quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Brasil, um cenário para 2033

 Gazeta da Torre

Para se construir cenários sobre a economia brasileira para os próximos dez anos deve-se considerar a evolução das principais tendências de longo prazo e reconhecer que são inevitáveis os erros e as surpresas no ambiente incerto, complexo e rico em que vivemos. Mas este horizonte é longo o suficiente para observar alguns desdobramentos de tendências em curso.

Do ponto de vista macroeconômico, os próximos anos não deverão apresentar um forte crescimento da economia mundial e o Brasil não deverá ter desempenho superior. O volume de investimento do País é muito baixo, a elevação recente da taxa de inflação e da taxa de juros, os desarranjos da estrutura produtiva local decorrentes da pandemia e da instabilidade política são fatores que impedem um crescimento mais elevado, mesmo dispondo de contas externas relativamente folgadas, mantida a continuidade do superciclo das commodities.

A eleição presidencial de 2022 é o fator mais importante para estabelecer os rumos do País. Os resultados da eleição devem definir os principais caminhos a serem seguidos, podendo acentuar as tendências “liberais” do atual governo, que apresenta forte descaso com a agenda de meio ambiente e a ciência, procura reduzir de forma geral a presença do Estado na economia, especialmente na educação e na saúde, bem como diminuir os gastos nas áreas de ciência e tecnologia. A outra alternativa política que se apresenta viável eleitoralmente no momento, embora haja pouca explicitação de suas ideias e projetos, sua história indica que deve seguir um modelo de economia mais próximo ao bem-estar, deve procurar recuperar os esforços na área do ensino e da pesquisa, contrapondo-se à maioria das propostas apresentadas pelo grupo político que atualmente conduz o País. A busca dos votos dos mais pobres pode significar um apoio aos gastos sociais nas duas vertentes políticas. Entretanto, como as dificuldades da economia deverão permanecer por um bom tempo ainda, os anos “virtuosos” do crescimento e geração de empregos deverão demorar.

Nessas condições, os fatores estruturais, como o baixo crescimento populacional, o envelhecimento da população, a urbanização, a lenta evolução da nossa precária educação, a baixa difusão das novas tecnologias, os reduzidos investimentos em Ciência e Tecnologia e Pesquisa e Desenvolvimento e, dada a manutenção dos atuais padrões de inserção internacional, aponta-se para uma performance geral decepcionante, não muito distinta daquela apresentada nas duas últimas décadas.

Dessa forma, os fatores básicos de crescimento e modernização estarão fortemente associados à mudança tecnológica, especialmente às inovações disruptivas associadas à tecnologia da informação e seus desdobramentos, como a inteligência artificial e a internet das coisas, a biotecnologia, os novos materiais e as novas formas de estocar energia, assim como a difusão dessas tecnologias no aparato produtivo. Provavelmente estaremos longe da estagnação tecnológica, dada a alta rentabilidade dos investimentos nessas áreas e também distantes de grandes surtos de crescimento e modernização do passado. A competição internacional e o avanço dessas tecnologias deverão ser poderosos o suficiente para promover importantes ganhos de produtividade e reestruturações produtivas nos nossos setores industrial, agrícola, financeiro, automobilístico, saúde, educação, comércio, transporte e entretenimento, mas não bastarão para gerar um volume de investimentos que nos afaste do insuficiente desempenho da economia.

O surto da covid-19 é um exemplo claro de que surpresas, mesmo as mais graves, podem ocorrer. Os desafios de encontrar respostas rápidas e efetivas, neste caso, levaram a uma extraordinária mobilização de recursos para enfrentar a crise. O conhecimento científico e tecnológico pôde ser acionado e ocorreram respostas muito significativas, como o desenvolvimento de vacinas, em prazo muito curto. Os conhecimentos acumulados, inclusive no controle social da difusão do vírus, puderam ser articulados em prazos relativamente curtos. Mesmo contando com esses recursos, a pandemia não se esgotou e terá desdobramentos significativos por muitos anos ainda, no Brasil e no mundo. Os impactos dessa crise nas normas sanitárias, nos avanços da digitalização da educação, da saúde, do transporte, do comércio, das finanças, do entretenimento e da cultura já deixaram marcas profundas que ainda não estão completamente definidas. As próprias condições do trabalho, especialmente nas fábricas e escritórios, também sofrerão modificações profundas.

Considerando o conjunto desses elementos, novas tendências positivas poderão ganhar força, como as exigências de maior cuidado com o meio ambiente e maior pressão para que se reduzam as parcelas da população com nível de renda extremamente baixo. Os aspectos sociais relacionados ao fortalecimento da democracia também podem prosperar.

As forças da competição capitalista seguem como as determinantes principais das trajetórias tecnológicas das sociedades e os seus resultados podem ser francamente positivos ou negativos. O controle desses processos por parte da sociedade e das autoridades políticas se impõe. A cautela exige que se preservem os conhecimentos acumulados em todas as áreas. Não há outra alternativa.

Fonte: Jornal da USP

sábado, 25 de dezembro de 2021

Lembre-se dos pobres, diz Papa Francisco ao celebrar Missa do Galo

 Gazeta da Torre

Em discurso durante a Missa do Galo, nesta sexta-feira, 24, o Papa Francisco disse que as pessoas indiferentes aos pobres ofendem a Deus e pediu a todos que “olhem além das luzes e das decorações” e se lembrem dos mais necessitados.

Vivendo o nono Natal de seu pontificado, o Papa celebrou uma missa solene de vigília na Basílica de São Pedro para cerca de 2.000 pessoas, com participação restrita pela Covid-19 a cerca de um quinto do tamanho visto nos anos pré-pandêmicos.

Francisco, vestido de branco, fez sua homilia em torno do argumento de que Jesus nasceu sem nada. “Irmãos e irmãs, diante do presépio, contemplamos o que é central, além de todas as luzes e enfeites, que são lindos. Contemplamos a criança”, afirmou ele na missa celebrada em conjunto com mais de 200 cardeais, bispos e padres. Todos, exceto ele, usavam máscaras.

Fonte: Veja I Vatican Pool/Getty Images.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Cuidar da sua saúde financeira é cuidar de você e da sua família

 Gazeta da Torre

Meu querido amigo, minha querida amiga que encontro aqui na Gazeta da Torre, o tempo passa, mas a verdade é que falar de dinheiro continua sendo tabu para muitas pessoas e famílias, mas você pode mudar isso, mesmo que aos poucos, é importante começar. Você certamente já escutou de alguém próximo algo relacionado à discussão na família ou casal por motivos financeiros, ou até mesmo já viveu isso de forma direta. Ouvimos falar de saúde mental, saúde física, saúde emocional, mas muitas pessoas ainda não conectam o impacto das finanças na saúde como um todo. Em alguns casos, até se conversa sobre o tema, mas não da maneira mais adequada, e muitos só falam do assunto quando a “bomba estoura”, aí já vem com um peso emocional maior e com o foco em remediar a situação. Sem dúvidas, vale o foco e os cuidados preventivos a fim de buscar um maior equilíbrio e tranquilidade.

