segunda-feira, 28 de março de 2022

MODA - ACESSÓRIOS - Saiba como usá-los para valorizar ainda mais seu estilo

 Gazeta da Torre


Os acessórios têm o poder de dar acabamento à imagem. São um arremate, o toque final á roupa, a sua assinatura de estilo. A palavra como definição de complemento de uma roupa ficou pequena para o vasto poder que desempenha, deixando de ser simplesmente um acessório.

Mas, como usá-los? A tendência hoje diz que se usa praticamente de tudo – uma liberdade de expressão total. O leque de opções é muito amplo, fazendo com que a informação, o bom gosto, o bom senso e seu estilo pessoal  prevaleça na hora da composição do look.

Alguns destaques ganham força nesta temporada. Mas, quem  vai nos mostrar é a nossa Consultora de Imagem e Estilo Fatima Fradique, que fez uma seleção de sapatos, bolsas e cintos, com dicas de ouro para que vocês possam montar suas produções de um jeito simples e certeiro. Vale a pena conferir!

1)  ACESSÓRIO:  

SAPATO FEMININO – METALIZADO

Para muitas pessoas, o sapato se encaixa em um dos prazeres mais sedutores da vida, seja para usar, seja para colecionar, para admirar... É importante que você tenha consciência da mensagem que está passando através de seus sapatos, e saiba adaptá-la à ocasião apropriada.

Os calçados metalizados que fizeram sucesso nos invernos anteriores, esse ano vem com tudo em todas as estações e nas mais variadas opções de sapatos femininos.

E ao contrário do que se imagina,  esse acabamento também combina com looks do dia a dia, para trabalho, passeio, festas, em fim. Basta saber combinar e ousar!

2) ACESSÓRIO: SAPATO - SCARPIN

Curinga do guarda-roupa feminino, dentro de suas inúmeras releituras – sejam o bico, a textura, a cor ou o salto – continua elegantíssimo.

Dica de ouro: O nude não é uma cor única e traz diversas nuances, por isso o sapato deve ser provado no pé, procurando uma opção de tom que fique mais próximo do seu tom de pele. Essa aproximação de cor de pele com scarpin nude ajuda a trazer a ideia de uniformidade de tons, e isso alonga as pernas. Além disso, também é possível usar tons nudes que não fiquem tão próximos do tom de pele, mas, nesse caso o truque de alongamento não funciona tão bem.

3) ACESSÓRIO: BOLSA –VINHO / BORDEAUX

Com o poder de protagonista, a bolsa pode mudar de estilo, cor, formato, mas continua sendo a companheira indispensável para compor um look e útil no dia a dia. Uma perfeita representante do universo de sua dona que confere atitude ao visual que ela deseja.

A bolsa cor vinho, aqui mostrada é um tom que pode ser usado com diversas combinações de cores, pois é muito versátil e pode ser uma cor tão coringa como o preto.

Dica de ouro: O tamanho da bolsa tem de ser proporcional ao seu. Uma mulher pequena sumirá usando uma bolsa grande, enquanto uma mulher alta fica maior ainda com um modelo pequeno.

4) ACESSÓRIO: BOLSA + SAPATO 

Tem que combinar sapato com bolsa? Já faz um bom tempo que a bolsa não precisa necessariamente combinar com o sapato.

Antes de mais nada é importante ressaltar que o ideal é que o sapato combine com a bolsa porém, isso não quer dizer que tenham de ser da mesma cor ou estampa. O essencial é que as tonalidades conservem e sejam harmônicas.

5) ACESSÓRIO: CINTO DE COURO  -  PRETO

Os cintos femininos reconquistaram seu lugar! Independente de forma, espessura, modelo ou cor, os cintos são peças-chaves no guarda-roupa feminino.

Eles podem transformar o look criando vários visuais em uma única peça. Valorizando a roupa em um estilo mais despojado ou mesmo elegante.

