, Leandro Trajano

📡  https://www.instagram.com/personalfinanceiro/

domingo, 23 de abril de 2023

“As simplificações são perigosas”

 Gazeta da Torre

Historiador Boris Fausto

Costuma-se dizer – com uma boa dose de razão – que o Brasil não é para amadores. Nem no fazer político nem para a compreensão mais ampla – e com uma lupa nas mãos – da intrincada trama social, econômica, cultural e política que compõe a genealogia nacional. Nesse sentido, Boris Fausto, morto aos 92 anos no último dia 18, era um dos últimos de uma geração de pensadores e estudiosos que são o paroxismo do profissional que se debruçou na tarefa de entender – e explicar – o Brasil e sua história, gente da estirpe de Caio Prado, Sérgio Buarque de Holanda, Fernando Henrique Cardoso. E conseguiu.

Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), Boris Fausto foi homenageado tanto pela faculdade quanto pela Reitoria da Universidade – a USP decretou luto oficial por sua morte. “É, de fato, difícil abarcar todo o contributo de Boris Fausto para a produção historiográfica brasileira: das articulações e disputas que levaram à Revolução de 1930, dos processos migratórios, do cotidiano da gente pobre paulista ou do comportamento operário. Cada um desses trabalhos é ímpar e leitura obrigatória para todas e todos que pensam o Brasil do século 20. Toda a geração que veio a seguir a Boris Fausto é dele devedora”, afirma a nota oficial da FFLCH. Já a nota da Reitoria, assinada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e pela vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, reitera ter sido ele um dos principais historiadores e cientistas políticos brasileiros. De fato, Boris Fausto foi dos mais argutos observadores e estudiosos do Brasil e sua sociedade, com análises fortes e sempre bem fundamentadas.

“As pessoas precisam de simplificações, mas as simplificações muitas vezes são perigosas, na medida em que não dão conta da realidade. Então, há um certo mal, demoníaco, e há um setor salvador, puro. Há um herói salvador, que irá encaminhar o País. Há um representante de Satanás, que vai levar o Brasil para o inferno”, afirmou ele a Roberto D’Ávila, na Globonews, em outubro de 2018, faltando pouco para o Brasil cruzar o umbral numa travessia que durou quatro anos. “O problema é que nem há Satanás, que, se existir, não estará preocupado com o Brasil, pois o Universo é muito grande, nem existem anjos salvadores. Não gosto de dar receitas, mas é uma coisa que a população precisa aprender, para não termos contínuas decepções, que têm sido um pouco a história deste país. Isso não é bom”, avaliou.

Muitas de suas análises, percepções e estudos ganharam forma de livros – duas dezenas, na verdade, fora os 11 da coleção História Geral da Civilização Brasileira, feita em parceria com Sérgio Buarque de Holanda na década de 1990 e depois reeditada nos anos 2000. Pelo menos dois de seus livros se tornaram clássicos: A Revolução de 1930: Historiografia e História, publicado em 1969, e História do Brasil (Edusp), publicado em 1994. Sobre o primeiro, ele tinha um comentário pronto, entre o resignado e o brincalhão: “‘Ah, Boris Fausto. Eu conheço o senhor, o senhor escreveu aquele livro A Revolução de 1930’. Eu escrevi em 1969. Parece que de lá para cá eu não fiz mais nada”, relembrou ele à revista Pesquisa Fapesp em 2011, sem deixar de sublinhar uma certa dose de “destino” nessa questão: Boris Fausto nasceu no mesmo ano da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder – e esse seu primeiro livro foi justamente aquele que alavancou sua carreira de historiador, tornando seu nome indissociável do período estudado. A Revolução de 1930 provocou mudanças significativas nas análises sobre o tenentismo e o fim da República Velha, com Boris Fausto vendo nos jovens militares um espírito que “em grande linha, não era democrático”.

Já o segundo clássico, História do Brasil, é o seu best seller. Já vendeu até hoje 130 mil exemplares e teve 14 edições – é o livro mais vendido da história da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp). E o autor tinha um especial carinho por este trabalho. “Tenho afeição por ele e acho que foi um marco que pode ser aproveitado. Mas muita coisa ali foi superada, como eu já superei, se fosse escrever uma nova história”, contou certa vez, sempre com um olhar crítico.