A verdade é que cuidar das finanças é tão importante quanto cuidar do corpo e da mente. Acredito que a nossa vida é feita de alguns pilares: familiar / social, profissional (técnico), espiritual (independente de crenças e religiões) e por fim o pilar da saúde, onde está incluída a saúde financeira. Todos esses âmbitos se interligam e funcionam como uma engrenagem. Dificilmente, conseguimos nos manter 100% em todos eles, todo o tempo. O mais inteligente é buscar o equilíbrio (sempre ele), e ao perceber a falta disso em algum pilar, focar um pouco mais no que está merecendo essa atenção.

Quando digo que esses pilares funcionam como uma engrenagem, significa que se você está com as finanças bagunçadas, fechando o mês no vermelho, talvez não consiga garantir com tranquilidade as necessidades básicas para a sua família. Essa situação pode gerar uma preocupação e, com isso, tensão nas relações familiares, sociais, e você talvez não vá render como gostaria no trabalho. O resultado disso pode ser catastrófico, ladeira abaixo. Percebe que uma coisa puxa a outra?

A American Psychological Association (APA), aponta o dinheiro como uma das principais causas de estresse da maioria das pessoas no mundo. Ele também está entre as principais causas de divórcio no mundo, no topo junto com infidelidade. E no Brasil não é diferente, o dinheiro está sempre ali também, e não termina relacionamentos só na sua falta, muitas vezes na abundância também. A falta de alinhamento no casal pode fazer com que as coisas desandem independente do cenário. Ou seja, cuidar do dinheiro é cuidar da sua família, da sua mente, da sua profissão. Ter educação financeira é uma forma de cuidar de você, do seu presente e do seu futuro!

Dedicar tempo para as finanças é essencial, e não precisa ser muito, mas o suficiente para começar a virar o jogo, alcançar metas e objetivos. Se você dedicar 40 minutos por semana, ou seja, menos de 1% do mês, já consegue ver um impacto positivo. Observe que isso é muito menos do que a maioria das pessoas passam por dia no WhatsApp e Instagram por exemplo. E para que esses 40 minutinhos por semana? Inicialmente, para você mapear, entender melhor as suas despesas, semanalmente analisar o seu extrato bancário, a fatura do cartão, ligar para negociar pacotes de tv a cabo, internet e celular por exemplo, e pouco a pouco você vai tomando pé e organizando as coisas, tendo o controle de suas finanças. Claro, quanto mais dedicação, mais rápida é a mudança.

Mas defendo sempre que a direção é mais importante do que a velocidade para uma mudança sólida e consistente.

Não tenha pressa, mas tenha atitude. Entenda a sua real situação financeira, seja numa fase de endividamento, equilíbrio ou poupança. Independente do nível que você se encontra hoje, tem sempre o que cuidar melhor, aprender, evoluir. Se você está endividado, é hora de ter clareza dos débitos, criar estratégias para quitar as dívidas, entender o que pode otimizar do orçamento, aliás, você tem um orçamento mensal? Caso não, a planilha que disponibilizo no meu Instagram personalfinanceiro pode te ajudar bastante.

Se está numa fase de equilíbrio, ou seja, não deve, mas também não poupa porque gasta tudo o que ganha, o ideal é correr atrás de adequar melhor o padrão de vida, enxugar o orçamento para passar a poupar e muito em breve investir. É isso que vai te permitir realizar sonhos e objetivos. Quem já consegue poupar (ainda a minoria dos brasileiros), pode mergulhar em conhecimento para investir melhor, para que as economias tenham uma performance mais eficaz de acordo com o perfil e objetivos.

Não faça nada disso sozinho, envolva a sua família, as pessoas que compartilham o dia a dia com você. É importante que todos “remem” na mesma direção. Cuidar da saúde financeira da família é cuidar de você! E não se engane: dinheiro está muito mais associado à mente do que ao bolso. Não é sobre quanto você ganha por mês, é sobre a forma que você gere. Educação, de maneira geral, é baseada em hábitos, comportamento. Não somente números, você deve mudar as suas atitudes, a sua mentalidade e agir!

Conte comigo para buscar essa virada, no endividamento ou nos investimentos, e assim, cuidar melhor da sua saúde financeira!

Vamos em frente!

https://www.instagram.com/personalfinanceiro/channel/

Recife dá início à primeira Parceria Público Privada do Brasil para estimular a habitação no Centro

 Gazeta da Torre

Marco Zero - Recife/PE

O Recife deu a largada, na terça-feira (21), para a primeira Parceria Público-Privada (PPP) do Brasil voltada à Locação Social. O objetivo é ofertar, no mínimo, 450 unidades habitacionais prioritariamente na área central da cidade, voltadas para famílias com renda máxima de três salários mínimos. A proposta considera a Locação Social como mais uma alternativa de acesso à moradia digna e vê a habitação como um dos elementos estruturadores da requalificação urbana do Centro. O lançamento foi feito pelo prefeito João Campos e pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, além de representantes da Caixa Econômica Federal. Na ocasião, eles assinaram a contratação dos estudos de viabilidade para esta PPP.

A parceria entre a Prefeitura do Recife, a Caixa Econômica Federal, por meio do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), e o Ministério do Desenvolvimento Regional, tem o objetivo de garantir a contratação dos estudos de viabilidade da PPP, que definirão o melhor caminho para sua implantação. “Nós assinamos hoje a contratação do primeiro estudo do Brasil para uma PPP de Aluguel Social. Com esse estudo, a gente vai ter oportunidade de entender qual é o formato adequado para o Recife. O setor privado vai construir a habitação e ela vai ser colocada à disposição para aluguel dos recifenses, com a Prefeitura bancando parte do aluguel. E o foco inicial será no centro da cidade, onde já implantamos o Recentro para gerenciar toda a localidade”, detalhou João Campos.

“Imagine, por exemplo, se há um imóvel que vai ser alugado por 600 reais por mês. A família está cadastrada no CADÚnico e tem uma renda menor do que três salários mínimos. Então, com isso, ela pode se habilitar para esse aluguel e, em vez de ela pagar 600 reais, paga 300 e a Prefeitura para os outros 300. É um modelo novo, que não existe no Recife, mas é utilizado na Europa, por exemplo, nos Estados Unidos, e há um modelo parecido também em São Paulo”, explicou o prefeito. A Parceria Público Privada integra o Recentro, programa para revitalização do Centro lançado em novembro pelo prefeito João Campos. Os imóveis que serão objeto dos estudos - todos públicos - estão localizados prioritariamente nos bairros de Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga. A ideia é definir a vocação de cada um e apontar a melhor forma de atrair a iniciativa privada para o processo, que envolverá a requalificação das unidades já existentes e a construção de novos empreendimentos, tendo sempre em vista seu uso para Locação Social.