6) ACESSÓRIO: CINTO – DECORADO

Ultimamente vê-se um retorno dos cintos decorados, quase bijoux, que podem arrematar um look sobre a camisa e o vestido, ou sobre uma camisa longa e calça. É um visual despojado que pode disfarçar algumas sobremesas a mais...

 E para finaliza:  FICA A DICA DA ESPECIALISTA.

Nunca se esqueça da velha regra que até hoje é considerada a melhor: o bom senso impera. Olhe-se no espelho antes de sair de casa. Se achar que está usando algo a mais, na dúvida tire!  Na hora de combinações de peças, leve em conta colares, brincos, anel, pulseiras, sapatos, bolsa e cinto.

Espero que aprovem as dicas e que façam suas produções sem erro. Até a próxima edição!

Facebook ( Fanpage ) Fatima Fradique

Instagram: https://www.instagram.com/fatima_fradiquecrc/?hl=en

terça-feira, 22 de março de 2022

Abrir espaço à diversidade na liderança é obrigação de todos

 Gazeta da Torre

Daniela Weitmann, executiva de negócios

Criar ambientes onde mulheres, negros e pessoas de perfis distintos se sintam representadas pelas lideranças e possam almejar chegar a estas posições é uma obrigação de todos, especialmente daqueles que atingiram cargos mais elevados em suas carreiras. É o que pensa Daniela Weitmann, executiva de negócios e chefe do Departamento Digital da DLL, empresa holandesa do ramo financeiro.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Daniela conta que, quando trabalhou em uma grande empresa do ramo de produtos esportivos, notou que, quanto mais alto o nível hierárquico, menor a participação de mulheres nas posições de liderança.

“Isso foi um dos grandes motivos de eu ter sido a fundadora da Associação de Mulheres da Nike, que ajudou a conversar sobre estes tabus”, declara. “[A ideia era] como criar um ambiente em que as mulheres vão olhar para cima e se ver representadas. Isso é muito importante para conseguirmos mudar a meta [de diversidade]”, acrescenta.

Na entrevista, que faz parte da série UM BRASIL e BRASA EuroLeads – um novo olhar sobre o Brasil, com apoio da Revista Problemas Brasileiros (PB), Daniela ressalta que a abertura dos espaços de liderança para pessoas de grupos considerados minoritários não está ocorrendo com a rapidez esperada.

“Estamos tomando as medidas necessárias para que esta mudança seja feita na velocidade necessária? Provavelmente, não, mas acho que não podemos tirar de nós mesmos a responsabilidade de conduzir a mudança”, sinaliza a executiva.

Com experiência em grandes marcas internacionais em alguns países europeus, Daniela destaca que em nações mais igualitárias, como a Suécia, as pessoas reagem “à hierarquia de uma maneira diferente, porque todos se consideram iguais”.

Além disso, ela, estrangeira e grávida, não enfrentou tantas dificuldades para conseguir um emprego no país do Norte da Europa. O mesmo não ocorre, contudo, no Brasil e em outras nações ocidentais.

“Acho que existe uma consciência geral de que tem de mudar não só a participação de gênero, mas a racial e a de estilos de liderança. Muitas vezes, vemos somente pessoas extremamente extrovertidas na liderança, não vemos introvertidos em cargos de destaque”, salienta Daniela. “Então, acho que existe uma consciência geral de que isso tem de mudar”, reforça.

Papel do líder

Daniela afirma que é função do líder identificar a capacidade e a vontade dos subordinados, a fim de potencializá-los dentro da organização. Desta forma, quando há vontade, mas o liderado carece de determinadas habilidades, o líder deve prover condições de treiná-lo. Na situação contrária, quando sobra capacidade, mas falta vontade, a ideia é mentorar o subordinado.

“Como consigo mudar o seu mindset [mentalidade], vender o sonho? Saber fazer você sabe, mas ainda não comprou o sonho. O que faz o seu coração ticar? De repente, não é crescimento financeiro; de repente, é como vai influenciar outras vidas. Tenho de conhecê-lo melhor para saber como motivá-lo”, explica.

