terça-feira, 27 de junho de 2023

Brasil pretende aprovar leis eólica offshore e hidrogênio verde até o final do ano, diz ministro da energia

 Gazeta da Torre

Ministro da Energia, Alexandre Silveira

O Brasil pretende aprovar uma estrutura regulatória para energia eólica offshore e hidrogênio verde até o final deste ano, disse o ministro da Energia do país à Reuters nesta terça-feira, enquanto o maior país da América Latina busca desbloquear novos setores para abastecer seus transição energética.

O presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva apostou sua reputação internacional na reformulação das credenciais ambientais do Brasil, que foram derrotadas por seu antecessor de extrema direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula e seus assessores adotaram a transição para uma economia verde como foco de suas políticas de desenvolvimento impulsionadas pelo Estado.

Como parte desses esforços, o ministro da Energia, Alexandre Silveira, destacou um próximo leilão de linhas de transmissão para transportar energia solar e eólica onshore do nordeste do país para usinas no sul. Com um piso de R$ 16 bilhões, o leilão pode liberar R$ 200 bilhões (US$ 41,79 bilhões) em investimentos, disse ele.

Atualmente, o Brasil não possui legislação em vigor para regular a energia eólica offshore e o hidrogênio verde. No início de janeiro, o governo brasileiro emitiu um decreto que abriu espaço para o desenvolvimento da geração de energia eólica offshore no país. Algumas empresas, como Shell e Equinor , demonstraram interesse.

"Acreditamos que até o final do ano teremos uma estrutura regulatória segura para plantas offshore para apresentar ao mundo", disse Silveira, explicando que seu ministério também espera ter regulamentação para projetos de hidrogênio verde no mesmo período.

"O hidrogênio verde é uma possibilidade real para expandirmos muito nossa posição em energia limpa e renovável", disse ele.

As esperanças de Lula por uma economia verde surgem quando a petrolífera estatal Petróleo Brasileiro enfrenta desafios para reabastecer suas reservas de petróleo.

Os reguladores ambientais frustraram recentemente as esperanças da Petrobras de explorar perto do rio Amazonas, onde pretendia fazer sua primeira grande descoberta doméstica de petróleo em mais de uma década.

Silveira disse ainda acreditar que é importante para a Petrobras explorar a Foz do Amazonas, onde o maior rio do mundo se encontra com o Oceano Atlântico, desde que a empresa siga as regras ambientais.

Após esse revés regulatório, a Reuters informou que a Petrobras pode olhar para o exterior em busca de crescimento futuro. Questionado sobre sua opinião, Silveira disse que embora a empresa ainda tenha "muito a fazer no Brasil... nada impede que ela também tenha uma visão mundial quando se trata de sua estratégia internacional".

Silveira disse que o governo tomará uma decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 ainda este ano. As obras, orçadas em R$ 20 bilhões, representam um "grande desafio", disse Silveira, já que o governo deve conciliar a necessidade de segurança energética com custos provavelmente mais altos para os consumidores.

Reportagem de Catarina Demony e Miguel Pereira em Lisboa, Edição de Gabriel Stargardter e David Evans - Reuters

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segunda-feira, 26 de junho de 2023

O futuro da moda é circular

 Gazeta da Torre


Em 2022, Natália Ba, bacharel em Negócios da Moda, mestre em Gestão de Design e criadora da marca Guilla Brazil, conversou com a mediadora Juliana Bastos, mestranda do curso de Têxtil e Moda da USP, voluntária do Sustexmoda  sobre algumas questões que envolvem a circularidade da moda. A convidada desenvolve e gerencia produtos sustentáveis, voltados para empresas que desejam adaptar seu modelo de negócios à economia circular da indústria da moda.

Ela explica na live – ‘O futuro da moda é circular - Natália Ba’ (YouTube) que, de modo geral, o que rege a indústria da moda atualmente é a economia linear, que compreende os processos de extração, produção, consumo e descarte de um produto. Na economia circular, a cadeia têxtil deve acontecer em um círculo fechado, onde a matéria que entra jamais pode ser descartada, ela deve ser reaproveitada e passar por um novo ciclo de usabilidade. Os princípios bases desse ecossistema englobam um ciclo biológico e um ciclo técnico.