Das Arcadas à História

Nada mal para um historiador que, de várias maneiras, poderia ser considerado temporão. Nascido em uma família de origem judia, Boris Fausto não foi um historiador de primeira hora – sua primeira opção, para quem a essa altura ainda não sabe, foi a Faculdade de Direito da USP. Formado nas Arcadas do Largo de São Francisco em 1953, trabalhou por mais de uma década como consultor jurídico da Universidade. Só então enveredou pela carreira que o tornaria um nome respeitado em todas as latitudes. Em 1966, já com 36 anos, graduou-se em História pela antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, onde se tornou doutor em 1969. “Muito incentivado pela minha mulher, Cynira, resolvi fazer o curso de História. Eu gostava muito de História e achava que o Direito era apenas uma via de sustento, uma via profissional”, revelou ele em depoimento ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas.

Mas só em 1988, já aposentado da vida jurídica, começou efetivamente sua carreira como professor universitário no Departamento de Ciência Política da FFLCH, de 1988 a 1997. O curioso é sua explicação para não ter optado pelas Ciências Sociais, e sim pela História, além do gosto pessoal, é claro. Segundo contou à revista Pesquisa Fapesp, ele deixou de lado o curso de Ciências Sociais, mais prestigiado, porque nele estavam muitos de seus amigos intelectuais e Boris Fausto sentia-se constrangido em se tornar aluno deles.

A escolha, obviamente, acabou se mostrando a mais acertada, até porque Boris Fausto pôde, sem as amarras de uma pretensão de carreira (como ele mesmo afirmava), trabalhar com maior liberdade de movimentos. E essa liberdade rendeu muitos frutos encadernados. Mesmo em seus livros sem viés enfaticamente acadêmico ou didático, como Crime e Cotidiano: A Criminalidade em São Paulo (1880-1924), O Crime do Restaurante Chinês – Carnaval, Futebol e Justiça na São Paulo dos anos 1930 e O Crime da Galeria de Cristal, ou seja, apesar de trafegarem pelo romance policial, a História está presente – no caso, a micro-história, na qual o autor reduz sua escala de observação e preocupa-se com as ações humanas e significados não valorizados no painel mais amplo da historiografia. E por que histórias de crimes? “Porque são as coisas que impressionam muito as pessoas. Têm um impacto muito grande. Passam de pai para filho. Mãe para filha. Mas há também crimes que desaparecem e você precisa desenterrar porque eles são muito interessantes”, disse em entrevista ao Programa do Bial.

Seu último livro, publicado em 2021, é Vida, Morte e Outros Detalhes, inspirado pela morte de seu irmão, o filósofo Ruy Fausto, logo no início da pandemia de covid-19. A obra traz um conjunto de memórias e reflexões sobre relações familiares, as rivalidades do afeto, o envelhecimento e a finitude. “Da minha parte, a pandemia fez reviver o passado, que se tornou uma presença cotidiana, e me aproximou, ainda mais, de meu irmão Ruy pela via do divertimento. Sua morte inesperada e essa aproximação me impulsionaram a escrever este livro, passo a passo, sem um esquema prévio”, escreveu ele no início do volume.

Sobre a morte, Boris Fausto costumava reproduzir uma citação de Elias Canetti, romancista e ensaísta britânico de origem búlgara: “Eu odeio a morte. Vou lutar até o fim contra ela, embora eu saiba que vou perder”. Perdeu? A História diz o contrário.

Jornal da USP

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terça-feira, 18 de abril de 2023

Como aproximar os livros infantis da rotina das crianças? Confira dicas!

 Gazeta da Torre

18 de Abril - Dia Nacional do Livro Infantil

Se os livros infantis não saem da prateleira e seu filho não sente interesse em desbravar o universo de histórias que existe em cada um, é hora de diversificar os métodos. Vem, que vamos te mostrar alguns.

1. Assuntos de interesse

Sabe quando lemos uma página mas, no final, não absorvemos absolutamente nada? Bem, pode ser que o nosso cérebro esteja tentando desviar a atenção para algo mais prazeroso. Se o assunto não desperta prazer ou curiosidade, a atenção voa loooonge.

Se com a gente já é assim, imagina como as crianças!

Por isso, uma das dicas mais valiosas é: descobrir quais são os assuntos que despertam o interesse da criança. Como? Prestando atenção às suas conversas e perguntas, vídeos que gosta de assistir e livros que aceitam melhor.

Claro que não precisa ficar preso sempre ao mesmo tema. O segredo aqui é tentativa e erro/ tentativa e acerto. Tente apresentar novos assuntos com livros emprestados de bibliotecas, por exemplo.

Ah, não se prenda em apenas histórias ficcionais, tá? Muitas vezes, a criança pode se interessar por livros mais didáticos (por exemplo, como funciona o reino animal em biologia, os planetas, biografias… se ela estiver na fase dos porquês, esse tipo de livro pode fazer muito sucesso.

Em outras palavras: não existe leitura certa ou errada, existe leitura!

2. Cantinho da leitura em casa

Já pensou em criar um cantinho para os livros infantis em casa? Pode ser no quarto da criança ou até mesmo perto do seu próprio cantinho de leitura, para vocês usufruírem juntos desse momento.

Nesse sentido, vale destacar que a arquitetura e organização dos lugares influencia muito em como nos portamos – e com a leitura essa premissa também é válida!

Que tal montar um cantinho com cores que estimulam a criatividade, como laranja e amarelo? Além disso, você pode colocar uma cadeira confortável, uma mesinha com marca-texto para grifar, uma luminária com luz baixa e um cheirinho ambiente agradável.

Ah, lembre-se de evitar acessórios que possam distrair a criança na decoração, como brinquedos, por exemplo.

3. Atividades de leitura

Criar atividades para fazer a leitura dos livros infantis também é uma boa pedida. Aqui pode entrar um clube de leitura, por exemplo. Por isso, converse com os pais dos coleguinhas, para ver se topam uma atividade dessas. Ou até mesmo em família!

Além disso, algumas brincadeiras relacionadas ao livro também funcionam, como: todos os trechos que a criança achar interessante, grifar, escrever num papel e colocar em um mural.

Assim, a cada ano que passar, a criança sempre vai lembrar dos pontos importantes e aprendizados de cada leitura.

Não tem muita regra: é só soltar a imaginação

4. Ler junto

Seu filho adora ouvir a sua voz! Principalmente para crianças pequenas, a leitura compartilhada facilita a concentração e interpretação – além de ser um ótimo momento para ajudar na criação de vínculo! Ler junto também é um bom momento para falar sobre sentimentos, tirar dúvidas e ampliar o vocabulário.

Se não sobra tempo para ler durante o dia, pode ser à noite, antes de dormir, para ajudar a embalar os sonhos dele.

5. Livros infantis com imagens

Busque por livros infantis com imagens, porque isso pode ajudar ainda mais a prender a atenção da criança, além de facilitar a compreensão da historinha em questão.

6. Passeio pela livraria ou biblioteca

O paraíso dos livros! Isso pode ajudar a criança a conhecer um pouquinho de cada universo, explorar as diferentes capas e títulos, além de poder brincar no espaço da criança. Muitas livrarias dispõem de um espaço de “playground” para atrair crianças, com eventos de teatro infantil e contos. É uma programação e tanto!

Com a reabertura gradual do comércio em tempos de pandemia, incentivar a ida às livrarias e bibliotecas é ótimo, e estimular o hábito da leitura é melhor ainda. Mas é preciso manter o distanciamento social, usar máscara e manter as mãos higienizadas. Combinado?

7. Leitura em voz alta

Muitas vezes, ler em voz alta faz com que captemos melhor a mensagem que estamos lendo. Um caminho é incentivar a criança a ler dessa forma de vez em quando – em momentos propícios, é claro.

Essa prática também ajuda no desenvolvimento linguístico da criança.

8. Ler é divertido!

Sabemos que, para uma criança, os adultos são grandes exemplos, né? Se você tem o hábito de ler livros, busque ler em momentos que ele esteja por perto: ou seja, mostre que ler é divertido!

Vendo o quanto você gosta de ler, a criança pode associar a leitura como algo familiar e prazeroso.

Benefícios de iniciar a leitura infantil cedo

São muitos os benefícios de estimular o hábito da leitura desde cedo. Confira alguns:

Inteligência emocional e empatia: através das histórias, a criança aprende a distinguir sentimentos e se coloca no lugar de outros personagens. Veja 6 livros que ajudam a falar sobre emoções com as crianças.