Para o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o modelo que será iniciado no Recife poderá ser replicado em outras cidades do país posteriormente. “O projeto que foi apresentado pela Prefeitura do Recife é bem consistente. A equipe técnica fez um belo trabalho, junto com nossos assessores. Então, nós esperamos que brevemente o Recife possa traduzir essa nossa vontade, essa nossa disposição, em um modelo que possa ser replicado em outras capitais brasileiras, outras cidades. A nossa expectativa é que a gente dê velocidade nessa tratativa”, disse ele. Os estudos de viabilidade são divididos em quatro grandes blocos temáticos: Planejamento e Gestão do projeto; Jurídico-Institucional; Técnico-Operacional; e Econômico-Financeiro. Eles serão financiados pela Caixa Econômica Federal, através do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP Caixa), e deverão durar cerca de 12 meses.

A modalidade, utilizada há muitos anos em diversos países da União Europeia, consiste na oferta de unidades habitacionais para aluguel, por parte do Poder Público, com valores subsidiados, para a população de baixa renda. A ideia da PPP é minimizar o comprometimento da renda familiar para evitar o ônus excessivo com aluguel (um dos principais componentes do déficit habitacional no Brasil), que ocorre quando a família precisa gastar mais de 30% da renda com a moradia. Os eixos de atuação da proposta são Urbanização, Regularização Fundiária e Melhorias; Produção Subsidiada e Financiada; Desenvolvimento Institucional e Locação Social.

O diferencial desta modalidade de contrato é que os estudos técnicos não vão gerar ônus e/ou despesas aos cofres públicos do Recife. No entanto, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Habitação (Sehab), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) e da Secretaria Executiva de Parcerias Estratégicas (Sepe), está lado a lado com o time de consultores e especialistas, juntamente com técnicos dos Ministérios da Economia e de Desenvolvimento Regional, que vai coordenar os levantamentos, gerenciar as atividades e fornecer informações complementares aos especialistas e à consultoria. A empresa concessionária que vencer a licitação da PPP ficará responsável por ressarcir todo o valor dos estudos à Caixa Econômica.

“A Caixa Econômica Federal vai ficar responsável pela contratação e a gente acredita que é o melhor parceiro, melhor agente financeiro para a política de habitação, por toda a experiência que tem. Dentro desse estudo de PPP, que é um estudo longo e muito detalhado, vai gerar vários cenários e que vai dizer se a concessão vai ser de 15 ou 20 anos, por exemplo. Vai ser um estudo jurídico e financeiro, uma estruturação para a gente ver qual o melhor caminho para o Recife no programa de locação social”, comentou a secretária de Habitação do Recife, Maria Eduarda Médicis. Com o edital de licitação para a PPP estruturado, o projeto será colocado em consulta pública e encaminhado para apreciação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Vencidas essas etapas, será lançado o edital de concessão, com perspectiva de assinatura do contrato em 2023.

“É uma inovação na política de habitação, porque o Brasil ainda não tinha unido locação social com PPP. A gente acredita muito nesse projeto como modelo a ser seguido e é mais uma solução na área de habitação. Escolhemos como projeto-piloto o Centro da cidade por acreditar no potencial e ser uma área de confluência de várias vontades de atuação. Tem um patrimônio edificado considerável que está subutilizado e a gente resolveu fazer o piloto delimitando o centro”, finalizou ela. Na PPP, o parceiro privado deverá ser o responsável pelos serviços de manutenção predial e gestão condominial, patrimonial, além dos aluguéis. A proposta quer ainda incentivar o uso misto nos imóveis, incluindo habitação, comércio e equipamentos sociais, estimulando o conceito de “fachada ativa”, que permite maior interação entre o espaço privado de uma edificação e a calçada.

CONCESSÃO - Ainda nesta terça (21), em seu gabinete, o prefeito João Campos recebeu o superintendente em Pernambuco da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Jorge Luiz de Mello Araújo. O encontro serviu para a assinatura de um termo de cessão de um terreno da União para o município, na comunidade do Pilar, Bairro do Recife. O terreno é onde foi construído o Habitacional do Pilar e vai permitir a regularização da documentação dos moradores do residencial. “A gente está regularizando uma situação que já existe no terreno. A próxima etapa será a titularização dos imóveis. Sem a assinatura do contrato, não há titularização. Então é o primeiro passo para a gente chegar a esse objetivo final e a pessoa que está ocupando sair com o documento do imóvel embaixo do braço”, destacou o superintendente.

Fonte: Prefeitura do Recife

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Vai sair de férias? Confira 10 dicas para descansar seu cérebro nas próximas semanas

 Gazeta da Torre

Há quem esteja na contagem regressiva para as férias e há quem nem veja ela no horizonte. De um jeito ou de outro, de alguma forma nosso corpo parece entender que um novo ciclo está perto de começar e, para tanto, pede que o ritmo seja diminuído.

Por que eu fico mais feliz nas férias?

Segundo Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro, o cérebro humano vive em um eterno dilema entre a rotina e a novidade. “Ao mesmo tempo que a rotina favorece os cuidados com a saúde e a produtividade no trabalho, temos horror de imaginar a possibilidade de viver dias completamente iguais para sempre. Desejamos as novidades e sempre queremos saber qual o próximo assunto, o próximo aparelho a ser lançado, a próxima série..., mas também não queremos um dia acordar e ver que tudo está diferente”, explicou.

Ainda segundo a especialista, quando proporcionamos um período de descanso ou algo novo para o nosso cérebro – como conversar com outras pessoas e visitar lugares, satisfazemos a aptidão natural exploratória do cérebro, causando assim prazer e bem estar, já que esses são comportamentos alinhados à nossa necessidade de sobrevivência. “Isso gera repertório de vivências - favorecendo a neuroplasticidade - e facilita que direcionemos o foco de atenção para o momento presente, por isso é tão importante fazer algo novo nas férias”, explicou.

Férias de dez dias... será que funciona?