O ciclo biológico procura eliminar resíduos e poluição desde o princípio da produção, manter os materiais em uso e regenerar os sistemas naturais. Já no ciclo técnico, a matéria deve passar por processos que mantenham ou prolonguem seu ciclo de vida, sejam eles reciclagem, remanufatura, reutilização ou redistribuição. Para Natália, não há como discutir sustentabilidade sem abordar a economia circular.

Durante a live, ela também diz que desenvolveu sua tese de mestrado voltada para todos os agentes responsáveis pela produção e descarte indevido de lixo têxtil. Para além das ações de empresas, ela investigou de que maneira os consumidores poderiam participar e colaborar para o desenvolvimento de uma cadeia têxtil mais sustentável.

Tanto sua pesquisa quanto um relatório sobre consumidores responsáveis do Instituto Akatu — organização sem fins lucrativos que mobiliza o consumo consciente — indicaram que o público deseja que as marcas atuem de forma sustentável, mas não querem se responsabilizar com o descarte da compra. “Se o consumidor quiser jogar uma peça no lixo, não temos o que fazer. Mas se nós, marcas e professores, fizermos uma pesquisa e educarmos esse consumidor, acredito que conseguiremos mudar isso”, afirmou Natália.

Algumas soluções encontradas pela convidada seriam o upcycling, o downcycling e a reciclagem. O upcycling, como citado anteriormente, é um processo de transformação de resíduos têxteis em novos materiais com melhor qualidade e valor ambiental. A reciclagem é a recuperação de um produto para que ele possa ser reutilizado sem perder suas características técnicas. Já o downcycling é um método de reciclagem geralmente utilizado em materiais que não podem ser reciclados continuamente, como o plástico. Esse processo confere menor qualidade e durabilidade ao objeto, ainda que auxilie a diminuir o descarte inapropriado.

Além dessas práticas, Natália cita a logística reversa, processo no qual o consumidor devolve um produto usado para o comerciante e/ou distribuidor do qual comprou, concedendo a oportunidade de reaproveitamento do material para a empresa.

O aspecto mercadológico da problemática também foi abordado durante o bate-papo. Segundo Natália, é necessário observar quais processos são empregados em cada empresa para ser possível revertê-los em estratégias sustentáveis gradualmente. Mas ela alerta que é preciso ter cuidado para não praticar o greenwashing — técnica de marketing que promove discursos, ações e propagandas sustentáveis que não se sustentam na prática.

*Assista a live na íntegra: 'O futuro da moda é circular - Natália Ba'  

https://www.youtube.com/watch?v=Zd_Ch72XWe4

Fonte: Jornal da USP

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terça-feira, 20 de junho de 2023

O fole roncou! Uma história do forró

 Gazeta da Torre

Um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros, o forró tem uma história cheia de episódios marcantes. Nascido a partir da mistura de ritmos nordestinos como baião, xaxado, coco, arrasta-pé e xote, existe há mais de sete décadas, sobrevivendo aos muitos modismos.

O Fole Roncou! reconstitui sua trajetória e revela histórias curiosas e divertidas de grandes nomes da música popular, como Luiz Gonzaga, personagem central dessa trama; Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Genival Lacerda, Anastácia, Antonio Barros e Sivuca.

O livro exigiu três anos de trabalho, cerca de 80 entrevistas e pesquisas em acervos da Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Rio de Janeiro. Simultaneamente, os autores Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues foram construindo a narrativa, sempre guiados por conversas e – muitas – descobertas. O resultado é um livro cheio de histórias contagiantes, marcadas pela sanfona, por muito suor e chamego.

Sobre os autores

Paraibano de João Pessoa, Carlos Marcelo Carvalho é formado em jornalismo pela UnB. Foi repórter, editor de cultura e editor-executivo do Correio Braziliense e um dos ganhadores do Prêmio Esso 2005 (na categoria Primeira Página). Desde 2011, é editor-chefe do Estado de Minas. Escreveu os livros Nicolas Behr: eu engoli Brasília (2003) e Renato Russo: o filho da revolução (2009).

