Gazeta da Torre
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O médico e Richard Horton |
A pandemia causada pelo covid-19 ultrapassa o tema da
saúde ao escancarar as desigualdades das sociedades que deixam as pessoas
vulneráveis à doença, além do despreparo dos governos para lidar com a
situação. Na entrevista concedida ao canal UM BRASIL – uma realização da
FecomercioSP –, o editor-chefe da revista científica sobre medicina The Lancet,
Richard Horton, compara esta experiência a um espelho.
“Estamos ainda nos primórdios desta epidemia e podemos
ver milhares de pessoas em praias, mas, quando houver um ressurgimento da
infecção e mais pessoas morrerem, será uma dura lição a ser aprendida. Acredito
que esta pandemia seja uma provocação moral para cada um de nós, para cada país
e para o mundo. É como um espelho que foi posto diante de nós, e pudemos ver o
nosso reflexo nele bem claramente pela primeira vez em muito tempo”, diz Horton,
Médico pela na Universidade de Birmingham, é ainda membro da Academia de
Ciências Médicas do Reino Unido.
Na entrevista, Horton diz ao entrevistador Daniel Buarque
que o surto de SARS-CoV-2 foi comunicado pela China, mas alerta que, além dos
avisos terem sido ignorados no início da pandemia, governos populistas – como
os do Brasil, da Índia e dos Estados Unidos – se negam a ouvir os cientistas
neste momento, o que explica o grande número de casos.
“Acho que houve uma crença [dos governos] de que, se
houvesse uma epidemia, seria como a gripe e uma tendência de as pessoas
pensarem ‘não acontecerá conosco’. Não acreditavam que a epidemia seria tão
séria quanto é. Estamos vendo que são as pessoas mais vulneráveis em nossas
comunidades quem mais sofrem. Os mais velhos, as pessoas de comunidades
indígenas, os negros, os asiáticos, as minorias étnicas, as mulheres que ficam
em casa com os filhos – cujo sofrimento inclui níveis maiores de violência
doméstica – e, claro, os serviços essenciais, que estão na linha de frente de
exposição”, complementa.
Fonte:UM Brasil
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