quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Você conhece o FGC?

 Gazeta da Torre -

Ele pode ser o que falta para você começar a investir melhor

Certamente, você já ouviu falar que conhecimento é liberdade! No mundo dos investimentos, essa máxima agrega, literalmente, mais valor. Não só isso, mas também tranquilidade e segurança. Sim, tendo conhecimento em relação à proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), a consequência inicial é sair da poupança e começar a investir em tantos outros produtos tão seguros quanto a “queridinha” dos brasileiros (a poupança), e com melhor retorno para o curto, médio e longo prazo. 

O FGC é uma entidade privada, sem fins lucrativos, e sem utilização de recursos públicos em sua fundação e manutenção, que proporciona mais segurança para o investidor, com a possibilidade de investir em instituições financeiras de porte menor que as mais tradicionais e conhecidas, devido à cobertura que ele oferece para investimentos feitos em determinados produtos financeiros.

Até 250 mil reais, por CPF ou CNPJ (salvo algumas modalidades de pessoa jurídica, como fundos), por instituição, está protegido no caso de aquela instituição “quebrar”. Esse benefício é limitado até 1 milhão por investidor. Ou seja, se você tiver investimentos de até 250 mil reais em quatro instituições diferentes, e todas elas “quebrarem”, você consegue o resgate do montante. A validade é de 4 anos. Isso quer dizer que, se você usou desse benefício, 4 anos depois pode usar novamente.

O que trago aqui é fruto, entre outros meios, também do podcast que gravei com Daniel Lima, CEO do FGC, e que você pode acompanhar na íntegra no meu canal do YouTube ou na sua plataforma de áudio favorita, procurando por Leandro Trajano.

Uma curiosidade comum das pessoas é como o FGC cria esse lastro para dar essa tranquilidade ao investidor. As instituições financeiras associadas ao FGC (hoje são 222), contribuem mensalmente com 0,01% do total dos recursos que estão aplicados nos produtos elegíveis à cobertura pelo FGC. Esta contribuição é definida em resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional).

Assim, vai se constituindo essa segurança! O patrimônio do FGC é divulgado semestralmente. O relatório mais recente foi publicado em setembro de 2022 e aponta um patrimônio de R$ 100,7 bilhões no encerramento do primeiro semestre do ano passado. A liquidez do Fundo, em relação ao total de depósitos elegíveis, cresceu de 2,11% para 2,20% (passou de R$ 71,5 bilhões para R$ 78,7 bilhões, um aumento de aproximadamente 10%).

Os principais produtos contemplados pela cobertura do FGC são: poupança, CDB, LCI, LCA, LC e RDB. Todos esses produtos, e até o valor que esteja em conta corrente das 222 instituições financeiras associadas, têm a proteção do FGC. Assim como o RDC das Cooperativas de Crédito, que é protegido pelo FGCoop.

Em 2022, em números absolutos, 475,3 milhões de contas se encontravam 100% cobertas, correspondentes a 99,6% do total de 476,8 milhões de contas existentes. Isto é, 99,6% dos clientes das instituições associadas estão 100% cobertos pela garantia ordinária de R$ 250 mil.

Uma pergunta interessante é:

Quanto do volume de investimentos elegíveis está concentrado nos cinco grandes bancos?

Considerando as informações do Censo Mensal do FGC, que passaram a ser divulgadas (a partir do dia 22 de cada mês) por segmento, quando analisamos os depósitos e investimentos elegíveis no segmento S1 (sobre isso, se interessar, saiba mais no anbima.com.br), temos R$ 2,9 trilhões do total de R$ 3,7 trilhões, o que corresponde a cerca de 78% do total de depósitos e investimentos elegíveis à garantia nas associadas. Ou seja, do valor total dos elegíveis à cobertura do FGC, um percentual significativo está nos grandes bancos, que tem uma probabilidade muito menor de levar seus clientes a acionarem o FGC.

Hoje, o prazo médio para o processo de devolução pelo FGC é de 35 dias, com casos em que esse tempo foi de apenas duas semanas e outros que ultrapassaram a expectativa. Isso depende dos trâmites da instituição e dos investimentos, mas tem sido cada vez mais rápido, principalmente depois do aplicativo desenvolvido para facilitar o processo. Importante ressaltar que os brasileiros que moram fora do país, mas mantém os investimentos no Brasil, também têm acesso a essa mesma proteção nos produtos cobertos pelo FGC.

Em outubro de 2020, o FGC lançou seu primeiro aplicativo. O app substituiu o antigo processo de pagamento de garantias, pelo qual o cliente – pessoa física com valores cobertos pelo FGC em uma instituição que entrou em intervenção ou liquidação decretada pelo Banco Central do Brasil – tinha de comparecer em uma agência bancária indicada pelo FGC para assinar o termo físico para recebimento dos valores. O que torna o processo mais prático, simples e vem se trabalhando para acelerar mais o prazo de devolução do valor elegível para o cliente.

Reforço que hoje são 222 instituições vinculadas ao FGC. Conforme determina o CMN, a associação ao Fundo é compulsória para instituições financeiras de diferentes finalidades, como grandes bancos de varejo, bancos de investimento, sociedades de crédito, entre outras. Você pode acessar a lista delas e mais informações no site www.fgc.org.br.

Com a atuação do FGC, a garantia de investir nos grandes bancos, nesses produtos que aqui relacionei, são as mesmas de investir através de corretoras nos bancos de pequeno e médio porte. A diferença é que nesses o investidor tem acesso a uma rentabilidade melhor. Com essa segurança, é possível se arriscar um pouco mais em busca de um retorno melhor!

Por fim, assunto muito falado e que agitou o mercado financeiro nos últimos dias, a recuperação judicial das Americanas (AMER3), como você já deve ter entendido, está fora do que o FGC protege, assim como os demais produtos negociados na bolsa, também os fundos de investimentos e os títulos do tesouro direto.

Sim, conhecimento é liberdade, e se você ainda está na poupança ou se limita a investir nos grandes bancos, não perca tempo (e dinheiro), se mexa e amplie o seu horizonte, diversifique a sua carteira e contribua com o seu futuro.