Rosualdo Rodrigues nasceu em Coremas, interior da Paraíba. Formou-se em jornalismo pela UFPB e trabalhou no Jornal de Brasília e no Jornal da Paraíba nas funções de redator, repórter e secretário de redação. A maior parte da carreira, porém, foi desenvolvida no Correio Braziliense, como subeditor de cultura, repórter e crítico musical (1992-2002), atividades que voltou a exercer, no mesmo jornal, a partir 2008.

Fontes: Amazom; Livraria 30Porcento;

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Além do preconceito de gênero, mulheres negras têm trabalho em dobro para comprovar capacidadena ciência e na tecnologia

 Gazeta da Torre

Doutora Sonia Guimarães

Durante muito tempo, foi difundido na sociedade que o cérebro da mulher não era biologicamente capaz de lidar com temas complexos — como os relacionados às ciências exatas —, deixando de liderar uma nação e todas as áreas inerentes ao interesse coletivo, como Economia, Tecnologia, Segurança e Saúde. No Brasil, em especial, essa barreira historicamente sempre foi imposta desde cedo às meninas. A reflexão é de Sonia Guimarães, doutora em Física e professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das mais prestigiadas instituições de ensino brasileiras. Sonia é a primeira mulher negra do País a se tornar doutora em Física.

“Até 1996, mulheres eram impedidas mesmo de prestar vestibular para o até ITA. Hoje, as melhores notas do vestibular são de mulheres. A melhor nota dentre quem se seguiu em 2022 foi de uma mulher, com 9,5 em todas as engenharias. A luz no fim do túnel para elas está em parar de acreditar na história de que são menos capazes. As campeãs das Olimpíadas de Física e Matemática são meninas; os países que menos tiveram mortes por covid-19 têm presidência feminina ou uma mulher como ministra da Saúde. Elas não são menos capazes, só estão chegando ao poder aos poucos”, argumenta. Desde o início da década de 1990, Sonia já lecionava no ITA, a única mulher negra dentre as pouquíssimas no campus, tendo em vista que, na época, elas não podiam ingressar como estudantes.

No bate-papo, a cientista ressalta que a melhor forma de atrair o público feminino desde cedo para carreiras que envolvem ciências exatas e tecnologia é mostrar os exemplos de mulheres que não apenas não acreditavam na falácia da incapacidade, como também estão chegando aos mais altos cargas e posições, representando, inclusive, 70% das publicações científicas do País.

Fonte:UM Brasil

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A 23ª Fenearte - entre os dias 5 e 16 de julho

 Gazeta da Torre

A Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) será realizada entre os dias 5 e 16 de julho de 2023

A edição deste ano tem como tema "Loiceiros de Pernambuco - Arte da terra, poesia das mãos", em homenagem à arte feita com barro por povos indígenas.

O evento, realizado pelo Governo do Estado, por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), é um dos mais aguardados do calendário anual para artesãos e artesãs de Pernambuco e uma das maiores do Brasil.

A edição seguirá o mesmo padrão das demais já realizadas e funcionará das 14h às 22h durante os 12 dias de feira.

O espaço contará com 5 mil expositores inspirados pelo espaço de 30 mil m². Além disso 26 estandes com artes de outros países como Angola, Emirados Árabes, Filipinas, Peru, Turquia e Tailândia.

Os visitantes, por sua vez, podem comparecer à feira durante os dias de programação. A entrada custará em média R$15,00 inteira, bem como R$7 a meia entrada.

