Gazeta da Torre
Com a mudança de hábitos dos brasileiros e aumento do
consumo nacional, as empresas enxergaram ali um caminho para agregar maior
valor à cadeia produtiva das frutas da região sertaneja
O aumento considerável do consumo nacional de suco de
frutas, aliado ao esgotamento da capacidade de crescimento do cultivo nas
regiões tradicionais no Sul do País, e a possibilidade de se ter um produto
sempre jovem, obtido ao longo de todo o ano são características que colocam o Sertão
pernambucano na rota de grandes produtores da bebida, principalmente, o suco de
uva, com recorde de produção no Vale do São Francisco.
Em franco crescimento, o suco de uva é o mais consumido
no mundo. Segundo o presidente da Valexport, José Gualberto de Freitas, apesar
das exportações brasileiras ainda serem pequenas nesse item específico, existe
um mercado aberto e de olho: a Europa.
Atualmente, de acordo com pesquisas realizadas pela
Embrapa, as principais uvas que se adaptaram são a Isabel Precoce, Cora, BRS
Magna, Carmen, Rúbia e Violeta. Em termos de produtividade, o mercado
brasileiro está na ordem de 150 milhões de litros/ ano de volume produzido de
suco de uva integral.
O Brasil produz aproximadamente 1 milhão de toneladas de
uva destinada para vinhos, espumantes e sucos.
Mas, segundo Gualberto, há espaço para crescimento de sucos se houver
mais investimentos em pesquisas e recursos para que ocorra mais produtividade.
“Outras frutas também se inserem nesse mercado como pera,
caqui e laranja. A região do Vale do São Francisco depende fortemente de
investimentos em pesquisas e recursos para que ocorra mais atividade na
agricultura irrigada, com diversificação das culturas e melhoria na
infraestrutura econômica e social de toda a região e não apenas de Petrolina e
Juazeiro, na Bahia. Sem esquecermos de investimentos em comunicação moderna
para a área rural”, acrescentou.
Os big players de sucos no Vale
Atualmente no Vale do São Francisco os principais players
estão concentrados nas vinícolas São Brás, Miolo Wine Group (Sunny Days - Terra
Nova), vinícola Santa Maria (Rio Sol), terroir do São Francisco, grupo ASA
(Palmeiron- Casa das Vinhas), Adega Bianchetti, Gran Valle e Timbaúba S.A (OQ
Bebidas Saudáveis).
Fruticultura no Vale São Francisco |
Alto valor agregado
Na década passada, a elaboração de suco era tida como um
negócio inviável, mesmo com as condições favoráveis de solo e clima da região
do Vale do São Francisco. Com a mudança de hábitos dos brasileiros e aumento do
consumo nacional, as empresas enxergaram ali um caminho para agregar maior
valor à cadeia produtiva em seus cultivares.
Exemplo inserido nesse contexto está a Timbaúba S.A,
braço da agroindústria do grupo pernambucano Queiroz Galvão. Há 30 anos, a
empresa plantava manga tipo Kent em uma pequena área em sua fazenda, em
Petrolina, quase tudo para exportação. O foco era manga e uva de mesa. Depois,
com estudos e pesquisas, começou a investir no cultivo de uvas para suco e
também de coco.
Em 2010, o grupo que possui 1.000 hectares de área
irrigada, resolveu plantar outras variedades de uvas como a BRS Magna, Isabel e
a Carmen. “Plantamos ao longo de nossos estudos mais de 30 variedades de uvas
para chegarmos a uma produtividade eficiente mais o sensorial adequado, unindo
cor e sabor únicos ao nosso suco”, relatou o diretor comercial da Timbaúba S.A,
Sydney Tavares.
O resultado dos investimentos em pesquisas foi o sucesso
da marca OQ no suco de uva integral, em poucos anos. Em recente pesquisa realizada pela ABRAS –
Associação Brasileira de Supermercados - em parceria com a consultoria Nielsen,
a marca surgiu como a terceira maior em faturamento nos sucos prontos para
beber na região Nordeste durante o ano de 2020, ficando atrás apenas de
gigantes como a Del Valle (Coca Cola) e a Natural One (Votorantim e Fundo de
Investimento Gávea).
Diversificação da produção
Com capacidade de produção de 24 milhões de litros/ano, o
grupo decidiu diversificar sua linha de produtos e passou a ser fornecedora de
sucos concentrados para outros grandes players.
Atualmente, no segmento de extração agroindustrial a
Timbaúba S.A é contratada pela Coca Cola, Pepsico, Asa, Ambev, entre outras
indústrias. Ou seja, dos 24 milhões de litros/ano de capacidade, ⅓ é destinado
à produção do suco de uva Integral OQ; ⅓ para o sistema de co-packing (produção
e envase em marca de terceiros, como Del Valle, por exemplo) e ⅓ para o fornecimento de matéria prima para
outros fabricantes de sucos e bebidas.
Com essa tríade no modelo de negócio, a Timbaúba S.A
agrega valor ao segmento agroindustrial, reduz possíveis riscos climáticos que
possam ocorrer na região, escoando sua produção e amplia o mix de produtos.
“Criamos um ativo
intangível através da marca OQ, fugindo das commodities e oferecendo um produto
com alto valor agregado e muito saudável, ainda mais importante em tempos de
pandemia”, avaliou Tavares.
OQ Bebidas Saudáveis, uma marca da Timbaúba S/A
Crescimento do Coco
Com uma área de 250 hectares de coco tipo anão, a
Timbaúba S.A também mantém o mesmo modelo de negócio na agroindústria com viés
de fornecimento do suco concentrado para outras empresas, assim como oferece o
envasamento de aproximadamente dez milhões de litros de água de coco integral
para grandes grupos do Sul e Sudeste do país.
“Nossos carros chefes são as uvas e o coco. No suco de
uva integral temos capacidade de atender 18% do volume comercializado no
mercado nacional atualmente. Mas nosso objetivo é crescer ainda mais. No coco,
é o mesmo processo. Em 2020, em meio a pandemia, conseguimos crescer mais de
50% em relação a 2019, mantendo a média de crescimento dos últimos 3 anos”.
Fonte:CBN Recife
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