Na visão dela, cabe ao líder potencializar o crescimento de outros profissionais. “Quando vemos talentos que têm tanto vontade quanto capacidade, é só ajudar a voar”, sugere a executiva.

Assista à entrevista na íntegra no Canal UM BRASIL!

Fonte: UM Brasil

quinta-feira, 17 de março de 2022

Mulheres no climatério podem contar com canal de orientação

 Gazeta da Torre

Isabel Cristina Esposito Sorpreso fala sobre o projeto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, que criou o site Menopausando

A Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP  lançou o site Menopausando para mulheres no climatério. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição, a professora Isabel Cristina Esposito Sorpreso, do Departamento de Ginecologia do HC/FMUSP discorreu sobre a importância do projeto.

De acordo com Isabel, “esse foi um projeto intitulado Educação em Saúde para Mulheres na Transição para a Menopausa e Pós-Menopausa. É um projeto apoiado por um edital da Pró-Reitoria de Graduação e do Programa Santander de Políticas Públicas. Esse edital visava a estimular melhorias para a população no município de São Paulo e também no Estado de São Paulo, e veio a pandemia. A ideia inicial era nós estarmos novamente falando a respeito, com grupos de orientação, multiprofissional, para as mulheres. Então, a ideia era trazer as reuniões em grupo, que são muito importantes, a educação em saúde com essa temática.”

A professora comentou sobre o fato de muitas mulheres passarem por isso, mas não terem a oportunidade de saber que outras estão passando pelos mesmos sintomas. “Nesses grupos elas se identificam, porque elas começam a falar, é a oportunidade delas falarem a respeito, darem risada e muitas vezes dizer ‘poxa, não sou só eu’; ou então se identificar, às vezes aquela mulher não identificou ainda que está nessa fase, ‘poxa, eu também estou sentindo isso’. Então, a ideia do site, na verdade, é trazer informações sobre essa fase da vida da mulher, orientações sobre essa fase.

A importância da orientação

O autocuidado é imprescindível. “É fundamental que a mulher tenha essa percepção, é fundamental que ela reconheça os sintomas, é fundamental que ela tenha uma imagem mais positiva dessa fase, exatamente o reconhecimento faz com que ela tenha esse poder do autocuidado, é um empoderamento dessa mulher nessa fase para que ela tenha o autocuidado”, atesta Isabel, que completa ao dizer que “o site visa a trazer orientações inicialmente gerais dessa fase, como manutenção de atividades físicas e uma boa alimentação. Então, os primeiros podcasts estão sendo de orientação.”

O site é um canal de trocas importantes das mulheres com os alunos e a Universidade. A professora relata: “Esse site teve toda a idealização com alunos da graduação, tanto de Medicina quanto da Faculdade de Saúde Pública. Nós tínhamos iniciação científica com esse site, desde o logo, desde o tema, cor, foi feito um Google Forms com mais de 400 mulheres em plena pandemia, olha só a participação das mulheres no interesse delas sobre a temática. Ele é todo idealizado por estudantes e já pelas mulheres, que trouxeram o querer saber sobre, e este site continua sendo alimentado pelos estudantes, é uma forma dessas mulheres se comunicarem com a Universidade, mas também com os estudantes, para aproximar o estudante dessa forma de comunicação.”

* Para acessar o Menopausando, acesse o linkhttps://sites.usp.br/menopausando/.

Fonte: Jornal da USP.

domingo, 13 de março de 2022

O Brasil tem capacidade de ser autossuficiente na produção de fertilizantes?

Gazeta da Torre 

Especialistas comentam que a questão tem sido tratada de forma inadequada nas últimas décadas no Brasil

Em 2021, o agronegócio brasileiro exportou US$ 120,59 bilhões, responsabilizando-se por nada menos do que 40,6% das vendas externas do País. Mais um resultado que consolidou a imagem do Brasil como potencial celeiro do mundo. Neste início de 2022, contudo, o agronegócio, um dos alicerces do nosso PIB, deparou-se com um obstáculo imprevisto, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que está desorganizando inúmeras cadeias de comercialização globais, especialmente a de fertilizantes, da qual a agricultura brasileira é excessivamente dependente.