 

Abraço e até a próxima!!!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

INFECÇÃO ALIMENTAR - Pesquisadores da USP descobrem mecanismo de ataque utilizado pela Salmonella contra a microbiota intestinal

 Gazeta da Torre -

Estudo pode ser útil para o desenvolvimento de novos medicamentos probióticos contra a salmonelose – doença infecciosa causada pela contaminação da Salmonella que ataca o aparelho gastrointestinal

Há milhões de anos, as bactérias competem entre si para sobreviverem. Elas se utilizam de diferentes estratégias para tentar matar suas concorrentes e assim garantir alimento para se proliferarem. A Salmonella, bactéria da família das Enterobacteriaceae que causa intoxicação alimentar, usa toxinas com essa finalidade contra membros da microbiota intestinal. Faltava, no entanto, descobrir quais eram essas toxinas e como elas atuam – feito que coube a pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Publicada na revista científica eLife, a descoberta abre caminho para um novo alvo de terapia contra a salmonelose – doença que ataca o aparelho gastrointestinal e é uma das principais causadoras de infecções alimentares no mundo. De acordo com Ethel Bayer Santos, jovem pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenadora do laboratório responsável pelo estudo, situado no Departamento de Microbiologia do ICB, foram caracterizadas quatro toxinas, denominadas TseVs, que nunca haviam sido estudadas.

“As toxinas possuem regiões de proteínas que geralmente são encontradas em enzimas que atuam no reparo de DNA [momento no qual a célula identifica e corrige os danos das moléculas de DNA]. No entanto, em vez de reparo, as toxinas causam dano no DNA, e atacam ele no momento da sua replicação, quando são formadas estruturas em formato de Y”, explica.

Elas são disparadas pelo sistema de secreção do tipo 6, que são grandes complexos de proteínas, em formato de uma lança contrátil, que se encontram na membrana das bactérias. A Salmonella encosta na membrana da competidora e libera as toxinas dentro dessas células, eliminando a competição e ficando livre para infectar as células do intestino do hospedeiro. “Já havia sido mostrado que Salmonella pode intoxicar os membros da microbiota, mas é a primeira vez que foi descrito uma toxina antibacteriana que tem como alvo estruturas específicas de DNA”, explica Bayer Santos.

As infecções pela Salmonella ocorrem principalmente por causa de alimentos contaminados, seja pela ingestão de carnes e ovos crus ou malpassados, pela manipulação dos alimentos sem a devida higienização ou contaminação cruzada. As infecções em humanos são causadas por sorotipos de Salmonella enterica, sendo mais comuns S. Enteritidis e S. Typhimurium.

A contaminação geralmente causa gastroenterite, doença caracterizada pela inflamação e irritação no sistema digestivo, ocasionando sintomas como diarreia, dor abdominal, cólicas, náuseas e vômitos. No entanto, novas cepas que surgiram na África mostraram-se invasivas, afetando outros órgãos e causando infecções sistêmicas, que podem ser fatais.

“Ao entender como essas toxinas afetam a microbiota, talvez possamos vir a ter um novo medicamento probiótico que possa promover resistência a infecção por esses patógenos, auxiliando na prevenção e melhora dos pacientes.”

Microscopia e bioinformática

Nos estudos in vitro, os pesquisadores observaram os ataques na dupla fita de DNA em dois ensaios de microscopia. “Observamos as bactérias crescendo e competindo umas com as outras, depois contamos quantas sobreviveram e se era possível ter mutações que possibilitassem sua adaptação. Vários fragmentos de DNA também foram sintetizados artificialmente para verificar em quais estruturas aconteciam os ataques”, detalha Julia Hespanhol, mestranda em microbiologia e uma das responsáveis pela pesquisa.

Além da microscopia, foram empregadas técnicas de bioinformática para encontrar outras bactérias que têm sequências de toxinas similares em seus genomas. “Nossas descobertas podem ser aplicadas a outros grupos de bactérias, como as Pseudomonas [causadoras da fibrose cística] e outras enterobactérias [bactérias da mesma família da Salmonella]”, destaca Daniel Sanchez, doutorando em microbiologia pelo ICB que também participou do estudo.

Da Assessoria de Comunicação do ICB

Bloco Galo da Madrugada completa 45 anos

Conforme informação de sua diretoria, tudo começou de uma ideia despretensiosa de amigos e familiares, que apenas desejavam criar uma brincadeira para reviver os antigos carnavais de rua do Recife. Agora, o maior bloco de Carnaval do mundo, segundo o Guinness Book.

Fonte: Galo da Madrugada

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Busca por medicamentos para a saúde mental cresce a cada ano no Brasil

 Gazeta da Torre

A utilização desses fármacos pode ser prejudicial se não houver orientação médica, advertem especialistas

A comercialização de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce a cada ano no Brasil. Conforme dados do Conselho Federal de Farmácia,  a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021. A população brasileira recorre de forma progressiva aos fármacos em situações relacionadas à saúde mental. De acordo com um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas com ansiedade. Esses dados podem explicar o “sucesso” de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos.

Wellington Barros da Silva, professor da área de Epidemiologia da Universidade Federal de Sergipe e consultor do Conselho Federal de Farmácia, aborda a atuação dos antidepressivos e estabilizadores de humor no organismo humano: “Esses medicamentos, de uma forma geral, alteram o que nós chamamos de mediadores químicos, substâncias que o nosso organismo produz, responsáveis pelos estágios de humor.” Como, por exemplo, a dopamina e a serotonina, importantes neurotransmissores.

A produção dessas substâncias pelo corpo humano influencia diretamente o estado de humor das pessoas. Problemas como depressão e ansiedade alteram o funcionamento dos mediadores químicos e os medicamentos agem regulando a produção desses mediadores, com o objetivo de estabilizar a condição emocional de quem passa por isso.