Criatividade: a leitura permite a criação de novos cenários na imaginação infantil.

Passatempo (ou até mesmo um aliado): os livros ajudam a entreter as crianças em momentos de espera, e podem ser levados para qualquer lugar.

Senso crítico: a criança tende a criar opiniões e questionar algumas histórias e personagens. Perceba, é o senso crítico dela se formando! Se seu filho disser que não gosta de algum personagem, pergunte o porquê, para vê-lo construir seus argumentos. Vale até anotar na ficha de leitura para conferir no futuro se as opiniões continua as mesmas ou mudaram.

Aumento do repertório cultural: cada leitura é um conhecimento e aprendizado novo, mesmo que não seja um livro didático.

Afeto: é muito frequente que os leitores se envolvam emocionalmente com alguma trama que estão lendo.

Redução do estresse. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Sussex, do Reino Unido, a leitura pode reduzir os níveis de estresse em 68%.

Vocabulário: os livros estão repletos de palavras novas e figuras de linguagem diferentes das usadas pela família. Isso amplia o repertório da criança e pode ajudar na escrita.

Leitura infantil para cada idade

Ao longo do desenvolvimento da criança, a capacidade de compreensão vai se ampliando, certo? Sendo assim, existem alguns pontos a serem levados em consideração na hora de escolher um livro para cada idade. Vamos conhecer:

Até 2 anos

Para as crianças menores, estimular os sentidos visuais costuma funcionar bem. Invista em livros com bastante cor e contraste, para prender a atenção do bebê.

Ah, e se possível, explore livros com texturas – capa dura, panos – já que nessa idade a criança tende a usar mais o tato.

3 a 6 anos

Nessa etapa, a criança já começa a desenvolver o seu lado verbal e linguístico como um todo, incluindo a escrita. Por isso, já consegue associar também as informações que absorve com seu cotidiano, ajudando em autorreflexões.

Mas, por ainda se tratar de uma fase de desenvolvimento, é importante que você ajude a criança a ler. Se perceber que ela consegue ler e narrar já sozinha o livro, incentive para que, aos poucos, isso se torne um hábito 😊

6 a 8 anos

Elas estão cada vez mais curiosas! Querem saber como surgiu o mundo, de onde vêm os bebês, como ir à lua, de onde vem a banana, entre outras tantas perguntas. Portanto, é uma idade boa para mostrar os livros como fonte de pesquisa e conhecimento – e não só a Internet!

9 e 10 anos

Na faixa dos 9 e 10 anos, os livros infantis mais complexos começam a fazer sentido. Personagens e enredos são melhor compreendidos e reflexões para além das palavras começam a ser formadas.

Dessa maneira, poemas e literaturas podem ser apresentados já à criança – mas, claro, com uma linguagem acessível e sempre questionando se a criança se interessa pela leitura.

Fonte: Ninhos do Brasil

*A base científica dos conteúdos de Ninhos do Brasil é o Índice de Bem-estar do Brasileirinho (IBB): a maior pesquisa sobre saúde e bem-estar das crianças já feita no país, que considera questões nutricionais, fatores sociais, econômicos e emocionais para olhar de forma integral para a saúde das crianças e seus hábitos alimentares.

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'Divórcio grisalho': o crescente fenômeno das separações após décadas de casamento

 Gazeta da Torre

A mexicana Aída Sedano virou celebridade no TikTok. Esta mulher de 76 anos não faz dancinhas da moda nem canta, mas seus vídeos — nos quais conta, por exemplo, como é fazer compras sem o marido — ultrapassaram 3,5 milhões de visualizações.

Mãe de três filhas e avó de seis netos, Sedano se separou do marido americano há nove anos, após quatro décadas de casamento.

"Quando o relacionamento não estiver funcionando mais, deixe o vento soprar e levar os restos do seu caminho. E viva. E comece a viver", disse à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, a dona da conta @aidasedanolaabuela, que tem mais de 115 mil seguidores na rede social.

A frase dela resume o pensamento de muita gente em um momento em que, de uma maneira geral, as pessoas vivem mais e chegam em melhores condições de saúde física e mental a idades que anos atrás eram vistas como avançadas.