Em uma de suas edições recentes, a revista Exame traçou o seguinte quadro: “O Brasil hoje importa 85% dos fertilizantes que consome para a sua agricultura. No ano passado, o País consumiu 43 milhões de toneladas de fertilizantes. As três principais cadeias – soja, milho e cana-de-açúcar – consumiram 73%. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás dos Estados Unidos, da Índia e da China, e nós consumimos algo em torno de 8,5% a 9% de todo o produto no mundo. Só que esses outros três países são grandes produtores de fertilizantes, e o Brasil não".

O obstáculo imprevisto faz com que o governo brasileiro corra atrás de alternativas que supram, a curto prazo, os fertilizantes tradicionalmente fornecidos pela Rússia e Belarus, mas também coloca duas questões: por que o Brasil se tornou tão dependente da importação de insumos para a sua produção agrícola, a coluna de sustentação de sua pauta de exportações; quais as possibilidades de modificação desse quadro de dependência de importações, a médio e longo prazos?

O Jornal da USP discutiu esse tema com especialistas da USP (https://jornal.usp.br/atualidades/o-brasil-tem-capacidade-de-ser-autossuficiente-na-producao-de-fertilizantes/): Ildo Sauer, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Paulo Sérgio Pavinato, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), e Mauro Osaki, pesquisador da área de custos agrícolas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq da USP, que concedeu entrevista para o programa Desafios. Aqui, seguem dois dos especialistas.

Ildo Sauer

Professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP

“A questão dos fertilizantes tem sido tratada de forma inadequada nas últimas décadas no Brasil. Basicamente trata-se de demanda de macronutrientes como fósforo, potássio e nitrogenados, mesanutrientes como enxofre, magnésio e cálcio, e micronutrientes como boro, zinco, bismuto, cobalto e outras coisas mais. O Brasil tem importado entre 75% e 85% dos fertilizantes. É preciso tratar separadamente os três macronutrientes. Primeiro, nitrogenados.”

“Uma parte relevante dos nitrogenados amônia e ureia era produzida pela Petrobras na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) de Sergipe e Bahia, usando gás natural, e por uma outra fábrica de fertilizantes, em Araucária, no Paraná, que usava um outro processo com resíduos de refinaria. As três foram fechadas há alguns anos pela decisão de olhar em um curto prazo a rentabilidade. De fato, não fazia muito sentido importar gás natural (…), reagaseifica-lo para depois convertê-lo em amônia e ureia, quando seria mais barato importar o gás via GNL, importar amônia diretamente.”

“Porém, agora que nós descobrimos os recursos do pré-sal, há uma grande quantidade de gás disponível, não faz mais sentido que não se tivesse já criado um plano estratégico para produzir fertilizantes nitrogenados a partir das imensas quantidades de gás natural disponíveis no pré-sal.”

“Então, os nitrogenados já poderiam ter sido resolvidos. Já em relação ao fósforo e ao potássio, a situação é um pouco mais grave porque, apesar de se ter notícias que existem esses recursos no Brasil, nenhum projeto concreto tem sido desenvolvido em escala necessária. Porque também não foram desenvolvidos os estudos […] geológicos para descobrir mais recursos, fazer o seu estudo de viabilidade econômica para convertê-los em reservas e aí passar a produzir os fertilizantes aqui no Brasil.”

“O que falta é organizar essa indústria. Há soluções possíveis para melhorar reduzindo os custos, aumentando a produtividade, gerando mais empregos e ajudando o ambiente do Brasil. É necessário urgentemente revisar as políticas públicas, integrar esses vários setores à indústria dos resíduos, a indústria do saneamento com a indústria energética, com a indústria elétrica, a indústria do gás e com a indústria de fertilizantes do sistema agrícola. É possível recuperar biofertilizantes e energia dos resíduos orgânicos, originados da cadeia alimentar e das podas de vegetação de áreas ajardinadas urbanas. É um desafio fazer isso, mas é possível e nós estamos dando uma modesta contribuição com nossas pesquisas aqui no Instituto de Energia e Ambiente.”