Sobre os efeitos dos ansiolíticos e sedativos, Alline Cristina de Campos, professora do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explica: “Eles vão atuar primeiramente no nosso cérebro, nele existem receptores específicos para esses fármacos. O que os remédios vão fazer é facilitar a inibição do nosso cérebro através de um neurotransmissor chamado Gaba e diminuir a ansiedade.” O Gaba é o ácido aminobutírico, principal neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. Ele atua como indutor de relaxamento e facilitador de concentração.

Por agirem diretamente no sistema nervoso, os antidepressivos e ansiolíticos devem ser utilizados com cuidado. Andréa, nome fictício que utilizamos para identificar uma pessoa que faz uso dos medicamentos, conta os efeitos colaterais do uso do Zolpidem, indicado para atenuar os efeitos de um antidepressivo: “Não deu muito certo, eu tinha muitas alucinações, cheguei a ser atendida pelo Samu por conta delas. Eu tinha amnésia muito forte e esquecia que eu tinha tomado o remédio, algumas vezes eu tomei novamente e as alucinações só aumentaram. Eu tive que ir ao médico porque acabei me tornando um perigo para minha própria vida por conta de tanta alucinação com esse remédio”.

O acompanhamento médico é fundamental para entender e controlar os efeitos desses fármacos. “Quando nós estamos há muito tempo sob o efeito desse medicamento, nosso corpo se acostuma e é como se o nosso cérebro começasse a produzir menores quantidades desses neurotransmissores. Se você retirar abruptamente esse medicamento, vai causar a ausência desse neurotransmissor, não completamente, mas no nível que o nosso cérebro precisa”, alerta a professora Alline. Desse modo, um processo de adaptação é necessário para readaptação do cérebro.

Perigo do uso indiscriminado

Assim como qualquer medicamento, os antidepressivos ou ansiolíticos podem causar a dependência dos pacientes se forem utilizados de forma indiscriminada. Wellington da Silva explica os aspectos fisiológicos desse uso: “Quando há alteração na produção dessas substâncias no organismo, ele tenta se reequilibrar reagindo ao medicamento, porque é uma substância estranha no nosso corpo”. A dependência passa pelas diversas alterações no mecanismo biológico do organismo humano.

Além disso, Silva também menciona os fatores sociais e culturais, em especial da sociedade brasileira. “É o uso abusivo e, muitas vezes, desnecessário de medicamentos que induz você a provocar um desequilíbrio entre o uso desse medicamento e a resposta do organismo. Isso vai provocar o fenômeno que nós chamamos de dependência”, aponta.

Andréa detalha a sua relação com os medicamentos e alerta para a importância de um suporte profissional: “Eu não tinha uma dependência química, mas eu tive uma dependência psicológica dele, às vezes, o fato de eu ter ou não ter é muito significativo na questão da ansiedade. Se eu não tenho remédio, às vezes eu fico ansiosa só pelo fato de não ter, eu gosto da segurança de ter, às vezes eu sinto necessidade de tomá-lo por conta dessa questão psicológica”.

Ela ainda comenta que são remédios muito perigosos, mas necessários em alguns casos. Para Andréa, o principal é saber até que ponto é necessário consumir o medicamento, ter o acompanhamento médico, saber a hora de parar e parar da forma certa. O processo de desmame, que consiste em uma redução gradual da dose para minimizar os efeitos do remédio, é fundamental.

A pandemia ocasionada pelo vírus da covid-19 também foi um fator considerável para o aumento da comercialização desses fármacos. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 17% e, de 2020 para 2021, foi de 12%. O período de isolamento social e a incerteza sobre o coronavírus deixaram marcas na sociedade. “É um indício de que a pandemia de fato afetou a saúde mental das pessoas, provavelmente em função de algumas questões, como o confinamento a que nós fomos obrigados a ficar e a própria situação de ansiedade que é provocada por uma doença da qual não se tinha conhecimento nem nada”, indica Wellington da Silva.

Fonte: Jornal da USP

A OSTEOPATIA e o PILATES

A osteopatia é realizada por meio de técnicas manuais em pontos específicos do corpo que ajudam a encontrar a sua autocura.

Uma terapia que promove uma avaliação completa do paciente para diagnosticar os problemas e garantir o tratamento adequado, sendo realizada por métodos não invasivos e sem uso de medicamentos!!

E para contribuir no tratamento, o Pilates associado à osteopatia, estimula outros pontos da saúde do paciente e traz o equilíbrio mental e físico, permitindo um progresso ainda mais rápido e eficaz. 

👉👉 Entenda como a osteopatia pode te ajudar, acesse o link na bio  https://www.instagram.com/studiogabriela.fradique/?hl=en ou pelo whatsapp 81 9 8133-0505 tenha todas as informações.

Studio Gabriela Fradique - Rua José Bonifácio, 543, sala 10, Torre, Recife/PE. Gabriela Fradique I Fisioterapeuta – CREFITO nº170001-F.

OSTEOPATIA – PILATES – FISIOTERAPIA ORTOPÉDICA – DRENAGEM LINFÁTICA – MASSAGEM.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Religião na política e seus efeitos danosos para a democracia

 Gazeta da Torre

[...] Religiosos entram para a política com base num discurso moralista – não apenas contra os maus políticos, como o que seriam os maus costumes em geral. Apresentam-se como restauradores da ordem, infensos à corrupção e aos pecadilhos humanos. E, a partir do seu próprio exemplo, querem impor seus dogmas em todos os campos, como salvadores diante do apocalipse.

Aí está a contribuição dos casos do pastor Everaldo, da Assembleia de Deus, presidente do PSC e da deputada Flordelis (PSD-RJ), fundadora da sua própria igreja, o Ministério Flordelis. Religiosos na política não são garantia de bom comportamento, muito menos de solução para a moralidade, na política ou na vida. Ao contrário. Os políticos que se apresentam como bastiões da moral podem cair nos mesmos pecados de outros mortais. Com o agravante da farsa, escondendo o pé de barro, para vender-se como santos, caso de Flordelis, que já foi idealizada até mesmo em filme.

Ninguém pode dizer que os políticos religiosos representam os interesses de sua comunidade de fé.

Existe no Congresso Nacional a chamada bancada evangélica, um bloco informal, cujos integrantes supostamente se unem em votações com posições de interesse em comum. Na maior parte das vezes, porém, esses políticos usam sua identificação com a comunidade religiosa mais para eleger-se. Uma vez no poder, como ilustra o caso de Everaldo, defendem mais os interesses próprios.

Ninguém é proibido de participar da política e a religião é livre. Porém, usar o proselitismo religioso para impulsionar a carreira política, ou apresentar-se como representante político de uma religião, são desvirtuamentos da democracia.

A religião na política vai contra os princípios do Estado laico, conforme está registrado na Constituição de todas as democracias do mundo, incluindo a brasileira. Não existe bancada religiosa no Congresso de democracia nenhuma no mundo inteiro, exceto nas falsas, como no Irã dos aiatolás.

Ao defender interesses de partidários de uma religião específica, contraria-se o princípio da igualdade, segundo a qual todos os brasileiros são iguais perante a lei, independentemente de raça, cor e, diga-se, religião. Não há nenhuma razão para que se tome decisões em favor de membros desta religião ou daquela, sendo todos os crentes tratados igualmente, como cidadãos, com os mesmos direitos e deveres.

O destino dos moralistas é serem desmoralizados. Porém, há algo a melhorar na democracia brasileira, para que se extingua o voto de natureza religiosa. É preciso proteger os princípios  humanistas da igualdade entre todos os cidadãos, independente de suas escolhas pessoais, seja de religião, seja dos costumes.

Um dos grandes dilemas da democracia é como tratar pessoas diferentes como iguais, e ao mesmo tempo como tratar pessoas como iguais, respeitando suas diferenças. O certo, porém, é que a democracia é o único regime onde isso pode chegar o mais perto possível do ideal.

Para isso, deve surgir a partir do eleitor uma reação contra a infiltração da religião no poder, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário –como quer o presidente Jair Bolsonaro, que colocou Deus no slogan de Estado e prometeu nomear um ministro “terrivelmente evangélico” na sua próxima indicação ao Supremo Tribunal Federal.

Com a partidarização da religião, o que se fomenta no Brasil é apenas a intolerância, e com ela a defesa e tentativa de imposição de interesses de um grupo sobre o de outros, com a natural reação em contrário dos prejudicados.

O clima de intolerância só interessa aos ditadores de plantão, que só podem fazer o que quiserem se passarem por cima do respeito ao pluralismo e da diversidade. A verdade é que, sem liberdade, não há nenhum progresso real. Quando as ditaduras dão errado, é por liberdade que se clama, porque deram errado. Quando elas dão certo, pede-se também por liberdade, para que se possa desfrutar do progresso.

Só há um caminho, que é o caminho da liberdade, mas para chegar lá é necessário neutralizar as forças insidiosas que se nutrem da intolerância, promovidas por pessoas que agem em interesse próprio. No Brasil, esses agentes parecem já ter se esquecido dos males que as ditaduras fazem a todo mundo. E que somente a democracia permite a um país fazer sua própria crítica, corrigir erros e melhorar.

A história, porém, não se esqueceu. E só depende dos defensores da liberdade e da igualdade não perdê-las, para que possamos chegar mais depressa e orgulhosamente a um bom lugar.

*Thales Guaracy, jornalista e cientista social, formado pela USP. Ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo Político

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Clássico da literatura feminista é traduzido para o português, 50 anos depois

 Gazeta da Torre

Best-seller do feminismo mundial sobre saúde da mulher, ‘Nossos corpos por nós mesmas’ tem projeto de tradução e adaptação para a realidade brasileira concluído; envolvendo coletivos feministas, editoras independentes e universidades públicas, obra acaba de ser lançada no País

Acaba de nascer no Brasil um livro que foi gestado por mais de 100 pessoas envolvidas em um amplo trabalho de tradução, edição e adaptação do best-seller do feminismo mundial Our Bodies, Ourselves. Popularmente conhecido como OBOS, o livro se aprofunda em variadas questões sobre saúde e sexualidade da mulher, sob a perspectiva de dupla competência: mulheres linguistas, tradutoras, médicas, cientistas sociais e advogadas coordenam a adaptação da obra no País, inspirando e informando outras mulheres.

Em português, a obra foi intitulada ‘Nossos corpos por nós mesmas’ e está disponível em pré-venda no site da editora independente Ema Livros. São 1168 páginas tratando de temas como menstruação, menopausa, sexo seguro, métodos contraceptivos, gravidez, orientação sexual, gênero, saúde mental, imagem corporal, maternidade, entre outros. A versão em língua portuguesa inclui informações sobre o sistema e os serviços de saúde brasileiros, além de relatos autênticos que contemplam a diversidade de gênero, raça e classe social.

Na edição inédita e completa, as organizadoras contam as fases do trabalho que chegou a ter um primeiro volume, com sete capítulos, publicado em 2021. Dois anos depois, foi possível entregar ao público brasileiro uma nova edição com todos os capítulos, após receberem subsídios do Coletivo Feminista de Boston, responsável pela publicação original em inglês na década de 1970.

O OBOS já foi traduzido para mais de 30 línguas e só contornou as burocracias brasileiras e a falta de interesse das grandes editoras com uma triangulação entre a organização do livro original, o pioneiro Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade de São Paulo e duas universidades públicas: a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já o trabalho de co-edição e de adaptação para o contexto cultural brasileiro contou com a participação de pesquisadoras e profissionais de saúde e tradução da USP. Entre elas, Luciana Carvalho Fonseca, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade. Docente do Departamento de Letras Modernas e dos programas de pós-graduação em Letras Estrangeiras e Tradução e Estudos Linguísticos e Literários em Inglês – ambos da FFLCH -, seus projetos de pesquisa abrangem tradução feminista, mulheres tradutoras e gênero e tradução.

“Ainda que a ideia e o impulso de traduzir tenha partido da universidade pública – das professoras Érica Lima, da Unicamp, e Janine Pimentel, da UFRJ, junto a seus alunos e alunas de tradução – ela só foi possível quando o Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde de São Paulo serviu de elo com a organização americana. A tradução e a adaptação, portanto, só foi possível dentro de um sistema em que o ‘mercado’ não dá as cartas. Ou seja, dentro de um sistema público de ensino, pautado pela visão de coletividade e serviço à sociedade, e dentro do movimento social de base, representado pelo coletivo feminista”, afirma Luciana, destacando o empenho de mais de cem pessoas, que trabalharam voluntariamente ou foram remuneradas com valores simbólicos.

Contrações

Os mais de 50 anos que distanciam a primeira edição até o lançamento no Brasil foram marcados pela organização de movimentos sociais feministas e por um despertar de uma parcela da classe médica. “Cansadas de narrativas perversas sobre sua saúde e sexualidade, as mulheres tomaram em suas mãos a tarefa de traduzir o que se sabia, mapeando os vieses e incertezas. Desafiando o saber estabelecido, trouxeram a experiência concreta das mulheres com seu corpo, saúde, adoecimento, e seu confronto com o sistema de saúde – analisado também em seus aspectos históricos e de gênero, antes de o conceito ser consagrado”, lembra Simone Diniz, médica e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, no prefácio da edição brasileira. Ela define o OBOS como precursor ao dar voz e integrar o movimento crítico interno à própria medicina, “que deu à luz ao que chamamos hoje de Medicina Baseada em Evidências”, diz.

Nos Estados Unidos, o movimento começou em Boston, quando um grupo de mulheres participou de uma conferência de libertação feminina, no Emmanuel College. Em um workshop intitulado Mulheres e seus corpos, elas compartilharam suas experiências com médicos e a frustração de saberem tão pouco sobre o funcionamento de seus próprios corpos. Conhecimento que se restringia à medicina.

“Perpetuava uma relação paternalista, em relação às mulheres, ao minimizar seus sintomas e seu nível de dor, além de, muitas vezes, nem sequer levar em conta seu consentimento em termos de tratamentos aplicados”, conta Luciana, destacando que a história da medicina é marcada pela dominação patriarcal. Livros como Unwell Women, de Elinor Cleghorn; The Woman in the Body, de Emily Martin, e Witches, Midwives and Nurses, de Barbara Ehrenreich e Deirdre English, dão exemplos de como o corpo masculino era tratado como padrão, enquanto o feminino como desvio. Também é extensamente relatado que a dor em mulheres era atribuída a problemas psicológicos, e como o casamento e a reprodução eram receitados como solução para problemas femininos de saúde.

“O livro Our Bodies, Ourselves vem, portanto, romper com a tradição médica de visão patriarcal ao possibilitar uma real transformação social em relação ao conhecimento sobre o corpo feminino. A partir da primeira edição, ele vira também um verdadeiro movimento transnacional, pois passa a inspirar mulheres em outros países a também tomarem as rédeas em relação aos processos relacionados à sua saúde sexual e reprodutiva”, diz.

Dilatações

Depois da conferência libertadora, o grupo de mulheres de Boston formou o Doctor’s Group, precursor do OBOS. Em 1970, se juntaram à New England Free Press para publicar um livro didático de 193 páginas em papel jornal grampeado, intitulado Mulheres e seus corpos. Custando 75 centavos, a publicação foi considerada revolucionária por falar francamente sobre sexualidade e aborto, até então ilegal em todo o território estadunidense.

Foram nove edições, revisadas e atualizadas progressivamente, até a última que vendeu mais de 4 milhões de cópias. Em 2011, a revista Time reconheceu Our Bodies, Ourselves como um dos 100 melhores livros de não ficção em inglês desde a fundação da Time, em 1923. No ano seguinte, foi considerado pela livraria do congresso norte-americano um dos 88 livros que moldaram a América.

Por se tratar de uma obra traduzida para países da África, Ásia, Oriente Médio, América Latina e Europa, a publicação do OBOS em outras línguas se configurou em um desafio de adaptação para os mais diferentes contextos de atenção à saúde da mulher. Um exemplo do impacto do OBOS na linguagem usada para se referir ao corpo da mulher ocorreu no Japão, como apresentado no livro:

“No caso do japonês, palavras que nomeiam partes do corpo como a vulva, os pelos pubianos e o osso púbico eram escritas usando caracteres chineses que traziam o sentido de ‘vergonha’ ou ‘obscuridade’. Perceba que eles usavam caracteres chineses e não japoneses para falar sobre a vulva, como se não existissem palavras para nomeá-la. Isso mudou quando uma livraria de Shokado, parceira de OBOS no Japão, revisou esses caracteres chineses com nuance negativa para criar termos neutros ou positivos da adaptação em japonês de OBOS. Dessa forma, desde sua publicação, pelos menos um dos termos, seimo, que podemos traduzir como ‘pelo sexual’, foi integrado a alguns dos dicionários japoneses mais recentes. Além disso, agora há também uma tendência crescente na sociedade japonesa de evitar caracteres chineses que significam ou trazem o significado de ‘vergonha’ ou ‘obscuridade’. Ao contrário dessa antiga prática, atualmente a língua apresenta caracteres neutros ou katakana-go – palavras estrangeiras transformadas em palavras japonesas – para falar de corpos masculinos e femininos.”

O livro também destaca como o projeto de tradução em Israel mudou a forma de se referir ao corpo e às diferentes fases do sistema reprodutivo da mulher, além ter unido árabes e judias no processo:

“As mulheres notaram que ambas as culturas valorizam a capacidade das mulheres de gerar filhos, sendo o fim da fertilidade, muitas vezes, fonte de desespero. Assim, apesar de esse comportamento ter profundas raízes históricas e políticas, esse grupo se preocupa com a pressão colocada sobre as mulheres para que tenham filhos e aumentem sua comunidade étnica; além disso, o grupo também se volta às atitudes sociais que afetam mulheres que não podem escolher não ter filhos ou que já passaram da idade fértil. Mas o que isso tem a ver com tradução e, mais especificamente, com a tradução do livro em inglês para o hebraico ou para o árabe? Vejamos: valores culturais com frequência são refletidos na linguagem. Por exemplo, os termos comuns em hebraico que se relacionam à menopausa podem ser traduzidos como ‘a idade de murchar’, também trazendo sentidos como o de estar ‘desgastada’, ‘usada’ ou ‘esgotada’. Já em árabe, o termo significa ‘anos de desespero’. Forte, não? Assim, enquanto desenvolviam as adaptações em hebraico e árabe para o OBOS, o grupo, chamado Mulheres e seus corpos, estava determinado a usar termos respeitosos e que celebrassem as mulheres. Então, com o apoio e a ajuda de mulheres da comunidade, o grupo finalmente estabeleceu para o hebraico o termo Emtza Ha’hayim, ou ‘meia-idade’, e, para o árabe, San’al Aman, que significa ‘anos de segurança’”.

Concepção

A edição brasileira foi realizada por Luciana Fonseca e Ana Basaglia, por meio de duas editoras feministas independentes (Ema Livros e Editora Timo), e do apoio de duas pós-graduandas e uma pesquisadora de pós-doutorado da FFLCH, na USP. Para Luciana, um projeto tão complexo, feito a tantas mãos, precisava de uma edição sensível e feminista, que descortinasse uma grande coletividade repleta de anseios em relação ao produto final. “A posição dos créditos e o grande número de paratextos reflete a riqueza, multiplicidade e união de vozes das pessoas que trabalharam no e pelo projeto, e foi isso que buscamos valorizar no processo de edição”, afirma ao Jornal da USP.

No OBOS Brasil, Luciana e Ana descrevem uma conversa que tiveram com Amelinha Teles, fundadora e presidente honorária da União de Mulheres de São Paulo. Presa política durante a ditadura militar, Amelinha contou sobre como o conteúdo do OBOS influenciou as lutas pelo Programa de Atenção Integral de Saúde da Mulher (PAISM), elaborado em 1983, no contexto da redemocratização do Brasil. O programa defendia o direito à saúde em todas as fases da vida.

“Amelinha nos ensinou que a ‘saúde integral em todas as fases da vida’ foi aprendida pelas feministas brasileiras por meio do OBOS, virou movimento social e ecoou na marcante e famosa Carta das mulheres aos constituintes, de 26 de agosto de 1986, em que a expressão ‘todas as fases de sua vida’, bem como ‘garantia da livre escolha pela maternidade’, entre tantas outras que você encontrará neste livro, estavam presentes como reivindicações das brasileiras à Assembleia Constituinte, instalada em 1987 para trabalhar no texto da atual Constituição de 1988″, relatam as editoras no posfácio da obra que se encontra disponível no link;

https://www.academia.edu/94561221/Nossos_corpos_por_n%C3%B3s_mesmas_Edi%C3%A7%C3%A3o_e_Posf%C3%A1cio.

Judy Norsigian e Norma Swenson, co-fundadoras do Coletivo de Boston e OBOS, demonstraram grande satisfação em receber o que chamaram de “nossa mais nova irmã: uma tradução e adaptação completa e minuciosa em português desse guia global, feitas por mulheres que conhecem a realidade atual do Brasil”. E completaram: “Esta é uma excelente versão do clássico livro feminista, que tem ajudado milhões de pessoas em todo o mundo a encontrar informações confiáveis sobre seu corpo, sexualidade, relacionamentos, problemas de saúde e assistência médica”.

O projeto OBOS Brasil está nas redes sociais:

 https://www.instagram.com/obosbrasil/

 https://twitter.com/obosbrasil

Fonte: Jornal da USP

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

DESIGUALDADE enraizada compromete desenvolvimento do Brasil

 Gazeta da Torre

Vinicius Muller, historiador econômico

Apesar de a escravidão no Brasil ter sido abolida, por lei, há mais de um século, a desigualdade no País não acabou, manifestando-se e se reproduzindo de outros modos. “A nossa desigualdade antecede aquele período. E a gente não ataca as questões de fundo da desigualdade, apenas sua representação. Então, esta se adapta e passa a ser representada por outros fatores. Falta ao País um olhar de longo prazo para entender as raízes e a natureza do problema, bem como a maneira pela qual isso se revela na sociedade”, pondera Vinicius Müller, historiador econômico e professor do Insper.

Segundo Müller, a desigualdade no Brasil tem a ver, dentre outras coisas, com o ideal aristocrático que seu povo construiu, explícito no modo como a sociedade busca identificar as pessoas a partir daquilo que demonstram como uma diferença social. “Há uma resistência imensa, por exemplo, para se incluir, na mesma escola, pessoas de grupos sociais e econômicos diferentes.”

O historiador explica que a desigualdade tem sido um grande impeditivo para o desenvolvimento brasileiro, tendo em vista que, no nível atual, ela passa a comprometer a própria capacidade de criação de riqueza.

De acordo com ele, o País “desperdiçou” as oportunidades que teve para crescer, por não estar preparado para combater os elementos fundamentais da desigualdade, enraizada e configurada como uma matriz de valor.

“Há muito tempo se fala que a pequena queda da desigualdade no Brasil, nas últimas décadas, se deu pelo crescimento da capacidade de consumo. Contudo, não é assim que devemos medir o crescimento e a queda da desigualdade, mas, sim, pelas melhorias na capacidade de as pessoas produzirem riqueza. Ocorre que, quando se mensura apenas pelo poder de consumo, na primeira oscilação negativa, [esse crescimento] cai. Na pandemia, a pobreza voltou absurdamente, e a desigualdade explodiu. Eu vejo que a gente não se prepara institucionalmente e não ataca o problema matricial”, reflete.

 Desenvolvimento pela educação

O pesquisador também fala sobre seus estudos a respeito dos diferentes níveis de desenvolvimento vistos nas regiões do território nacional, principalmente sob a influência de políticas públicas dos governos locais ao longo de décadas.

Conforme Müller explica, a sociedade brasileira credita ao Estado a liderança do processo de desenvolvimento. Diante disso, o modo como ele se posiciona cria resultados mais ou menos frutíferos a longo prazo, além da forma de sinalizar como cada região entende o que é mais ou menos importante. “Os comportamentos dos governos regionais foram muito mais relevantes para o desenvolvimento do que aquelas que entendemos como política nacional. A responsabilidade pela educação é um exemplo”, pondera.

“A diferença entre as regiões no trato orçamentário com a educação básica é muito grande. O modo como o Rio Grande do Sul se comportou por um período longo, com destaque para a educação na hierarquia do gasto público, é muito diferente de outros locais. E isso tem impacto no desenvolvimento ao longo do tempo”, enfatiza. “Já em Pernambuco, durante longos períodos, a educação foi o quarto item na hierarquia. No começo do século 20, a soma do recurso público usado para pagamento de salários do Poder Judiciário local era maior do que todo o gasto com educação básica”, conclui.

Fonte: UM Brasil

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Por que TOMAR SOL faz bem para O CÉREBRO?

Mais do que ofertar calor, a luz solar tem um peso determinante em todo o processo humano, oferecendo vitaminas e fortalecendo os processos fisiológicos do corpo. O que vem de graça e está disponível quase todos os dias do ano em países como o Brasil, no entanto, nem sempre é devidamente aproveitado. 

A exposição ao sol aumenta a produção de endorfina pelo cérebro, substância antidepressiva natural, que promove sensação de bem-estar e aumenta os níveis de alegria. Além disso, a luz solar estimula a transformação da melatonina, hormônio produzido durante o sono, em serotonina, que é importante para o bom humor.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Quando se trata da nossa saúde, prevenir é SEMPRE a melhor opção!

A nossa qualidade de vida está totalmente interligada a nossa saúde, e normalmente os sintomas são o primeiro sinal de alarme que o nosso corpo dá.

Porém, para a maioria das pessoas este alerta normalmente é negligenciado e substituído por ansiedade, relaxamento muscular e anti-inflamatórios, onde a busca pela saúde resume-se a diminuição dos sintomas (recebo muitos pacientes assim aqui no respiratório).

Poucas pessoas têm o costume de buscar profissionais antes que o problema emocional e só vão quando possuem algum sintoma ou já estão adoecidas.

Mas as consultas frequentes e preventivas de osteopatia ajudam a equilibrar o seu corpo para que as dores e doenças não esperadas ou, no mínimo, sejam atendidas precocemente e com muito mais atendidas!

Saúde não é um produto do acaso, e cuidados preventivos fazem parte dos pilares para a construção de uma VIDA LONGA e SAUDÁVEL! ☺️

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Obra de Guimarães Rosa é tema de curso on-line gratuito

 Gazeta da Torre

O curso é promovido pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e as inscrições vão até o dia 15 de janeiro

A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP promove, entre os dias 23 e 27 de janeiro, o curso de Difusão Cultural Guimarães Rosa: Canto, Encanto e Leveza. As inscrições podem ser realizadas até o dia 15 de janeiro – link:

https://uspdigital.usp.br/apolo/inscricaoPublicaFormTurmaListar?codund=59&codcurceu=590400204&codedicurceu=22001&numseqofeedi=1&oriins=W

Coordenado pelo professor Sergio Emanuel Galembeck, do Departamento de Química da FFCLRP, o objetivo do curso é “encantar, envolver e estimular a leitura da obra de Guimarães Rosa”, apresentando o trabalho do autor “de maneira acessível e com foco determinado, destacando aspectos mais gerais que despertem o encantamento de novos leitores”, além de salientar a oralidade, musicalidade e a poesia das obras e a valorização da escuta por meio da narração.

Durante os encontros, serão abordadas temáticas relacionadas ao sertão roseano e questões ambientais relacionadas ao Cerrado, rios, água, floresta e animais, explorando, dessa forma, a concepção de natureza do autor através de “metáforas empregadas na obra e a sinergia ser humano/natureza”. A diversidade e pluralidade de manifestações artísticas decorrentes da obra roseana, como bordados, artes plásticas, música, poesia e dança, também serão debatidas.

Guimarães Rosa

Considerado o maior escritor brasileiro do século 20, Guimarães Rosa produziu contos, novelas e romances e é conhecido pelo distinto trabalho com a linguagem. O autor mineiro, natural de Cordisburgo, fez parte da terceira fase do Modernismo brasileiro, conhecida como Geração de 45, e foi o terceiro a ocupar a Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1967.

O escritor construiu novos vocábulos, reinventando a língua portuguesa e recuperando a linguagem poética, rompendo com as técnicas tradicionais do romance. Guimarães Rosa trouxe o regionalismo brasileiro novamente ao centro da literatura nacional, por meio de inúmeras viagens de campo que fizeram da sua obra uma fusão de arcaísmos, cultura popular e mundo erudito. Tendo como cenário as localidades rurais, utilizava os espaços geográficos para desenvolver as narrativas e seus personagens.

Mais informações:segalemb@usp.br

Fonte: Jornal da USP

--- divulgação ---

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

ETARISMO: Pessoas se sentem felizes com o envelhecimento, mas preocupadas com a invisibilidade que isso pode trazer

 Gazeta da Torre

Há um paradoxo na sociedade em torno do envelhecimento: por um lado, trata-se de uma conquista, pois as pessoas estão vivendo por mais tempo; por outro, isso traz ao idoso o receio de ser visto como “descartável” ou “inútil”, um aspecto cultural presente em todo o mundo.

“Isso passa a ser um problema quando pensamos nas questões inerentes: desemprego, preconceito e invisibilidade. As pessoas estão, ao mesmo tempo, felizes com o envelhecimento, mas preocupadas com o que isso pode trazer”, afirma Fran Winandy, consultora e especialista em diversidade etária e etarismo, em entrevista ao Canal UM BRASIL, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Fran destaca que, atualmente, o tempo ao longo do qual as pessoas vivem como idosas (a partir dos 60 anos) representa um grande período da vida. E mesmo que as estatísticas apontem a média de cerca de 76 anos de vida para um brasileiro, na prática, este dado é muito maior.

O papel das empresas em relação a isso é lutar contra o etarismo, destaca a consultora. “Dentro das organizações, existe a ideia de que somos um país jovem, mas não somos. Nos Estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, já há mais pessoas acima dos 60 anos do que abaixo dos 14. As empresas não estão planejando para a longevidade, para o envelhecimento”, pondera.

A especialista explica que é fundamental “olhar para dentro” e fazer um balanço no que concerne à discussão etária, bem como à forma de atuar contra o preconceito presente no ambiente corporativo, de maneira a inserir pessoas mais velhas no quadro de empregados.

“Quando falamos em diversidade etária, estamos falando em representatividade, pois os clientes são formados por todas as faixas etárias. Como ter empatia com o consumidor acima dos 50 anos, se não há ninguém dentro da organização que se coloque no lugar dele, que pense como ele e que desenhe produtos e serviços para ele? Sem isso, acontece uma representação estereotipada do idoso”, ressalta.

Fonte:UM Brasil

--- divulgação ---

Pelé alimentou sonho de Brasil potência e projetou negros no mundo, diz autor

 Gazeta da Torre

Pelé, o Rei do Futebol

Quando Pelé brilhou na conquista de sua primeira Copa do Mundo, em 1958, o Brasil vivia uma lua de mel consigo mesmo, diz à BBC News Brasil o jornalista Marcos Guterman.

Autor do livro O futebol explica o Brasil, Guterman conta que o país vivia grande efervescência cultural: a bossa nova, um ritmo brasileiro, conquistava ouvidos mundo afora, e a construção de Brasília projetava ao mundo uma nação que queria deixar de ser marginal.

No futebol, o otimismo com o futuro do Brasil era ainda mais antigo: remontava à Copa de 1938, na França, quando a seleção terminou em terceiro lugar, até então seu melhor desempenho no torneio.

"Em 38, o Brasil surpreendeu o mundo e talvez a si mesmo, e surgiu daquela Copa como o país do futebol, abraçou o futebol definitivamente como seu esporte nacional, carregando as esperanças do Brasil de deixar a periferia do mundo para ir ao centro, com seu potencial de crescimento e tudo mais", diz Guterman.

Ele afirma que o Brasil pretendia sediar a Copa seguinte, de 1942, mas os planos só foram concretizados em 1950, já que duas edições do torneio foram canceladas por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"O Brasil fez o Maracanã em tempo recorde e tinha uma ideia de país que poderia deixar de ser marginal, deixar de ser eternamente colônia para se tornar protagonista, e o futebol foi o veículo dessa afirmação nacional", afirma Guterman.

Com a classificação do Brasil para a final do torneio, a profecia parecia perto de se realizar. Mas a vitória não veio: num dos eventos mais traumáticos da história do esporte brasileiro, a seleção perdeu o último jogo do campeonato para o Uruguai, por 2 a 1.

A derrota ganhou até apelido, Maracanaço, em referência ao estádio que recebeu a partida.

O resultado golpeou o ufanismo nacional, diz Guterman. Mas mais do que isso: a derrota gerou reações racistas entre a população.

Em O Negro no Futebol Brasileiro, clássico da literatura esportiva nacional, lançado em 1964, o jornalista Mário Filho diz que Barbosa, Juvenal e Bigode - três atletas negros - levaram injustamente a culpa pela derrota do Brasil na final.

"Os negros padeceram muito nesse período de caça às bruxas. Alguns diziam que havia negros demais na seleção, o que condenava o time ao fracasso", diz Guterman.

Quatro anos depois, poucos negros foram convocados para a seleção que jogou a Copa de 1954. Visualmente, aquele time lembrava as primeiras equipes brasileiras a disputar torneios de futebol, nos anos 1910 e 1920, quando vários jogadores eram filhos de imigrantes europeus.

Até que um jovem de 17 anos chamado Pelé foi convocado para a seleção que disputaria a Copa de 1958, na Suécia.

"Pelé tinha acabado de começar no Santos e foi grande protagonista na Copa, fazendo um gol espetacular na decisão e sendo coroado como rei do futebol - primeiro pelo (escritor) Nelson Rodrigues e, depois, pelo mundo", diz Guterman.

Depois do que Pelé fez na Copa de 1958, ninguém mais ousou contestar a presença de negros na seleção, conta o jornalista.

Para Guterman, Pelé representa "uma espécie de redenção dos negros na seleção brasileira" - mas também uma redenção dos negros brasileiros em geral.

O jornalista lembra que, além de ter sido o primeiro a conceder o título de "rei" a Pelé, Nelson Rodrigues exaltou a identidade negra do atleta.

"Nelson Rodrigues africaniza o Pelé, não trata o Pelé como um cara qualquer, ele é um negro africano com toda sua majestade, como se fosse um príncipe africano", diz.

Não que Pelé tenha sido o primeiro negro a se destacar no futebol brasileiro - antes dele houve craques como Leônidas da Silva e Friedenreich, por exemplo.

"Mas nenhum teve a dimensão do Pelé, ele claramente projeta a raça", diz Guterman.

Mas o sucesso de Pelé não foi capaz de pôr fim ao racismo no Brasil - além de, paradoxalmente, ter reforçado a noção de que o esporte é um dos poucos meios para a ascensão dos negros no Brasil, diz Guterman.

O próprio Pelé, segundo o jornalista, se incomodava com essa associação.

"Ele sempre foi muito cobrado por não ter abraçado a causa negra como, por exemplo, o (boxeador americano) Mohammed Ali, mas me parece que ele a evitou porque não queria reforçar a associação entre ser negro e ser bom de futebol. Ele era bom, ponto, e ser negro não fazia diferença", diz.

Da mesma maneira, as três Copas que o Brasil ganhou quando Pelé era profissional (1958, 1962, 1970) não foram acompanhadas por uma ascensão do país ao rol das potências globais, diz Guterman.

"Naquela época realmente acreditávamos que dava pra desenvolver 50 anos em 5, como dizia Juscelino Kubitschek. Daí veio 1964", diz o jornalista, referindo-se ao golpe militar que manteve o Brasil sob um regime ditatorial até 1985.


- Este texto foi publicado em  

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64122265

--- divulgação ---