Com as mudanças na lei trabalhista, o trabalhador em regime CLT pode hoje “fatiar” suas férias, negociando os dias diretamente com a empresa. Embora a condição facilite, em muitos casos, o planejamento da empresa e do trabalhador, para o nosso descanso férias curtas demais podem não ser uma boa opção. “10 dias de férias podem ser incríveis ou podem não valer de nada. Isso depende muito das escolhas feitas sobre o que fazer neste período, afinal, o tempo é relativo! Se eu tiro 10 dias de férias, passo 5 dias fazendo faxina e os outros 5 sentada olhando redes sociais, vou voltar a trabalhar sem ter descansado. Mas posso dividir o tempo entre a faxina e uma visita aos amigos, posso dormir um pouco mais e me exercitar, posso buscar uma atividade divertida e diferente que esteja dentro do orçamento, posso passar um fim de semana na montanha ou perto do mar. Tudo isso faz a diferença porque o que dará a sensação de descanso é o quanto você estimulou áreas do cérebro diferentes e desligou as preocupações convencionais”, alertou a especialista.

Sejam dez ou trinta dias de férias: agora você já sabe que as escolhas que você faz no seu período de descanso são decisivas para retomar as atividades com mais motivação e energia. Se você vai descansar nos próximos dias, confira dez dicas para aproveitar melhor este período:

1. Escolha uma nova atividade diferente o suficiente para que se sinta totalmente fora da zona de conforto. Este é um ótimo jeito de alimentar o cérebro de novas perspectivas. Se você trabalha com números e computadores, vá experimentar esculpir ou patinar, trabalhe habilidades esquecidas!

2. Escolha coisas divertidas e deixe a criança interna extravasar. Relembre atividades que te divertiam antigamente, ou descubra outras diferentes, a diversão tem um poder imenso sobre o pensamento associativo e a criatividade.

3. Planeje momentos das férias para fazer nada, exatamente nada. Apenas ficar na rede, ou no seu sofá preferido deixando a mente divagar livre e quem sabe um cochilo sem despertador. Momentos de relaxamento vão reduzir todos os hormônios que aumentam os riscos de doenças cardíacas!

4. Aproveite para esquecer o som do despertador, mas não se perca totalmente, uma rotina básica de sono e alimentação vão reforçar a saúde e facilitar o processo do retorno ao trabalho!

5. Explore as atividades coletivas e, de preferência, divertidas! Jogos em família ou com amigos são excelentes oportunidades de atualizar a conversa e fortalecer vínculos afetivos essenciais para a saúde.

6. Explore a própria cidade, quais lugares você sempre diz que gostaria de ir um dia e nunca tem tempo? Um parque, um museu, uma biblioteca, um cinema diferente.

7. Passe muitos momentos mais próximo de ambientes naturais, com muito verde. As poluições visuais e atmosféricas das cidades funcionam como estressores ambientais, por isso “fugir para a roça” é importante nas férias. Um estudo recente mostrou que duas horas por semana na natureza impactam o bem-estar, o humor e diminuem os sintomas de depressão, ansiedade e estresse.

8. Se movimente! Corpo e mente são um só, os exercícios físicos são capazes de restaurar o equilíbrio metabólico do seu corpo, melhora o sistema imunológico e isso se reflete na saúde do cérebro.

9. Faça novas amizades, seja em eventos sociais ou no passeio no parque. Ouvir novos assuntos e pontos de vista diferentes, mesmo que você não concorde, vão enriquecer sua visão crítica de mundo. Fazer parte de ações voluntárias e beneficentes também são válidas para ampliar a visão de mundo, além das boas sensações ao ajudar as pessoas.

10. Aproveite a companhia dos animais. Se você tem um Pet, se dedique a momentos divertidos com ele, isso estimula seu sistema límbico aumentando a sensação de segurança, afeto e autoestima. Se não tem um Pet, que tal visitar alguma instituição de proteção animal e auxiliá-los de alguma forma?

BOAS FÉRIAS!

Para reflexão:

Aquele que não luta pelo futuro que quer, tem de aceitar o futuro que vier.

“Autor desconhecido”

Você sabia:

As rugas do cérebro, chamadas de Gyri, aumentam sua área, permitindo que armazenemos mais memória.

Resposta do desafio de Novembro:

Qual o nome do animal que começa pela fruta e termina pela marcha?

Resposta:  JACARÉ

Desafio de Dezembro:

Dois côcos caíram de cima do pinheiro. Qual caiu primeiro?

Resposta na próxima edição.

Serviço:

Método Supera - Ginástica para o Cérebro

Responsável Técnica: Idalina Assunção (Psicóloga, CRP 02-4270)

Unidade Madalena

Rua Real da Torre, 1036. Madalena, Recife.

Telefone: (81) 3236-2907

Unidade Boa Viagem

Telefone: (81) 30331695

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

LOOKS DE FESTA PARA TODAS AS OCASIÕES

 Gazeta da Torre

Imagem:Dispay Brasil

Já estamos no mês de dezembro, e junto com o final do ano seguem festas, encontros para comemorar com muito estilo a época da luz! 

As apostas são infinitas, mas o que vai contar mesmo na escolha do look é o local onde a data será comemorada. 

Não esqueça: Todo o visual deve estar de acordo com o ambiente.

Para não ter dúvidas na hora de escolher suas peças a nossa Consultora de Imagem e Estilo Fatima Fradique, listou alguns looks e inspiração para cada ocasião. 

Vale apena conferir!

1) LOOK : VESTIDO CORAL COM SAIA PLISSADA

Image: Shein

O  coral é uma das vedetes do verão. É lindo e ilumina apele. O look aqui mostrado  é um lindo vestido na cor cora, tem como destaque saia plissada, cintura marcada e alcinhas. Tudo isso valorizando a silhueta. Eis ai uma boa aposta para festas em noites quentes.

2) LOOK:  VESTIDO TUBINHO- RENDA AZUL

Imagem: Estrela Evangélica

O vestido tubinho além de ser um famoso clássico ele também é considerado atemporal e democrático. Um dos grandes ícones da moda e que toda mulher deveria ter um em seu closet. Portanto esse é um dos modelos de vestido mais indicado para mulheres com estilo refinado. Essa peça valoriza as curvas femininas com charme e muito estilo. Com ela você arrasa em qualquer evento!

3) LOOK:  MACACÃO PANTALONA – BORDÔ PLUS SIZE

Imagem: Mundo Plus Size

Macacão, peça única que toda mulher deveria ter no seu closet. O look aqui mostrado é um macacão pantalona com alças, na cor bordô. Mas o destaque fica por  conta  do decote transpassado com alças, elástico no decote e costas, na cintura uma amarração que valoriza a silhueta da mulher plus size. Vale apena investir!

4) LOOK : FIM DE ANO PRAIA – VESTIDO BRANCO- LESE

Imagem: Divino Charme

Se o seu destino é praia, que tal apostar em um lindo vestido branco (seja ele curto ou longo) o looks aqui mostrado é um Lino vestido em lese , que tem como destaque alcinhas, cintura marcada e decote V, tudo isso  valoriza e equilibra a  silueta deixando-a sensual na medida certa. Rasteirinhas e espadrilhes complementam a produção com conforto e muito estilo.