Paulo Sérgio Pavinato

Professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

“Nós não temos reservas de fosfato suficiente para suprir a demanda em uma grande escala e também não temos reserva potássica para suprir a demanda do Brasil em uma grande escala. Então há possibilidade de produzirmos mais fertilizantes, mas num longo prazo e com investimentos altos principalmente da indústria de fertilizantes e governamental.“

“Há possibilidade sim, de expansão, mas não em curto prazo. Imagina-se aí que, com investimentos pesados dentro de 6 a 8 anos, o Brasil poderia ser quase que autossuficiente em produção de nitrogenados, produzir quase todo o fosfatado e produzir uma boa parte do potássio que demanda, mas, pelas projeções e pela política que temos no Brasil, a possibilidade de isso ocorrer é pequena.”

“Há necessidade política governamental para que isso ocorra e também negociações com as empresas das grandes commodities das grandes empresas internacionais que estão atuando no mercado de fertilizantes no Brasil.”

“Acreditamos que vamos continuar dependentes externos ainda de fertilizantes por um bom tempo, e o mercado que se caracteriza agora, nessa situação atual, está bem complicado né, nós tendemos a ter um aumento no preço dos fertilizantes porque não vai haver oferta no mercado.”

Fonte: Jornal da USP

quarta-feira, 9 de março de 2022

No mundo em guerra, Brasil precisa saber lidar com todas as grandes potências

 Gazeta da Torre

A guerra entre Rússia e Ucrânia simboliza o fim de um período no qual havia apenas uma potência no mundo. Após três décadas de supremacia, o sistema unipolar, regido pelos Estados Unidos, está saindo de cena. Em seu lugar, emerge uma disputa que deve interpor limites e alimentar tensões entre três nações poderosas dos pontos de vista econômico e militar. No meio disso, o Brasil, sem se alinhar a nenhum lado, precisa cumprir o objetivo da política externa: colher benefícios para o seu desenvolvimento. Isso é o que pensa Carlos Gustavo Poggio, pesquisador e professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

Em entrevista a plataforma UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Poggio, analisando a invasão russa ao território ucraniano, destaca que o mundo pós-Guerra Fria, no qual os Estados Unidos ditaram as regras, está ruindo. A ascensão da China e a proeminência da Rússia estão causando uma “mudança estrutural”, de modo que seja importante que o Brasil saiba se adaptar ao novo cenário.

 “No mundo multipolar, se você não se amarrar necessariamente a nenhum dos polos, consegue extrair vantagens”, indica Poggio, também PhD em Estudos Internacionais pela Old Dominion University.

 “Qual deve ser o objetivo e a diretriz da política externa brasileira? O Brasil é um país em desenvolvimento, precisa de recursos e investimentos. Podemos conseguir isso diversificando. Então, o ideal é o País saber jogar com estas diferenças para trazer benefícios maiores. O objetivo da política externa é beneficiar a população brasileira”, complementa.

Na avaliação do especialista, ainda é cedo para mensurar os efeitos colaterais das sanções à Rússia, impostas em volume inédito, na economia brasileira. De todo modo, Poggio teme que o conflito no Leste Europeu contamine ainda mais a polarização política e atinja a diplomacia do País.

 “O Brasil estará, teoricamente, bem equipado para lidar com este mundo [das grandes potências] se souber voltar às origens e às tradições da diplomacia brasileira, que estão ligadas ao multilateralismo e à busca negociada pelos acordos”, salienta. “Então, o Brasil tem, se souber aproveitar a qualidade da nossa diplomacia, como se inserir nisso de forma vantajosa”, acrescenta.

Guerra na Ucrânia

De acordo com Poggio, a invasão à Ucrânia ocorre como forma de o Kremlin dizer que chegou a hora de rediscutir o sistema internacional, de modo que a Rússia não se postará como coadjuvante.

“[A guerra] é muito além da Ucrânia. O país é só um objeto neste jogo das grandes potências”, frisa.

