Gazeta da Torre
Na maior crise sanitária causada pela pandemia da
Covid-19 no mundo, o governo brasileiro mostra, mais uma vez, que tem lado e
não é aquele dos que mais precisam. Dessa vez, a ideia é extinguir o Farmácia Popular,
programa que garante até 90% de descontos em anticoncepcionais, tratamento de
Parkinson, glaucoma e osteoporose, e dá de graça remédios de uso continuo para
hipertensão, diabetes e asma.
Ao invés de taxar os bilionários que aumentaram ainda
mais suas riquezas durante a pandemia da covid-19, reduzir os gastos com as
Forças Armadas ou cartões corporativos da Presidência da República, o governo
escolhe acabar com o Farmácia Popular, programa que garantiu acesso e atende
mais de 20 milhões de brasileiros por ano.
A gratuidade dos medicamentos para hipertensão, asma e
diabetes, foi anunciada em 2011. Também foi ampliado o número de unidades
credenciadas no país, sua maioria localizada nas regiões com altos índices de
vulnerabilidade.
Essa ampliação de acesso aos medicamentos junto com a
garantia do atendimento médico com o Mais Médicos, fortaleceu a Atenção Básica
em Saúde. Essa ação integrada foi responsável pela redução da taxa de
internação de pacientes com hipertensão, diabetes e asma, e também de custos
para o SUS.
As maldades com o Farmácia Popular iniciaram no governo
de Michel Temer, que puxou o freio de mão na destinação de recursos e também
pela Emenda Constitucional (EC) 95/2016, que congelou os investimentos
destinados à saúde por 20 anos. Unidades foram fechadas em todo o país e cerca
de sete milhões pessoas deixaram de ser atendidas.
Agora, o governo Bolsonaro, além de não investir na
recuperação do programa, quer extingui-lo de vez. O que mais impressiona, além
da falta de sensibilidade, é a ausência de sensatez para administração pública.
O governo Bolsonaro erra na condução dessa gestão ao
querer acabar com um programa que é um importante mecanismo para criação de
empregos, expansão do setor e ajuda na alavancagem da economia e indústria do
país. A medida também colabora com a superlotação dos serviços de saúde já que
o não acesso a esses medicamentos faz com que as pessoas procurem mais os
hospitais em pior estado de saúde, também aumentando os custos para o SUS. E é
importante lembrar que os hipertensos, diabéticos e asmáticos são do grupo de
risco para Covid-19 e deveriam estar sendo protegidos justamente por isso.
Anúncios sobre a defesa da vida e saúde das pessoas
deveriam estar sendo feitos pelo governo e não o fim de importantes programas.
Isso em meio ao cenário da pandemia que vivemos, onde claramente quem mais
sofre são os mais vulneráveis, que precisam do acesso a esses remédios de
graça. Ao invés de garantir saúde, o governo genocida de Jair Bolsonaro amplia
as desigualdades brasileiras.
*Alexandre Padilha, Médico e professor universitário/colunista da Revista Fórum.
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