“ O NATAL DOS SONHOS É AQUELE QUE VOCE REALIZA NO ESPÍTO, SENTE NO CORAÇÃO E PARTILHA NA SOLIRIEDADE.”  (Papa Francisco).

Desejo a todas ( os ) vocês, um Feliz Natal e Um Ano Novo repleto de realizações.

Facebook  https://www.facebook.com/people/Fatima-Fradique/100009490620219/

Instagram https://www.instagram.com/fatima_fradiquecrc/?hl=en

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Cúrcuma, casca de banana e carvão ativado são ineficazes para clareamento dental, comprova estudo

 Gazeta da Torre

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP traz evidências científicas de que produtos como cúrcuma, casca de banana e carvão ativado, indicados na internet como opções caseiras para clareamento dental, são ineficazes para este fim, além de provocarem prejuízos significativos aos dentes.

A “cúrcuma e a casca da banana podem causar certo amarelamento da cor dos dentes”, sobretudo após maior tempo de utilização “devido à própria composição desses materiais”, conta Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza, professora do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Forp e orientadora do estudo. Já o carvão ativado, quando utilizado para escovação, pode provocar “efeito adverso muito importante, que é um aumento drástico da rugosidade desse dente”, o que leva ao seu enfraquecimento, desgaste de esmalte, maior “retenção de resíduos alimentares” e manchas ao longo do tempo de uso, informa a especialista.

Para verificar a possível relação entre a duração do uso dos materiais caseiros e seus resultados, os pesquisadores realizaram simulação de escovação no Laboratório de Pesquisa Prof. Dr. Heitor Panzeri, do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Forp, considerando as “propriedades óticas e superficiais” do esmalte dentário, como a cor e o brilho dos dentes, além da rugosidade. Com o carvão ativado, por exemplo, os especialistas simularam 14 dias de escovação, período de uso indicado na internet, e outros 30 dias. Com isso, identificaram intenso desgaste dos dentes após maior período de utilização do produto.

Em comparação com a cúrcuma, a casca de banana e o carvão ativado, os especialistas também testaram, no mesmo estudo, um clareador odontológico, prescrito somente por cirurgião-dentista, para ser usado em casa. Os resultados deixam evidente que nenhum dos produtos caseiros testados “mostrou efeito clareador sobre os dentes”, assegura a pesquisadora.

Orientar a população

O estudo realizado em 2020 e 2021, intitulado Eficiência do clareamento e clareadores caseiros populares no esmalte dental, é parte do mestrado de Carla Roberta Oliveira Maciel, aluna do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Oral. Para Carla, a importância da pesquisa está em “orientar a população com relação aos produtos disseminados nas mídias sociais, que, muitas vezes, não passam por testes laboratoriais e clínicos que possam garantir a eficácia e segurança de uso”, afirma.

A pesquisadora ainda cita possível “hipersensibilidade dentinária e aumento do risco de cárie”, ocasionados por esses produtos, e alerta: “Antes de aderir às técnicas disseminadas nas mídias sociais, consulte as opiniões de profissionais habilitados que, neste caso, são os cirurgiões dentistas”. Um artigo sobre o tema deve ser publicado em breve.

Mais informações: e-mail  ferpanzeri@usp.br , com a professora Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza

Fonte: Jornal da USP

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Bisbilhotar nas redes: quando é perigoso e como parar

 Gazeta da Torre

Uma pesquisa realizada pela empresa de cibersegurança NortonLifeLock com mais de 2.000 adultos escolhidos aleatoriamente descobriu que praticamente metade (46 %) havia stalkeado ou bisbilhotado online seus parceiros —atuais, passados ou potenciais— sem seu conhecimento e, muito menos, seu consentimento. Um de cada dez foi ainda mais longe e admitiu ter criado um perfil falso nas redes sociais para poder espionar as mesmas pessoas, mas reduzindo ao máximo a possibilidade de ser descoberto.

Em maior ou menor medida, não há usuário da Internet que não tenha navegado nas águas perigosas que separam a inevitável curiosidade do assédio quase criminoso. A prática de bisbilhotar inocentemente online é chamada de snooping, e muita gente considera até recomendável garantir —com uma busca rápida do Google— que a pessoa com quem vamos nos encontrar após conversar pelo Tinder é quem diz ser.

No entanto, também há certo consenso sobre os limites que não devem ser ultrapassados, tanto legais como emocionais. Embora os que mais nos preocupam (e nos freiam) sejam os do primeiro tipo, a verdade é que, se queremos cuidar da nossa saúde mental, devemos saber conter esses impulsos detetivescos quando eles nos fazem mal. E, acreditemos ou não, podem nos prejudicar mais de que imaginamos. E não, não se trata apenas de evitar ser pego. Se você busca truques para isso, está lendo o artigo errado.

O que você sente não é amor

María Magdalena Orosan, psicóloga do TherapyChat, é especialista em terapia de casal, transtornos de personalidade e violência de gênero. Embora reconheça que “não é nada fora do comum pesquisar sobre alguém que você está começando a conhecer nas redes sociais”, ela alerta: “O momento em que devemos começar a nos preocupar é precisamente quando nossa vontade de saber se transforma em necessidade. Ter curiosidade sobre algo não é o mesmo que não conseguir aguentar a ansiedade derivada de querer saber mais. Quando isto acontece, torna-se uma obsessão e, se retroalimentamos essa obsessão buscando informações continuamente, nós a transformamos em compulsão. Desse modo, quanto mais ficamos obcecados com essa ideia, maior a probabilidade de entrar no ciclo vicioso de buscar uma e outra vez, e quanto mais buscamos, menos aguentamos não saber”.

A psicóloga especialista em conflitos emocionais Sheila Estévez Vallejo concorda com essas observações, acrescentando que “o importante é detectar se estamos exagerando na atenção que dedicamos a isso, já que podemos chegar ao extremo de esquecer do mundo e ficar preso nessa busca”. Segundo ela, “o sinal de que talvez estejamos nos excedendo é quando estamos tão fixados em um assunto que isso nos faz sofrer; quando isso ocorre, internamente só nos preocupamos em saber mais e mais, o que leva inevitavelmente a tirar conclusões e construir uma realidade paralela àquela em que vivemos”.

Por que stalkeamos? Uma verdade incômoda

Dizer que fazemos isso por puro tédio pode servir como desculpa diante dos seus amigos, mas, como Sheila Estévez explica ao EL PAÍS, “o que fazemos quando estamos entediados também revela aquilo que já existe em nós, para o bem e para o mal”. Segundo a psicóloga, “a necessidade de ter algo sob controle nasce do medo, da insegurança e da falta de autoconfiança; isso faz com que surjam as comparações e nos leva a perder a segurança e o próprio equilíbrio interior”.

Orosan acrescenta que “essa conduta pode ser alimentada por más experiências anteriores, levando-nos a desconfiar do nosso parceiro e a ter essa necessidade de controlar o que ele faz”.

Suas vítimas preferidas (spoiler: nem sempre é seu parceiro)

Quem já sucumbiu a esse tipo de curiosidade não muito saudável sabe bem quais são os alvos mais comuns dessas buscas em profundidade: nossos parceiros (presentes ou passados) e os parceiros deles (presentes ou passados). E não necessariamente nessa ordem.

Se sua autoflagelação favorita é se comparar com a ex-relação de seu parceiro, ou com a relação atual de seu ex, Sheila Estévez quer lembrá-lo de uma coisa: “Devemos ter sempre claro que as redes são o espelho menos real de nós mesmos, há um mundo de distância entre o que elas mostram e o que é verdadeiro, embora no calor da situação seja difícil ter consciência disso e acabemos vendo somente as virtudes de outras pessoas; portanto, para equilibrar nossa perspectiva precisamos ter consciência de que a realidade completa tem uma parte positiva e outra negativa, só estando cientes disso começaremos a ter uma responsabilidade afetiva com nós mesmos”.

“Vivemos nos comparando com os outros, mas deveríamos aprender a nos comparar com nossa melhor versão (e levando em conta as experiências que carregamos em nossa mochila), não com pessoas que nunca estiveram na nossa pele”, acrescenta María Magdalena Orosan. “Quando nos comparamos com outras relações do nosso parceiro, surgem dúvidas como: será melhor do que eu? Por que com aquela pessoa sim? Precisamos ter em mente que não há duas pessoas iguais nem duas relações iguais, e devemos trabalhar a aceitação da situação, deixando para trás aquilo que nos prende ao passado para poder aproveitar o presente e construir o futuro.”

Por que comigo não?

O clássico dos clássicos da história de detetive em tempos de Google é resolver o caso de Mr. Big e Natasha. Como qualquer um que tenha visto Sex and the City se lembra, a pergunta que Carrie realmente não pôde deixar de fazer a si mesma foi: “Por que ela?”. Essa pergunta nociva sobre a atual vida amorosa de nosso ex-parceiro é enganosa logo de cara: o simples fato de fazê-la significa que esquecemos o pior lado de nosso ex. “Quando só conseguimos ver o lado bom, estamos idealizando essa pessoa. Seria necessário um esforço para ver a realidade completa, já que é difícil ter objetividade quando nos baseamos exclusivamente em nosso lado emocional”, aponta Estévez. “Distanciar-se emocionalmente na hora de avaliar algo ou alguém é a melhor forma de ser o mais justo possível e, ao mesmo tempo, cuidar da nossa autoestima, confiança e segurança.”

A armadilha da idealização pode até nos levar a esquecer que uma pessoa foi cruel conosco só porque no Instagram ela mostra uma vida idílica com sua nova relação. “É importante nos lembrarmos de que essa pessoa amável é a mesma não se comportou tão amavelmente antes. São duas facetas da mesma pessoa que é preciso juntar. Tendemos a ficar com o bom ou a ver a parte positiva, assim como a buscar dentro de nós a responsabilidade pelo fracasso, mas quando essa pessoa nos prejudicou, é importante resistir às duas tendências e lembrar o motivo de já não estarmos nessa relação, ou de não nos sentirmos confortáveis ou nem mesmo respeitadas nela”, ressalta Orosan.

Let it go!

Na verdade, a grande pergunta que você deveria fazer não é por que ela, e sim o que você está fazendo, bisbilhotando fotos da nova vida de seu ex? “Ficar de olho em um ex-parceiro implica não soltar e, portanto, ficar preso a alguém que já não está em nossas vidas”, reflete Estévez. “O sofrimento que isso gera nos leva a querer continuar sabendo sobre a vida dessa pessoa, tentamos preencher um vazio de forma nociva, já que, para nos proteger da dor, geramos mais dor. E, por outro lado, não podemos agarrar algo novo se temos as mãos ocupadas com algo que ainda não soltamos, perdemos tudo o que o presente nos traz, já que não conseguimos levantar a cabeça para ver isso.” A especialista afirma que, para virar a página, a primeira coisa é decidir fazer isso. “Fechar realmente uma etapa implica sentir segurança e confiança, construir um novo presente a partir do eu atual. Esses serão fatores psicológica e emocionalmente positivos que nos ajudarão a não cair em comparações com a nova relação de um ex.”

Respeite sua própria relação

Caso o objeto de seu snooping não seja seu ex-parceiro nem os relacionamentos dele, também é conveniente moderar suas averiguações. “Considero que se você decide permanecer com um parceiro, precisa ser por ter capacidade de confiar nessa pessoa”, prossegue a especialista em terapia de casais do TherapyChat. “E é preciso ter cuidado e diferenciar o ato de stalkear da curiosidade: o primeiro vai muito além e consiste em espionar, acossar e intimidar a outra pessoa. É perseguição, e a perseguição limita a liberdade das pessoas − e não somos donos da liberdade de ninguém, exceto da nossa, é claro.”

“Se uma relação não se baseia desde o início na confiança, é inevitável uma espiral de sofrimento por não haver a certeza de que o casal se escolheu reciprocamente e em um nível em que só cabem duas pessoas”, acrescenta Sheila Estévez. “Precisamos saber ler nosso parceiro, ver se é uma pessoa sociável, se gosta de gostar e isso faz parte de seu encanto, em outras palavras, se aquilo que nos apaixonou é exatamente o que tememos que apaixone outras pessoas. O perigo está em duvidar de nós mesmos e projetar isso no parceiro: se uma pessoa confia em si própria, saberá confiar em seu parceiro. Outra questão é que, por problemas de comunicação, ocorram mal-entendidos que gerem essa necessidade de controlar o parceiro. Aí estaríamos diante de algo mal construído dentro do relacionamento, que pode ser corrigido se o casal se ama de verdade, sem necessidade de espionar.”

Dicas para um snooping seguro (pelo menos, emocionalmente)

Se uma pessoa nota que sua necessidade de bisbilhotar saiu do controle, María Magdalena Orosan recomenda que ela “invista seu tempo e sua energia mais em si mesma do que naquilo que outras pessoas fazem nas redes sociais”. Para isso, deve realizar um trabalho construtivo (sozinha ou com a ajuda de um psicólogo ou psicóloga) que a ajude a crescer como pessoa e a aumentar seu bem-estar. “Para facilitar esse processo, há algumas estratégias de autocontrole e autoconhecimento que ajudam, como analisar quais valores são importantes para nós; estabelecer metas que nos conduzam a esses valores; identificar e conhecer as próprias emoções para administrá-las melhor; fazer um exercício paralelo de empatia e autocompaixão e buscar atividades agradáveis, mas benéficas, que ajudem a reduzir os pensamentos obsessivos (por exemplo, ter aulas de dança, conectar-se com a natureza, expandir o círculo social, etc.)”, assinala. E o mais importante (embora pareça mentira que alguém ainda não saiba disso a esta altura da internet), lembra Sheila Estévez, é “ter sempre consciência de que, nas redes sociais, só se mostra o que se quer mostrar”.

