Gazeta da Torre
Em 1949, o advogado Frank MacNamara estava reunido com
alguns executivos financeiros em um restaurante na cidade de Nova York e se deu
conta que não estava com dinheiro e muito menos com o seu talão de cheque para
pagar a conta. Ele não teve dúvidas, pegou o seu cartão de visita, assinou e se
comprometeu a pagar no dia seguinte o valor que estava em aberto naquela noite.
E daquele cartão de visita que abriu a possibilidade do crédito para o
pagamento posterior, foi estruturado o Diners Club, já num perfil diferente do
cartão de crédito que tinha surgido em 1920, em que era concedido apenas para
os clientes mais fiéis de determinados estabelecimentos, com os quais se tinha
uma relação confiável, uma vez que os mesmos reconhecidamente pagavam suas
contas em dia.
O Diners Club fundado por MacNamara, por sua vez, era
aceito em 27 restaurantes, e naquela época era usado apenas por pessoas
consideradas importantes, cerca de 200 amigos do fundador. Em 1958, veio o
American Express e em 1966 o cartão BankAmericard se tornou um sucesso, pois
era aceito em mais de 12 milhões de estabelecimentos e, pouco tempo depois,
passou a se chamar Visa. Naquele mesmo ano, foi criado o MasterCard, bandeira
de cartão bastante sólida e também conhecida mundialmente.
Temos cinco marcas bastante conhecidas pelo brasileiro,
consolidadas pelo tempo de mercado: Visa, MasterCard, Amex, Diners e o
Hipercard, que é um caso de sucesso pela forma que surgiu, avançou e se
consolidou, e mais recente, a bandeira Elo tem crescido e conquistado seu espaço.
E o brasileiro não ficaria por aí. Assim como inventou o
famoso cheque pré-datado, que surgiu na década de 80, que, caso você não saiba,
era uma modalidade diferente do uso padrão, pois no pré-datado o cheque ficava
guardado por quem o recebeu, para que fosse creditado apenas na data combinada
entre as partes, ou seja, adiante acontecia a efetivação do pagamento. Inventou
também as compras parceladas no cartão de crédito, que surgiram com força e de
forma pioneira por aqui e representa mais da metade do faturamento do segmento
de cartões de crédito no país, o que é bastante representativo.
E aí vem a questão de educação financeira, claro, eu não
podia deixar de contextualizar. O crédito é perigoso para o brasileiro,
infelizmente, mas essa é a realidade. De modo geral, as pessoas não fazem uso
adequado do cartão de crédito, parcelam de forma exagerada, trazendo
descontrole para o orçamento.
Tanto que, normalmente, quando me deparo com algum aluno
ou cliente endividado, tem ali no meio um cartão de crédito mal utilizado, o
que me dá a certeza que para muitos não é uma ferramenta, mas uma arma que
aterroriza a vida financeira de uma quantidade absurda de pessoas.
A oferta está cada vez maior e mais incisiva, muitas
pessoas passam não só a ter, como usar mais de um cartão no dia a dia, isso
aumenta a possibilidade de descontrole, de endividamento e inadimplência, tal
como de assumir mais despesas com anuidade.
E os cartões com cobrança de anuidade, são vantajosos
para poucos na prática, pois maior parte das pessoas não gasta o suficiente
para realizar o sonho de juntar milhas para uma boa viagem. Termina que precisa
aguardar mais tempo para juntar mais milhas, que logo começam a expirar, de
forma que o objetivo da viagem termina indo por água abaixo.
E a cautela vai além da análise de se beneficiar com as
milhas, que, diga-se de passagem, muitos gastam no cartão para juntar milhas,
mas sequer sabem quando elas vencem, desconhecem a relação de milhas por dólar
gasto do cartão. Pois é, assim que maior parte deles funciona: você junta
milhas de acordo com o valor de sua fatura em dólar. E como vinha dizendo, a
cautela vai além, precisa ser redobrada em relação às compras parceladas, que
se forem feitas em grande quantidade, somam valores que muitos desconfiam.
Há uma significativa falta de organização e percepção,
doce ilusão que faz acreditar que ao passar o cartão a conta está paga, mas
absolutamente não está, ao digitar os 4 ou 6 dígitos, você apenas “assinou” uma
promissória a pagar. Olho vivo, não faça dessa poderosa ferramenta de crédito
uma extensão do seu salário, quando bem utilizado o cartão é realmente
incrível, quando mal aproveitado costuma ser bem desastroso.
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Grande abraço e até breve!
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