A tendência é tão popular que levou pesquisadores americanos como Susan L. Brown a cunhar um termo para o fenômeno: "divórcio grisalho".

O termo costuma se referir ao divórcio de pessoas com 50 anos ou mais que decidem deixar seus parceiros após muitos anos de casamento.

"O divórcio não é mais visto como algo tão estigmatizado como poderia ser no início, parece muito mais normal", explica a psicóloga e escritora Silvia Congost.

"Como o divórcio é mais normalizado, ele também está mais presente nessas idades."

"Além disso, a expectativa de vida está aumentando. Quando chegamos aos 65 anos, temos em média duas décadas de vida pela frente, e se alguém não está feliz, não quer mais se contentar com isso. Sabe que tem mais opções."

De acordo com um estudo de Susan L. Brown, que codirige um centro de pesquisas sobre casamentos e famílias na Universidade Estadual de Bowling Green, nos EUA, o número de divórcios grisalhos dobrou entre 1990 e 2010 no país.

Há uma geração, menos de 10% dos divórcios envolviam cônjuges com mais de 50 anos. Hoje, mais de 25% dos divorciados têm mais de 50 anos.

No Brasil, em 2021, 25,9% das pessoas que tiveram divórcio confirmado na primeira instância da Justiça ou via escritura tinham mais de 50 anos, segundo levantamento da BBC a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2019, o percentual foi ligeiramente menor — 25,2%. A reportagem não conseguiu acesso a dados de anos anteriores com a mesma metodologia.

Ainda de acordo com um relatório do IBGE, em 2021, na data do divórcio, os homens tinha em média 43,6 anos e as mulheres, 40,6 anos de idade.

Enquanto isso, em 2010, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio era de cerca 16 anos. Em 2021, esse intervalo diminuiu para 13,6 anos.

No México, o número de pessoas que se divorciaram com mais de 50 anos aumentou em dez anos, passando dos 10.531 divórcios registrados em 2011 para 28.272 em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI).

Na Espanha, outro exemplo dessa tendência, 34.449 pessoas com mais de 50 anos se divorciaram em 2021, em comparação com as 24.894 registradas em 2013, segundo dados oficiais.

'No tempo que me resta, não quero problemas'

"Quando chega a aposentadoria, cada vez mais casais não querem mais ficar juntos", analisa Sacramento Barbas, mediadora e psicóloga da fundação ATYME, pioneira na implementação de técnicas de mediação na Espanha.

Algumas frases que ela e seus colegas mais ouvem incluem: "no tempo que me resta de vida, não quero ter problemas" e "não reconheço meu companheiro, é como se fosse outra pessoa".

Mas, segundo a psicóloga, "às vezes são os filhos adultos que colocam impedimentos, porque não querem que os pais se separem".

A psicóloga argentina Beatriz Goldberg, especialista em crises individuais, diz que pessoas que passam por divórcios grisalhos muitas vezes entram em novos relacionamentos com expectativas diferentes.

"Tem gente que sente que o novo parceiro é mais para curtir, e o outro era para construir uma família", diz Goldberg, autora do livro Me separé y ahora qué ("Me separei, e agora?", em tradução livre).

A meia-idade é marcada por importantes transições na vida. Os filhos crescem e saem de casa, enquanto as carreiras podem ficar para trás com a aposentadoria.

Sem a rotina diária de cuidar dos filhos e as longas jornadas de trabalho, os cônjuges podem descobrir que têm pouco em comum.

O divórcio grisalho não costuma ocorrer por conta de um acontecimento específico, mas é fruto de um distanciamento, explicam os especialistas.

Além da normalização do divórcio, temos hoje também a valorização da independência das mulheres.

"Nós, mulheres, percebemos que não temos que tolerar certas coisas que nossas avós toleravam. Aquele modelo de família em que um sustenta o outro não é mais tão necessário", explica Silvia Congost.

"Se você não está feliz, sabe que não precisa aguentar mais. O nível de tolerância em alguns casos é menor."

Separação aos 65 anos

Aída Sedano se casou aos 24 anos, mas logo percebeu que casamento não era o que ela pensava.