Sinais de alarme

Quer você seja a pessoa que vigia ou a pessoa vigiada, pode chegar a hora em que precisa pedir ajuda. Se você faz parte do segundo grupo, a polícia tem unidades especializadas em assédio virtual e outros crimes digitais, enquanto especialistas em saúde mental podem ajudá-lo quando você sentir que não está conseguindo se controlar. Só com ajuda profissional, aponta Sheila Estévez, você conseguirá “aprender a se libertar e a se conectar com a vida no presente e, além disso, a parar de se subvalorizar e começar a se amar e se respeitar na primeira pessoa”.

Para María Magdalena Orosan, psicóloga do TherapyChat, especialista em terapia de casal, transtornos de personalidade e violência de gênero, há uma série de bandeiras vermelhas ou “sinais de alerta anteriores ao assédio ou controle dentro da relação que devemos identificar para evitar a geração de uma dinâmica de violência que possa ir aumentando”. Estes são os sinais que devem disparar todos os seus alarmes: a necessidade constante de estar perto e/ou de saber da outra pessoa; a necessidade de controle (e frustração no caso de não poder satisfazê-la); a incapacidade de aceitar um “não” como resposta; e a percepção da relação como uma necessidade e não como uma escolha. “Socialmente, muitos comportamentos violentos são normalizados sob o lema de um amor idealizado, esquecendo que é fundamental respeitar a intimidade e liberdade dos outros, e que a nossa seja respeitada”, conclui a psicóloga.

Fonte:El País

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Iniciativa com participação da USP propõe reescrever decisões judiciais sob perspectiva feminista

 Gazeta da Torre

Acadêmicas e juristas de diversos países do mundo estão atuando em uma rede colaborativa e reescrevendo decisões judiciais a partir de olhar feminista. Trata-se da iniciativa global Projetos de Julgamentos Feministas que integra a USP e outras 60 instituições brasileiras.

A ação no Brasil da rede Reescrevendo Decisões Judiciais em Perspectivas Feministas começou no início de setembro deste ano a partir de um workshop promovido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo a professora da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, Fabiana Severi, responsável por implementar o projeto na Universidade, a reescrita de decisões judiciais, de acordo com abordagens feministas, quer demonstrar a existência de outras formas de pensar os casos judiciais sob o ponto de vista das mulheres e outros grupos marginalizados.

A ideia, adianta a professora da USP, não é romper com as decisões originais e sim “considerar as decisões históricas, verificando se alguma coisa naquela decisão poderia ser diferente ao aplicarmos uma lente de gênero ou as abordagens metodológicas feministas”, esclarece. A preocupação das feministas é tornar as decisões judiciais mais sensíveis aos interesses de mulheres e outros grupos marginalizados, uma vez que, em muitos casos, os sistemas de justiça produzem resoluções “prejudiciais à garantia dos direitos das mulheres”, usando estereótipos, afirma Fabiana.

A professora enfatiza que não se trata de avaliar a correção dos julgamentos e questionar as condições que geraram a decisão original, mas refletir se diferentes resultados e argumentos são possíveis, dentro dos limites legais, e se as resoluções de casos podem ser diferentes conforme as interpretações dos juízes.

Assim, continua Fabiana, as experiências que realizam consideram as questões históricas, o contexto e o perfil do tribunal em que a decisão original foi escrita, analisando se “é possível uma reescrita com uma abordagem feminista também ser aceita. E, sendo aceita, que mudanças traria para o caso original”.

Julgamentos feministas no Brasil

O desenvolvimento do projeto no País acontece tanto como exercício pedagógico (em aulas teóricas e práticas de direito nas universidades) quanto para introduzir e intensificar a circulação “dessa linha teórica que é pouco abordada ainda nos cursos de direito”, conta a professora. É que, segundo Fabiana, “esse conteúdo, até hoje, apesar de ser relativamente vigoroso, é pouco conhecido ainda se considerar os quase 3 mil cursos de direito no país”.

E o esforço da rede colaborativa de feministas quer superar os conteúdos das disciplinas das aulas de direito – impacto primeiro do projeto – e ganhar ambientes jurídicos fora das universidades. Fabiana acredita que a adoção dessa perspectiva de gênero feminista deve acabar por “problematizar a forma como o judiciário brasileiro, e de vários outros países do mundo, tem tradicionalmente legitimado as suas decisões”, já que, às vezes, existem várias decisões possíveis para um determinado caso. “E essas várias decisões possíveis têm a ver não só com a resposta que está dada pela lei, mas, sim, pelo perfil da pessoa que está analisando e construindo a decisão”, afirma.

O projeto conta com uma rede de mais de 60 participantes de instituições públicas e privadas de todas as regiões do Brasil e deve durar até agosto de 2022, com workshops e atividades formativas para o compartilhamento de resultados, além de favorecer o debate crítico e produzir impactos para além das universidades.

Fonte:Rádio USP

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Abrir espaço à diversidade na liderança é obrigação de todos

 Gazeta da Torre

Daniela Weitmann, executiva de negócios

Criar ambientes onde mulheres, negros e pessoas de perfis distintos se sintam representadas pelas lideranças e possam almejar chegar a estas posições é uma obrigação de todos, especialmente daqueles que atingiram cargos mais elevados em suas carreiras. É o que pensa Daniela Weitmann, executiva de negócios e chefe do Departamento Digital da DLL, empresa holandesa do ramo financeiro.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Daniela conta que, quando trabalhou em uma grande empresa do ramo de produtos esportivos, notou que, quanto mais alto o nível hierárquico, menor a participação de mulheres nas posições de liderança.

“Isso foi um dos grandes motivos de eu ter sido a fundadora da Associação de Mulheres da Nike, que ajudou a conversar sobre estes tabus”, declara. “[A ideia era] como criar um ambiente em que as mulheres vão olhar para cima e se ver representadas. Isso é muito importante para conseguirmos mudar a meta [de diversidade]”, acrescenta.

Na entrevista, que faz parte da série UM BRASIL e BRASA EuroLeads – um novo olhar sobre o Brasil, com apoio da Revista Problemas Brasileiros (PB), Daniela ressalta que a abertura dos espaços de liderança para pessoas de grupos considerados minoritários não está ocorrendo com a rapidez esperada.

