Gazeta da Torre
Além do adiamento, ações de combate ao novo coronavírus
(Sars-Cov-2) poderão influenciar a eleição e reeleição de prefeitos do país
Segundo Luiz Roberto de Farias, cientista político e
professor da ECA-USP e da Universidade Metodista, a pandemia e as ações dos
prefeitos no combate a Covid-19 irão influenciar a opinião da população e,
consequentemente, a eleição ou reeleição dos candidatos.
“Certamente o combate à pandemia é hoje uma bandeira importante
por se tratar do ponto-chave nos noticiários e nas conversas.”, diz Luiz, que
completa explicando como os políticos poderão usar a pandemia para se
reelegerem:
“Cada um vai construir uma narrativa em torno de sua
epopéia no combate à doença, e deverá trazer números que possam mostrar esses
bons resultados, tanto em termos de cura quanto de recuperação de empregos,
atendimento social”, afirma.
Luiz diz ainda que o êxito dos candidatos que buscam a
reeleição pode estar atrelado ao discurso e às narrativas que os políticos
adotarem nas campanhas.
“As reeleições também vão passar pela predisposição das
pessoas a acreditar no discurso – sério e científico ou especulador e
irresponsável – de cada candidato. A capacidade de o prefeito conseguir
associar o seu nome a medidas populares como o Auxílio Emergencial , por
exemplo, pode ser muito positiva nas urnas, por mais que nada tenha a ver com o
poder municipal”, explica.
Fake news e influência
O docente diz também que o uso de robôs na disseminação
de notícias falsas sobre o novo coronavírus vai aumentar o número de eleitores
que acreditem em informações negacionistas sobre a pandemia, facilitando
possíveis manipulações.
“Por conta do uso de robôs na disseminação de informações
falsas, cresce o grupo de pessoas que acreditam em informações negacionistas.
Mas é claro que o discurso pode ser bem formatado e mostrar aparências que não
correspondam à verdade.”, diz Luiz, que completa:
“O eleitor deverá checar – como sempre deveria fazer – o
discurso com os atos ao longo do processo, informando-se por meio da imprensa e
não por redes sociais digitais. Ainda assim, muitos procurarão um viés de
confirmação para defender o seu candidato, o que é um erro enorme”.
Influência de Bolsonaro
Luiz diz ainda que a postura de Bolsonaro frente à
pandemia visa criar uma cortina de fumaça e manipular pessoas conduzidas “por
blocos, sem reflexão ou crítica”. Ele também afirma que partidos apoiadores do
presidente e de sua postura deverão conseguir votos nas eleições.
“A maior parte da população, acredito, não será levada por
esse tipo de enviesamento. Todavia, o governo deve conquistar um número
significativo de prefeituras em todo o país, mesmo que hoje não haja clareza
sobre vínculos a partidos, pois ao longo desse período do governo federal já
houve vários acordos e rupturas com partidos políticos.”, concluiu.
Por Guilherme Strabelli - iG Último Segundo
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