Trancada em sua casa em Tijuana o dia todo com as filhas e obrigada a parar de trabalhar como professora rural, profissão que amava, ela viu os anos passarem.

A mexicana Aída Sedano

"Eu conversava com minhas tias e dizia que não gostava daquele relacionamento, que ele não vinha para casa, que bebia, que gastava muito. E todo mundo me dizia: Você tem uma casa boa, você tem bons móveis, você se veste bem. Não falta nada", conta ela à BBC News Mundo.

Quando Sedano finalmente se mudou para San Diego com o marido, ela conseguiu voltar para a universidade para estudar pedagogia, aos 45 anos.

"Quando voltei para a universidade foi que comecei a aprender que nós, mulheres, tínhamos direitos, que o mundo havia mudado."

Finalmente, aos 65 anos, ela decidiu deixar o marido — o que ela reconhece ser um caminho "muito difícil".

"A dor chega até à medula óssea."

“Sou uma senhora normal que sofreu e que encontrou nos vídeos uma forma de se conectar, de ter amigos”, diz ela sobre sua conta no TikTok.

Fonte: BBC News Mundo

- divulgação -

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Quem não conseguir utilizar IA como ferramenta terá dificuldade para se manter no mercado

 Gazeta da Torre

O professor Edison Spina, Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais e coordenador do Centro de Estudos de Sociedade e Tecnologia da Escola Politécnica da USP, prevê que a grande maioria das profissões seja afetada pelas tecnologias de inteligência artificial

O desemprego tecnológico caracteriza-se como a perda de emprego gerada pela introdução de novas tecnologias no processo produtivo. Com o maior desenvolvimento das Inteligências Artificiais (IA), diferentes especialistas passaram a analisar o limite desses sistemas e a forma como podem afetar as relações trabalhistas humanas.

Segundo, o professor Edison Spina, esse desemprego tem como característica a falta de preparo do trabalhador para o que está sendo introduzido no mercado, assim, o que costuma acontecer é a substituição desse indivíduo.

Questões

A introdução de novas tecnologias no mercado de trabalho normalmente acontece para trazer um maior número de benefícios a diferentes ocupações. “Ela traz eficiência, ajuda a baratear a produção, aumenta o lucro final, auxilia na criação de novos produtos no mercado, entre outros. Nós temos um histórico muito longo de tecnologias indo para o mercado, mas existem custos para esse processo, pessoas são deixadas no caminho”, explica Spina.

O professor comenta também que as inteligências artificiais apresentaram um avanço muito rápido, fator que provoca fascínio e medo em alguns dos especialistas: “Coisas que esperávamos que fossem ditas por pessoas muito preparadas começam a ser articuladas, e sintetizadas, a partir de um robô. Temos trabalhos escolares e pesquisas científicas sendo preparadas sem erros de português, apesar de não realizarem essas funções como uma pessoa faria”.

A criatividade é outro tópico levantado quando abordamos o uso de tecnologias associadas ao trabalho. Segundo Spina, a IA é capaz de fazer alguns trabalhos criativos, mas é necessário que esteja direcionada, ou seja, as pessoas precisam aprender a fazer as perguntas certas para que funcione da melhor forma. “Eu acredito que é aí que o desemprego irá acontecer, quem não conseguir utilizar novas técnicas como ferramenta não terá a possibilidade de se manter como ferramenta. Eu não pretendo trazer nenhuma solução para essa questão em um horizonte curto”, discorre o professor.

Futuro

É provável que a grande maioria das profissões seja afetada pelas tecnologias de inteligência artificial. Para o especialista, em um primeiro momento, os trabalhos serão impactados ao utilizar essas tecnologias como ferramentas. O professor comentou também que o futuro desses serviços é muito imprevisível: “Há pouco tempo atrás, eu acreditava que as inteligências artificiais eram algo superficial e, em seis meses, a temática assumiu uma escala muito grande, isso porque ela se tornou acessível para todo o mundo. O que teremos daqui para a frente é a sofisticação desses aparelhos. O impacto é, sem dúvidas, crescente”.