Feneart

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segunda-feira, 5 de junho de 2023

Retórica da moralidade domina debate público e valoriza mais governantes do que instituições

 Gazeta da Torre

Em um discurso inflamado, um deputado recentemente cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levantou as bandeiras da religião e da moralidade contra uma decisão jurídica. Apesar do estranhamento na repercussão desse episódio nas redes sociais, as ideias de que a sociedade brasileira precisa ser cristã, da família branca, heterossexual e temente a Deus conversam com uma parcela grande da sociedade e não irão desaparecer, de forma que a esquerda se engana ao pensar que essas crenças estão apenas associadas a um modo de vida tradicional que irá sumir com a modernização, defende Angela Alonso, professora de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Na entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), ela fala sobre os dez anos dos protestos de junho de 2013, que culminaram, anos mais tarde, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O tema é tratado no seu livro recém-lançado Treze: a política de rua de Lula a Dilma. A entrevista marca a estreia da série Brasil com S, que surge da parceria entre a revista Exame e o UM BRASIL — e que trará diversos nomes dos cenários nacional e internacional para debater os principais temas do País.

Um dos pontos que Angela avalia no bate-papo, comandado pelos jornalistas Gilson Garrett Junior e Vinícius Mendes, é como, durante os últimos dez anos, a moralidade tenha se tornado um tema predominante na política, nas manifestações e nos discursos. Para ela, é preciso contextualizar a “grande-angular da moralidade”, ou seja, como o tema vem, cada vez mais, permitindo se juntar, como que debaixo de um guarda-chuva, os que eram “injuntáveis”: pessoas pró-mercado e defensores das liberdades individuais, assim como os favoráveis ao regime militar e superautoritários. “E ainda coube os evangélicos, em defesa da moralidade privada. Esse grande ‘guarda-chuva moralizador’ que foi juntando gente se mostrou um dos grandes temas de junho de 2013, sem contar os protestos subsequentes. [O discurso que vemos hoje] é menos sobre o que os governos de esquerda fizeram e mais sobre como isso foi lido por essa parte da sociedade”, enfatiza.

A socióloga ainda explica que, para a direita brasileira, a discussão em torno de temas mais caros à esquerda, como os problemas sociais do País, nunca é encarada de fato, em decorrência do receio de se perturbar a hierarquia social. Contudo, esse mesmo grupo novamente apela à moralidade quando defende que, antes de discutir as políticas contra a desigualdade, é preciso que exista um governo moralmente impoluto. “Essa retórica da moralização passou a dominar o debate político, de que são os bons governantes que devem ser valorizados, e não as boas instituições e as boas políticas”, sinaliza. “Os discursos recentes de parlamentares continuam tentando trazer de volta a conversa para o plano da moralidade e tirá-la da desigualdade.”

Movimentos nas ruas a partir das jornadas de junho de 2013

Na entrevista, Angela explica que uma parte do que vimos em 2013 cresceu nos anos seguintes. “Junho era um mosaico com muitos grupos e movimentos, com objetivos e agendas diferentes, que estiveram ao mesmo tempo nas ruas, pois tinham em comum o partido do governo federal — mas não havia um projeto e uma direção em comum”, destaca. Nos anos seguintes, as ruas foram tomadas por movimentos de feições mais liberais, conservadoras, e outros francamente reacionários.

Há algumas definições para o que foi aquele momento: crise de representação, reação contra o sistema político e a tese do “sequestro” (uma das mais predominantes atualmente), que defende que se tratava de um protesto de esquerda, mas que a direita tomou conta. “O ponto que eu defendo no livro é que não foi só nem uma coisa nem outra. Todas essas forças estavam, ao mesmo tempo, nas ruas. Quando ‘andamos’ apenas de junho para frente, acabamos considerando que foi aquilo que produziu o bolsonarismo. Eu fui olhar o passado para entender as origens desses movimentos”, afirma.

A socióloga ainda lembra que os protestos foram considerados pelo governo federal, à época, como de esquerda, de modo que as políticas de resposta ocorreram apenas nessa direção. Contudo, o slogan inicial dos protestos — contra o aumento de R$ 0,20 no aumento da passagem de ônibus em São Paulo — foi criado por gente que não pertencia à esquerda. “Essa parte da rua não foi chamada para negociar naquele momento. A gente pode pensar o que teria acontecido se os movimentos de feição mais liberal e conservadora também tivessem sido considerados. Será que não teriam deixado a rabeira autoritária no sereno?”, questiona.

UM Brasil

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