Gazeta da Torre
Longe de ser solucionada, a crise dos chips se agrava
semana após semana. A escassez global de componentes têm afetado diversos
setores, como o de tecnologia, o segmento automobilístico, o setor de
eletrodomésticos e até o ramo de produtos voltados para a casa. A consequência?
Demissões de trabalhadores, adiamento de produtos, falta de mercadorias nos
estoques e, claro, uma crise econômica sem precedentes.
Um dos setores mais afetados foi o segmento tecnológico.
Afinal de contas, a crise dos chips impactou diretamente na oferta de
dispositivos como celulares, notebooks, videogames, TVs e outros aparelhos.
Para o azar das empresas do setor, o mercado observa uma
alta demanda pelos produtos, já que a quarentena oriunda da pandemia de
coronavírus tem exigido dispositivos mais potentes para trabalho remoto ou
mesmo novos aparelhos para que os indivíduos possam se entreter dentro de suas
casas.
A sul-coreana Samsung informou que a escassez de
componentes tem atingido sua produção de TVs e de outros aparelhos.
“Devido à escassez global de semicondutores, também
estamos experimentando alguns efeitos, especialmente em torno de certos
conjuntos de produtos e produção de telas”, afirmou Ben Suh, chefe de Relações
com Investidores da Samsung, em uma ligação com analistas.
Inclusive, a companhia teme que a crise dos chips possa
adiar o lançamento de seu próximo smartphone Galaxy Note.
A situação não tem sido diferente com sua rival Apple. A
empresa de Tim Cook tem sofrido com a falta de chips para alavancar (ainda
mais) o recém-lançado iPhone 12. Além disso, a companhia informou que vai adiar
a produção de iPads e MacBooks por conta da escassez de peças no mercado.
O segmento gamer também tem enfrentado dificuldades.
Tanto que consoles como PlayStation 5, Xbox Series X/S e Nintendo Switch passam
por problemas de produção. O mesmo é observado em periféricos de computadores,
como fones, placas de vídeo, processadores, entre outros. Com sorte, o usuário
poderá encontrar o produto desejado no mercado, mas o preço certamente estará
nas alturas — devido à falta de mercadorias no estoque
Impacto ampliado
Quem também está “pagando o pato” é a indústria de
aparelhos de uso diário. A crise dos chips também tem afetado a indústria de
produtos voltados para tornar a casa inteligente.
Lâmpadas que acendem sozinhas, máquinas de lavar que
pesam as roupas, torradeiras inteligentes… todos esses produtos tiveram suas
produções desaceleradas.
Inclusive, até mesmo o setor pet foi atingido. De acordo
com o The Washington Post, a empresa CSSI, responsável por produzir cabines
eletrônicas para banhos em cachorros, foi informada por seu fornecedor de
placas que os chips usados no processo não estão disponíveis.
“Este problema específico afeta todos os aspectos da
manufatura, desde pequenas pessoas até grandes conglomerados”, disse o
presidente da companhia, Russell Caldwell.
Naturalmente, a escassez de chips também impactou a
indústria de automóveis. Afinal de contas, os chips fazem parte desde o
processo de gerenciamento de motores até integrar sistemas de assistência aos
motoristas.
A Hyundai foi forçada a paralisar a produção em uma
unidade na Coreia do Sul. A gigante Tesla, do bilionário Elon Musk, também teve
que interromper a fabricação de sua linha Model 3 nos Estados Unidos.
Uma das alternativas adotadas por algumas fabricantes foi
eliminar algumas tecnologias de ponta em seus veículos. A Nissan, por exemplo,
retirou os sistemas de navegação em carros que costumam dispor da ferramenta.
Os retrovisores inteligentes também foram eliminados das picapes da Ram Trucks.
A chinesa TSMC, maior fabricante de chips do mundo, segue
otimista e acredita que será capaz de atender toda a demanda automobilística
até junho deste ano. No entanto, segundo Patrick Armstrong, diretor de
Tecnologia da Informação da Plurimi Investment Managers, o cronograma é um
tanto quanto ambicioso.
“Se você ouvir Ford, BMW, Volkswagen, todos eles
destacaram que há gargalos de capacidade e que eles não podem obter os chips de
que precisam para fabricar os novos carros”, afirmou o executivo, acrescentando
que a crise dos chips pode se estender por mais 18 meses.
Quando a crise dos chips vai passar?
Quando perguntados sobre o possível fim da escassez de
chips, os executivos respondem quase de forma unânime: somente no ano que vem.
É isso que acreditam gigantes como TSMC, AMD, Stellantis, entre tantas outras.
Para solucionar o impasse, Estados Unidos, China e União
Europeia correm contra o relógio para aumentar a capacidade de produção dos
componentes. O bloco europeu, que atualmente é responsável por menos de 10% da
produção global de chips, quer aumentar sua capacidade para 20%. Isso demandará
um investimento aproximado de US$ 24 a US$ 36 bilhões.
Já a ideia de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, é
de investir US$ 50 bilhões para financiar a produção e pesquisa de chips
semicondutores.
Enquanto isso, o país asiático pretende investir “pesado”
para construir novas fábricas de chips. Inclusive, muitas empresas chinesas
estão aumentando seus estoques de componentes para tentar suprir a alta demanda
do mercado. Embora a medida seja uma ótima notícia para a indústria chinesa, a
medida agrava a obtenção de chips pelas demais empresas do setor.
Fonte: CNBC
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