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -

domingo, 16 de abril de 2023

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quinta-feira, 13 de abril de 2023

Sobre homicídios e ataques em escolas e creches

 Gazeta da Torre

Por Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP

Pesquisador Bruno Paes (Foto:ESTADÃO)

Apesar de pesquisar e escrever sobre violência há tantos anos, eu reajo como qualquer um diante de tragédias como os assassinatos ocorridos na creche em Blumenau e na escola de São Paulo. Sou dominado pela raiva diante da covardia abjeta e pela sensação de impotência; pelo desejo de encontrar uma solução mágica para que casos como estes nunca mais se repitam. É humanamente intenso: colocamo-nos no lugar dos pais, sentimos uma dor parecida porque pensamos em nossos filhos, e tudo se torna insuportável. Nesses dias, fujo dos noticiários para diminuir o turbilhão de sentimentos deprimentes.

Em algum momento, contudo, precisamos deixar as emoções de lado na tentativa de compreender, com um mínimo de racionalidade, o que pode estar por trás dessa onda de ataques, em toda sua complexidade. É a única maneira de refletirmos sobre as melhores estratégias e políticas públicas para lidar com o problema. As medidas populistas, inevitavelmente, aparecem em momentos de desespero e medo. É compreensível, mas pensar com o fígado não funciona.

Estamos diante de uma série de ocorrências que têm um padrão. Apesar das especificidades de cada caso, existem semelhanças relevantes que indicam causas comuns. São crimes feitos por homens, que agem motivados por uma crença que oferece sentido aos atos odiosos que praticam. São ocorrências que estão crescendo no Brasil e que já ocorrem nos Estados Unidos há mais tempo.

Não se trata de mera loucura. A agressão resulta de uma leitura de mundo compartilhada entre os agressores, disseminada nos ambientes confinados e virtuais nos quais eles se encontram, que vem ampliando um tipo de comportamento que antes era excepcional, mas que atualmente faz a cabeça de certas masculinidades confusas e perdidas. Os próprios crimes podem acionar gatilhos e incentivar imitações, no chamado efeito bocejo, que também acontece nos casos de suicídios, altamente contagiantes.

Essas redes funcionam como seitas, com seus próprios ídolos e bodes expiatórios. Se antes esses esquisitões viviam isolados em seu mundinho, com o surgimento das redes sociais, eles passaram a trocar suas impressões distorcidas da realidade em ambientes virtuais, sentados no sofá de casa, diante de seus computadores ou celulares, sujeitos a serem manipulados. A nova tecnologia das redes e a valorização da agressividade e da revolta pelos algoritmos foram fundamentais para a construção dessas identidades violentas e suicidas.

O senso comum costuma associar violência com irracionalidade, loucura, baixo autocontrole, dificuldade de dialogar. Mas esses atos, quase sempre, são direcionados pelas histórias que ouvimos e contamos sobre a nossa própria realidade. Consensos de cunho moralista definem culpados e inocentes, separam o certo do errado, estabelecem quem deve pagar pelo nosso sofrimento ou desaparecer para que o mundo seja um lugar melhor. Assim, conforme as circunstâncias, a agressividade pode se voltar contra certos alvos, que acusamos como responsáveis pelos nossos infortúnios.

No caso do Brasil, existem diversas motivações e discursos que vêm levando pessoas a se matarem, narrativas que já se formavam bem antes das redes virtuais. São criadas a partir de histórias compartilhadas no contexto em que vivem os assassinos. A maioria dos homicídios nos bairros com as taxas mais elevadas no Brasil, por exemplo, ocorre em ambientes de desordem, em que a justiça formal não chega, repletos de conflitos motivados pela competição em torno do lucro oferecido por um mercado ilegal milionário, entre pessoas armadas, que disputam poder e território à bala.

Essa percepção de desordem produz discursos em defesa dos assassinatos, que se disseminam rapidamente entre aqueles que participam desse meio. Cada homicídio tem potencial de produzir vinganças ininterruptas. As mortes violentas passam a ser justificadas como necessárias para a sobrevivência, criando um universo dividido entre aliados e inimigos. Dessa forma, criam-se justificativas em defesa da morte dos rivais, promovendo um tipo de comportamento contagioso e autodestrutivo. Entrevistei diversos homicidas e eles sempre defendiam as mortes que praticavam, como se as vítimas fossem culpadas.