O professor de Relações Internacionais também afirma que, independentemente dos bombardeios ao território ucraniano, o presidente russo, Vladimir Putin, “já perdeu” a guerra, porque não conseguiu alcançar os objetivos políticos que almejava com o conflito armado.

“Acho que Putin cometeu um erro estratégico gravíssimo, porque tudo o que ele queria aconteceu ao contrário. Qual é o seu grande objetivo nos últimos 20 anos? Semear divisão entre os europeus”, explica o pesquisador. “O que vimos nesta crise, rapidamente, foi um processo muito grande, como nunca se viu, de integração europeia. A Europa agindo de forma unida e rápida”, avalia.

Assista à entrevista na íntegra no Canal UM BRASIL!

Fonte:UM Brasil

quinta-feira, 3 de março de 2022

Demora na vacinação de crianças e adolescentes, por questões políticas, não se baseia na ciência

 Gazeta da Torre

A vacinação de crianças e adolescentes é uma necessidade sanitária para controle da pandemia e para dar segurança às famílias na prevenção da covid-19. Sem ela, casos graves podem ocorrer ainda na infância. Apesar disso, tem-se visto movimentos e ações politizadas contra a vacinação para essa faixa etária no Brasil.

A professora Lorena Barberia, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, explicou que, antes de se aprovar uma vacina, tem uma instância muito séria, com reuniões, avaliações, documentação que é avaliada para discutir a respeito com equipes de especialistas, além do pronunciamento, que é público.

Mesmo após isso, o Ministério da Saúde convocou uma audiência pública, com especialistas que não foram responsáveis pelos ensaios clínicos ou fizeram artigos sobre o assunto, apenas para usar a sua “autoridade” na área e serem contrários à questão da vacinação. “Houve muita disseminação, nesse espaço público, de informação falsa sobre os efeitos das vacinas. Isso gera pânico na sociedade. É totalmente compreensível”, ressalta Lorena.

Internação de jovens é preocupante

A professora destaca que a taxa de crianças e adolescentes internados por covid-19 no mundo está elevada. “Nós temos dados mostrando que temos internações e óbitos mundialmente. No caso do Brasil, há uma evidência muito preocupante: uma taxa elevada nessa faixa etária de óbito.” Ela prossegue, explicando que, por isso, deveríamos estar reagindo para querer proteger esses jovens e vaciná-los.

E a vacinação ainda não avançou o necessário para adolescentes acima de 12 anos, com apenas 25% de vacinados.“Temos uma fragilidade nos protocolos, nas escolas, do uso de máscaras e distanciamento. Temos uma série de problemas e já estamos colocando crianças no ambiente onde há chance de estarem expostas ao vírus”, afirma Lorena.

Outro ponto reforçado pela professora é que a demora na vacinação ocorre por questões políticas, “que não estão baseadas na evidência e na investigação científica”. Nesse momento, o que precisa ser feito é dialogar com a comunidade de pais, com as escolas, para procurar tirar dúvidas, entender os desafios da situação e a importância da vacinação.

A professora escreveu um artigo sobre essa questão da luta injustificada e politizada contra a vacinação de crianças e adolescentes no Brasil. Para ler,  https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2022/02/A-luta-injustificada-e-politizada-contra-vacinacao-de-criancas-e-adolescentes-no-Brasil-ARTIGO-Profa.-Lorena-Barberia.pdf.

Fonte: Jornal da USP.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Desiludidos, brasileiros fazem êxodo sem precedentes

 Gazeta da Torre

Nunca antes tantos brasileiros viveram fora de seu país. Sobrecarregados pela insegurança e pelas dificuldades econômicas, a cada ano, dezenas de milhares de jovens e aposentados, ricos e pobres, fazem as malas para reconstruir suas vidas longe da maior economia da América Latina.

Historicamente uma terra de acolhimento de asiáticos, africanos e europeus, o Brasil agora vê seus filhos partirem: 4,2 milhões deles viviam no exterior em 2020, número que começou a crescer ininterruptamente desde 2016, quando o Itamaraty registrava três milhões de emigrantes.

