Gazeta da Torre
![]() |
Luiza Helena Trajano - Magazine Luiza |
Se é possível tirar algo de positivo da pandemia de
covid-19, é o fato de que nunca se falou tanto e nunca se fez tanto para
atenuar os impactos da desigualdade social no País.
Quem diz isso é a presidente do Conselho de Administração
do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da
FecomercioSP, Luiza assegura que, em razão da crise de saúde pública, “nunca vi
nos meios de grandes empresários se falar tanto” sobre desigualdade social como
na atualidade. De acordo com ela, a pandemia “aumentou muito o nível de
consciência”, ao escancarar o desequilíbrio socioeconômico brasileiro.
“A epidemia nos fez voltar à escravidão, porque só
tivemos dois papéis: o do colonizado e o do colonizador. Então, nunca achamos
que o Brasil era nosso. Sempre era [de] Portugal, sempre [dependente da] a
China, sempre [dependente dos] os Estados Unidos”, reflete a empresária. “Acho
que, desta vez, melhoramos muito o papel daquilo que sempre falei, que era de
cidadão, que o Brasil é nosso. Acho que é uma herança, dentro desta catástrofe
que estamos vivendo, positiva que vai ficar para nós”, acredita.
Também à frente do Unidos pela Vacina – movimento que
reúne empresas e organizações da sociedade civil com o objetivo de imunizar
todos os brasileiros contra covid-19 até setembro de 2021 –, Luiza conta que o
grupo atua próximo aos governos para prover condições de vacinação em todos os
municípios do País, implementando ações capazes de cobrir dificuldades com as
quais o setor público teria de lidar por conta própria.
Além disso, ela defende uma vacinação ampla, descartando
adquirir doses exclusivas para a sua empresa. “Não adianta vacinar o Magazine
Luiza. Mesmo que déssemos 50% [ao Sistema Público de Saúde], são 44 mil
pessoais [na companhia]. E deixamos as famílias sem vacinar? O ônibus sem
vacinar? O metrô sem vacinar? Então, tem de ser para todos os brasileiros”,
frisa.
Combate ao racismo e empoderamento feminino
Em 2020, o Magazine Luiza abriu o primeiro programa de
trainee só para candidatos negros. Luiza revela que a ideia partiu de Frederico
Trajano, seu filho e atual CEO da varejista, e de sua equipe. “O racismo é
estrutural. A gente não reconhece que o temos. Eu descobri o meu há quatro ou
cinco anos e me emociono toda vez que falo nisso, porque achava que não tinha”,
conta.
Reconhecida como uma das lideranças femininas mais
importantes do País, a executiva atribui a sua trajetória bem-sucedida nos
negócios aos valores familiares. “Fui criada em uma família de empreendedoras.
Levei esta vantagem de viver em um lugar onde as mulheres já tinham esta força.
E a minha família acreditava muito na força feminina”, pontua.
Fonte:UM Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário