Gazeta da Torre
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A designer Ana Couto |
O Brasil é um país cujos principais símbolos – futebol,
samba e carnaval – foram “construídos em cima de problemas muitos sérios”, como
a desigualdade e a corrupção, e com uma sociedade que nunca se entendeu sobre
os próprios valores. Não à toa, as empresas, ainda que bem-sucedidas em vendas,
têm dificuldades em evoluir “na construção de valor”, avalia a designer especialista
em branding, Ana Couto.
Em entrevista ao UM Brasil, plataforma multimídia
composta por entrevistas, debates e documentários com grandes nomes do meio
acadêmico, intelectual e empresarial, Ana Couto define o branding como um
“instrumental de gestão” que, além da estratégia de marca, trabalha com o foco
de enaltecer os propósitos e os valores da empresa. “Entender qual é o seu
papel é muito importante hoje em dia. Ninguém quer mais só um tênis ou um
chocolate. É preciso entender por que se faz algo diferenciado e com impacto
positivo em todo o seu ecossistema”, salienta.
Fundadora da agência que leva o seu próprio nome e da
plataforma de inovação LAJE, Ana destaca que o Brasil, apesar de possuir marcas
notórias nos setores financeiro e de commodites, não tem nenhuma empresa entre
as 200 mais valiosas do mundo.
“Temos um gap [lacuna] enorme deste valor intangível, tão
importante para a economia. Com certeza, os gestores brasileiros precisam olhar
isso de outra forma, como um instrumental de negócios”, ressalta.
Ela comenta que o mundo corporativo deve entender que o
“branding é um verbo contínuo”, pois o objetivo não é mais vencer empresas rivais,
mas se manter no mercado, como se estivesse em uma disputa sem fim. “Hoje, o
jogo é infinito. Você não acaba a partida, o jogo não tem regras claras, não
sabemos mais quem vai ganhar e quem vai perder. Não sabemos mais quem são os
nossos competidores”, observa.
Com participação ativa em premiações nacionais e
internacionais de design e publicidade, Ana aponta que o mundo ainda vê o
Brasil tratar os seus valores de forma “muito errática”. “Temos de olhar no
espelho os detratores do Brasil. Não conseguimos sair deles. Nós os penteamos,
vamos sempre com eles e não resolvemos os problemas do País. Temos questões de
desigualdade e de educação que são grandes detratores. Temos uma sociedade que
não acorda valores. Nós não temos um valor identificado como único. Temos um
país que não tem identidade própria”, frisa.
Diversidade nas organizações
A designer também indica que “o valor da empresa, hoje, é
gerido por todos os públicos de interesse dela”. Neste sentido, reforça que
“todo mundo deve trabalhar diversidade”, pois é um tema cobrado pela sociedade.
“Os gestores já sabem que, se não estiverem endereçando estas questões, vão
perder. Hoje, todo mundo está atento de que se tem que atender a isso”, pontua
Ana.
Ela também comenta sobre a participação feminina em
posições de destaque nas empresas. “A relação [entre] mulher e homem ainda
precisa ser equalizada. Para a mulher ter sucesso profissional, ela precisa
equalizar as funções dela na casa com o seu companheiro. (…) Precisamos ter um
contrato mais bem dividido com toda a sociedade – e com as empresas também”,
afirma.
Fonte:UM
Brasil
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