Gazeta da Torre
O sistema utiliza dados do andamento da vacinação
disponibilizados pelo governo federal. Previsão é de que a imunização em todo o
País seja finalizada em 25 de dezembro de 2022.
Plataforma criada por
um consórcio de universidades brasileiras faz uma projeção de quando a
vacinação contra a covid-19 será concluída no Brasil. Considerando os dados de
até a segunda quinzena de maio, a previsão é de que a imunização em todo o País
seja finalizada em 25 de dezembro de 2022. O sistema utilizou dados
disponibilizados pelo governo federal para obter o ritmo da vacinação em cada
cidade e, com isso, projetar quando toda a população já terá recebido todas as
doses necessárias do imunizante.
Nos cálculos, foi considerado o ritmo de vacinação dos
últimos 30 dias (sempre que ocorre uma nova atualização, o sistema leva em
conta os últimos 30 dias passados). Essa previsão é atualizada de acordo com a
chegada de novas vacinas, com o aumento ou a diminuição do ritmo de vacinação,
além de outros critérios que impactam a aplicação do imunizante, como a falta
de insumos (IFA – insumo farmacêutico ativo) para produção de vacinas, número
de postos de vacinação e o desejo da população em se vacinar.
O Painel de Vacinação da Covid-19 é aberto e está
disponível para toda a população. O usuário consegue obter dados regionais ou
totais do Brasil. Para isto, basta selecionar o Estado e a cidade desejados e
verá, além da projeção para o fim da vacinação, detalhes sobre doses aplicadas
por dia, doses em atraso, demanda diária, vacinação precoce, abandono do
esquema vacinal, dentre outros.
Painel de Vacinação da Covid-19
http://vacinometro.icmc.usp.br/
Segundo o professor Krerley Oliveira, coordenador do
Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados, da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), antes dos pesquisadores disponibilizarem essas informações na
plataforma, foi preciso remover inconsistências nos dados oficiais. “Na base
fornecida pelo governo, existem milhões de dados com problemas. Há dados de
vacinados que teriam nascido no século 19, recebido a segunda dose em uma data
anterior à primeira, recebido mais de uma dose no mesmo dia, recebido apenas a
segunda dose, recebido vacinas diferentes e recebido a vacina antes de 2021”,
explica. “Com a limpeza, as informações disponibilizadas na plataforma possuem
menos erros e são mais próximas da realidade do que as oficiais”, explica.
O governo federal disponibiliza os dados separados por
Estado. O estudo se debruçou sobre todos eles e, a partir do arquivo relativo a
cada unidade da federação, indicou as inconsistências existentes em cada um. Os
detalhes dessas anomalias também estão publicados na plataforma.
“Embora os dados oficiais estejam apresentados de forma
clara e transparente, há inconsistências que precisam ser corrigidas para não
gerar dúvida e insegurança em quem as utiliza e nem afetar o planejamento de
regiões ou instituições no combate à pandemia”, explica Tiago Pereira da Silva,
professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação de São Carlos
(ICMC) da USP e pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à
Indústria (CeMEAI). A proposta do projeto foi
aumentar a transparência dos dados governamentais e dar acesso à
informação, de forma que a plataforma seja uma ferramenta que auxilie
munícipios, mesmo os de menor porte, no planejamento da campanha de vacinação.
Com os dados
limpos e apresentados de forma didática, o pesquisador acredita que
Estados e municípios possam utilizá-los para tomadas de decisões em políticas
públicas e combate à pandemia de forma mais adequada. “Imagine que o governo de
uma determinada cidade perceba que muitas pessoas não tomaram a segunda dose,
por exemplo. Com essa informação em mãos, é possível realizar campanhas de
conscientização. A ferramenta pode ser importante também para moradores de
cidades pequenas, por exemplo, que não têm muitas informações sobre a
vacinação”, diz.
Intervalo entre as doses das vacinas
Os intervalos entre a primeira e segunda dose das vacinas
contra covid-19 variam de uma para a outra. “No nosso painel de vacinação,
utilizamos espaços de tempos de segurança fornecidos pelas fabricantes das
vacinas. No caso da Pfizer, o intervalo ideal indicado pela empresa é de 21 a
25 dias”, diz o professor Krerley. Para os outros dois imunizantes disponíveis
para a vacinação dos brasileiros, os intervalos são de 56 a 84 dias para a
AstraZeneca, e de 14 a 28 dias, para a CoronaVac.
O projeto de modelo estatístico foi desenvolvido pela
equipe de pesquisadores do consórcio de universidades ModCovid19, do qual a USP
mantém a liderança. O grupo é formado pelo ICMC, pelo Instituto de Matemática,
Estatística e Computação Científica da Universidade de Campinas (Unicamp), pelo
Instituto de Matemática Pura e Aplicada do Rio de Janeiro (IMPA), pela
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV-Rio). O Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da UFAL desenvolveu
a plataforma, a estrutura foi do CeMEAI e o apoio, do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).
*Consórcio de Universidades ModCovid19
http://www.cemeai.icmc.usp.br/ModCovid19/
Sobre o CeMEAI
O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria
(CeMEAI), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC)
da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão
(Cepids) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp).
O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências
matemáticas como um recurso industrial em três áreas básicas: Ciência de Dados,
Mecânica de Fluidos Computacional e Otimização e Pesquisa Operacional. Além do
ICMC-USP, CCET-UFSCar / IMECC-UNICAMP / IBILCE-UNESP / FCT-UNESP / IAE e
IME-USP compõem o CeMEAI como instituições associadas.
Mais informações: e-mail contatocemeai@icmc.usp.br
Fonte:Jornal da USP
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