Com os feminicídios, ocorre lógica parecida. Antigamente, esse tipo de crime era chamado de passional, porque associado à forte emoção do agressor, quase sempre um homem, como se a decisão de matar fosse causada por um apagão racional. Existe, claro, uma dose de destempero e emoção nessas ações, mas a causa determinante decorre de uma leitura tradicional, machista e misógina do mundo, de assassinos que enxergam as vítimas como um objeto em seu poder, que pode ser destruído quando se revela dona de seu próprio destino. A permanência dessas crenças e discursos é uma das causas principais desse comportamento violento, que torna o Brasil um dos países com as taxas mais elevadas de feminicídios, problema que persiste como uma das grandes chagas das famílias brasileiras, já que o trauma desse tipo de assassinato continua causando dores ao longo de gerações.

No caso dos massacres nas escolas, quais são as crenças dos assassinos? Como os discursos são articulados? Como eles se propagam? Qual o significado dessas mortes para os assassinos? Algumas respostas são mais simples do que outras.

Um dos aspectos mais evidentes é o papel das redes sociais na criação do ambiente em que essas crenças e discursos se propagaram. Cada assassino pode ter seus próprios dramas, dores, dificuldades, armas e alvos. Mas a construção do desfecho fatal se potencializa no ambiente virtual. Confinados em suas bolhas de desajustados, pinos redondos em buracos quadrados, seus participantes cozinham seu ódio e articulam ações simbólicas e suicidas capazes de extravasar a raiva que sentem, agredindo o sistema e o mundo, como se quisessem revidar o mal-estar que eles sempre sentiram.

Difícil saber até que ponto essa raiva é real ou forjada nos devaneios dos ambientes virtuais. O massacre nas escolas, nesse sentido, seria uma espécie de vingança. Outra coisa é certa: o prêmio buscado pelos assassinos é ser lembrado como o herói dos renegados, conquistando fama e respeito entre seus iguais. Mais ou menos como os homens-bombas que não se importam com a própria morte, porque serão premiados na eternidade.

Esse tipo de ambiente cultural violento, que invadiu o cotidiano e também a política, passou a crescer e a se diversificar por causa das redes socais. A tecnologia juntou iguais, para o bem e para o mal, premiando os excessos em detrimento da moderação; ressuscitou ideias nazistas, racistas, homofóbicas etc. Os estragos ficam pelo caminho. Bolhas passaram a brigar umas com as outras, cada qual com seu pacote de verdades. A comunicação e a cultura começaram a gravitar em torno desses conflitos entre as bolhas, prejudicando o ambiente do diálogo, fundamental para a qualidade das políticas públicas.

Parece óbvio, mas a solução terá que passar pela regulação das redes. A sociedade civil e as instituições precisam pensar em formas de retomar o controle cultural da sociedade, escapando dos dispositivos que transformaram a vida numa arena de gladiadores lutando em defesa de suas verdades. É preciso encontrar meios para mediar a ação dos algoritmos, que garantem mais lucros a suas empresas quanto maior a intensidade dos conflitos entre seus participantes. Teorias conspiratórias, um mundo dividido entre vilões e mocinhos, o medo de uma ameaça invisível, o apocalipse, a necessidade de encontrar culpados. Nossas conversas e preocupações se voltaram para a realidade ficcional dos ambientes virtuais e a esfera pública se tornou um ambiente sufocante.

Os massacres nas escolas são apenas um dos efeitos dessa nova condição comunicacional e cultural. Os grandes conglomerados de tecnologia, que lucram com a propagação da violência e da incivilidade, devem assumir a responsabilidade sobre esses problemas que ajudaram a criar e que os tornam tão ricos e poderosos. Mas será que a sociedade civil e os governos encontrarão meios para levar essas empresas a abrir mão de tamanho poder? Não sei. A discussão já está posta, com diversos especialistas pensando em como pacificar a guerra das bolhas nas redes, controlar os discursos que fazem apologia ao crime, sem prejudicar a liberdade de expressão. Não que seja simples. Será que existem formas de desmontar essa engrenagem que produz discursos de ódio contra nós mesmos? Será que os conflitos são necessários para dar sentido a vidas cada vez mais vazias? Também não sei, mas o que nos resta é acreditar na capacidade da humanidade de sair das armadilhas que cria para si.

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Dança do Ventre

Sandra Pernambuco Escola Internacional de Ballet

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