A situação se aprofundou em 2019.

“Não sei se diria que estava infeliz (…) mas não via futuro. Já estava pensando em ter uma família e pensei: ‘não posso fazer isso aqui’. Eu amo meu país, minha família inteira está lá, mas, por enquanto, meu marido e eu não estamos pensando em voltar”, disse Gabriela Vefago Nunes à AFP.

Como muitos que buscam melhores empregos e qualidade de vida, esta enfermeira de 27 anos deixou sua terra natal em setembro para se estabelecer em Québec, no Canadá, o nono destino mais procurados por migrantes brasileiros, com 121.950 pessoas registradas.

Com quase 1,8 milhão, os Estados Unidos encabeçam a lista, seguidos por Portugal (276,2 mil) e Paraguai (240 mil), onde houve migração de perfil rural na década de 1970, segundo relatório recente do Ministério das Relações Exteriores.

– “Nada em troca” –

Os altos índices de violência, inflação, desemprego e o impacto da pandemia da covid-19 são os ingredientes do maior êxodo do Brasil, que supera a fuga migratória surgida em meados dos anos 1980 (1,8 milhão), então motivada pela hiperinflação, concordam especialistas ouvidos pela AFP.

“Agora se trata, principalmente, de uma questão econômica, de falta de oportunidades de trabalho, da impossibilidade de crescer no mercado, de ganhar mais dinheiro, poupar, comprar uma casa”, explica Gabrielle Oliveira, especialista em migração e professora da Universidade de Harvard.

“As pessoas perderam a confiança e se sentem, de alguma maneira, traídas por seu próprio país. Pensam: ‘Eu dei tanto e não recebo nada em troca'”, acrescenta.

O engenheiro mecânico Marcos Martins, de 58 anos, considera-se um privilegiado por ter uma vida profissional “mais bem-sucedida” do que boa parte dos brasileiros. Ainda assim, também pretende partir. E, em abril, espera já ter trocado a “estressante” cidade do Rio de Janeiro por Lisboa, onde pretende continuar seus empreendimentos, junto com sua mulher.

O relatório do Ministério brasileiro das Relações Exteriores não especifica idades, nem condições socioeconômicas, mas Oliveira afirma que os migrantes que vão para Estados Unidos e Europa têm perfis muito variados. Ainda assim, esclarece a especialista, em sua maioria, são jovens e homens.

Na diáspora dos anos 1980, aqueles que deixaram o país eram, principalmente, pessoas de maior poder aquisitivo. Agora, alguns brasileiros pobres vendem seus pertences e até se endividam para poderem migrar, de forma irregular, ou legalmente, relata Oliveira.

– Risco futuro –

Em Portugal, há vantagens fiscais para aposentados e empresários brasileiros, diz a publicitária carioca Patrícia Lemos. Em 2018, ela montou neste país europeu uma empresa para ajudar seus compatriotas a se mudarem e se adaptarem.

“Aqui, uma pessoa de 50, 60 anos, consegue trabalhar. No Brasil, não consegue trabalho nem para vender pipoca”, diz Patrícia, destacando que muitos de seus compatriotas se estabelecem com mais facilidade na Europa por terem nacionalidade portuguesa, ou italiana, produto da colonização, ou da recepção de migrantes da Itália.

Segundo especialistas, além de perder mão de obra qualificada de setores com alta demanda, como o de tecnologia, o êxodo pode ser um risco para o futuro do país, devido às projeções recentes que alertam para um envelhecimento populacional.

Em 2100, o grupo etário a partir dos 65 anos poderá representar 40,3% dos 213 milhões de brasileiros, contra 7,3% em 2010, segundo um relatório publicado em outubro passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia. O grupo abaixo de 15 anos cairá de 24,7% para 9%.

“É algo que, para o futuro, pode complicar muito, quando você vê muitas pessoas se aposentando e menos pessoas na idade produtiva”, alerta a especialista Gabrielle Oliveira.

Fonte: AFP