“Estamos tomando as medidas necessárias para que esta mudança seja feita na velocidade necessária? Provavelmente, não, mas acho que não podemos tirar de nós mesmos a responsabilidade de conduzir a mudança”, sinaliza a executiva.

Com experiência em grandes marcas internacionais em alguns países europeus, Daniela destaca que em nações mais igualitárias, como a Suécia, as pessoas reagem “à hierarquia de uma maneira diferente, porque todos se consideram iguais”.

Além disso, ela, estrangeira e grávida, não enfrentou tantas dificuldades para conseguir um emprego no país do Norte da Europa. O mesmo não ocorre, contudo, no Brasil e em outras nações ocidentais.

“Acho que existe uma consciência geral de que tem de mudar não só a participação de gênero, mas a racial e a de estilos de liderança. Muitas vezes, vemos somente pessoas extremamente extrovertidas na liderança, não vemos introvertidos em cargos de destaque”, salienta Daniela. “Então, acho que existe uma consciência geral de que isso tem de mudar”, reforça.

Papel do líder

Daniela afirma que é função do líder identificar a capacidade e a vontade dos subordinados, a fim de potencializá-los dentro da organização. Desta forma, quando há vontade, mas o liderado carece de determinadas habilidades, o líder deve prover condições de treiná-lo. Na situação contrária, quando sobra capacidade, mas falta vontade, a ideia é mentorar o subordinado.

“Como consigo mudar o seu mindset [mentalidade], vender o sonho? Saber fazer você sabe, mas ainda não comprou o sonho. O que faz o seu coração ticar? De repente, não é crescimento financeiro; de repente, é como vai influenciar outras vidas. Tenho de conhecê-lo melhor para saber como motivá-lo”, explica.

Na visão dela, cabe ao líder potencializar o crescimento de outros profissionais. “Quando vemos talentos que têm tanto vontade quanto capacidade, é só ajudar a voar”, sugere a executiva.

Assista à entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=ZPuRXToadwo&t=140s

Fonte: UM Brasil

DIVULGAÇÃO

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Tome decisões baseadas em fatos, não opiniões. Vacine-se

 Gazeta da Torre

Você se lembra o que te fez começar a usar filtro solar quando vai à praia? Não foi uma lei imposta a você, mas apenas sua vontade de reduzir as chances de ter câncer no futuro. Essas chances foram calculadas usando muitos dados epidemiológicos, de diversos países, que mostraram uma associação forte entre exposição ao sol e câncer de pele. Como se trata de probabilidade, pode ser que você nunca use filtro solar e mesmo assim nunca venha a ter nenhum problema, assim como você pode ser rigoroso com sua saúde e mesmo assim vir a adoecer. Você deve ter diversos exemplos de vizinhos e conhecidos que desafiam essas chances, mas nada disso muda os dados e o fato de que a associação existe.

Claro que com mais dados, outras associações podem surgir e até invalidar o que antes foi visto nos diversos estudos epidemiológicos. É assim a ciência. Nas discussões científicas, seja em congressos ou via redes sociais, o contraditório é bem-vindo e ajuda a impulsionar a ciência na direção da verdade, contanto que os dois lados da discussão sejam permeáveis à argumentação com dados. Enquanto os dados continuam confirmando esta associação, é melhor manter o uso de filtro solar.

Em breve, a pandemia de covid-19 completará seu segundo aniversário. A carência de dados no início da pandemia fez as discussões perderem rigor científico. Sabíamos pouco sobre o vírus, como ele se propagava e o que era importante para contê-lo. A maioria dos argumentos não era suportada por dados robustos, populacionais. A angústia legítima da sociedade em saber o que fazer, aliada à imprensa que disputava por notícias, fez com que muitos confundissem opiniões com fatos. Opiniões são argumentos pouco eficazes na ciência. William Edwards Deming, um famoso estatístico, costumava ilustrar essa ideia com uma frase célebre: “In God we trust, all others must bring data” – Em Deus nós confiamos, todos os outros devem trazer dados.

Dentre os debates mais acalorados sobre como lidar com a pandemia, o debate sobre a necessidade de vacinação é, talvez, o mais importante. Justamente elas, que já salvaram mais vidas no passado do que usar filtro solar. As vacinas contra covid-19 foram desenvolvidas e testadas em tempo recorde, e isso naturalmente desperta ansiedade e dúvidas quanto à segurança e eficácia delas. Já está bastante claro que as vacinas contra covid-19, assim como as outras vacinas aprovadas para uso humano, são muito seguras. A frequência de efeitos adversos graves em vacinados é extremamente baixa. Quanto à eficácia, os testes clínicos mostraram alta proteção contra morte por covid-19 entre os vacinados. Entretanto, talvez na sua opinião os dados publicados por estes testes não foram convincentes, e é por isso que você decidiu não se vacinar até agora. Tomara que uma quantidade muito maior de dados, dessa vez em populações de dezenas de países, possa te ajudar a mudar de ideia. Depois de quase dois anos de pandemia, podemos argumentar com dados, não opiniões, e eles devem servir para tomarmos decisões mais racionais.

Será que há menos mortes por covid-19 nos países mais vacinados do que nos países onde faltam vacinas, ou que parte grande da população não se vacinou? Para responder essa pergunta, usamos os dados do site Our World in Data que reúne informação de casos e mortes por covid-19 e de vacinação em mais de 200 países. Usamos essa quantidade impressionante de dados para comparar o número de mortes por Covid-19 por milhão de habitantes com a porcentagem da população totalmente vacinada em vários países. Focamos apenas nos 85 países onde o vírus circulou recentemente, causando mais de 500 casos de Covid-19 por milhão de habitantes, ou seja, onde o vírus poderia causar mortes.

Nossa hipótese era que nos países com maior índice de vacinação ocorreram menos mortes por Covid-19. Foi exatamente o que observamos (veja na figura a seguir). Há uma clara relação inversa entre número de mortes por milhão de habitantes e a taxa de vacinação. Ou seja, quanto maior a fração da população vacinada, menor o número de mortes. São dados com um número amostral grande, em países onde o vírus circulou no período analisado, mostrando que as vacinas estão salvando vidas. Não é mais uma questão de opinião. A vacinação é a única salvação, o único jeito de superarmos de vez essa crise. Se você ainda não se vacinou, reflita sobre esses dados.

No gráfico, cada bolinha representa um país. As bolinhas mais para a direita representam países com maior número de mortes por milhão de habitantes no período analisado. Quanto mais para a esquerda, menos mortes. As bolinhas mais para cima representam países com maiores taxas de vacinação. Quanto mais para baixo, menos vacinados. A linha representa uma tendência que leva em consideração os dados de todas as bolinhas.

Fonte: Jornal da USP

DIVULGAÇÃO