Gazeta da Torre
Desde o momento em que a Covid-19 foi classificada como
uma pandemia, a sensação era de que o mundo corria com o mesmo objetivo:
encontrar a vacina. As projeções mais otimistas, ainda em março de 2020,
indicavam que o imunizante poderia se tornar uma realidade apenas dentro de
dois anos. No entanto, menos de um ano depois da Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarar a doença como pandemia, a vacina é aplicada em todo mundo — a
mais rápida já desenvolvida na história.
Nesse período, foi possível entregar para a sociedade ao
menos quatro vacinas desenvolvidas e aprovadas pelas mais reconhecidas agências
reguladoras do mundo — no Brasil, são duas aprovadas: a Coronavac e o
imunizante de Oxford. Ainda há outras em processo de aprovação e até mesmo
desenvolvimento em outros países, mostrando como a ciência, de alguma forma,
caminhou para um mesmo ponto de transformação importante para a sociedade.
“Isso só foi possível graças à colaboração entre os
laboratórios, startups e institutos de pesquisa para desenvolver uma resposta
eficaz e rápida”, diz Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da
Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). “É um
compromisso assumido por todos com a saúde da sociedade e uma busca constante
por tecnologias e inovação para beneficiar os pacientes.”
Neste ponto, fica a dúvida: o que isso representa para a
sociedade como um todo? A celeridade em desenvolver uma vacina tão rapidamente
vai ajudar na indústria no geral?
O que mudou no mundo das vacinas?
Para atingir o resultado, foi importante os governos de
países mergulharem na inovação de vacinas, inclusive em modelos que antes não
eram priorizado. É o caso da técnica de RNA como mensageiro, adotada pela
Moderna. Parte do código genético viral faz nossas células fabricarem uma
proteína característica que dispara o sistema imunológico.
A dinamização de processos mais burocráticos também foi
algo determinante. Antes da vacina contra a covid-19, o imunizante mais rápido
foi contra a caxumba, em um processo de quatro anos — geralmente, são entre
cinco e 10 anos entre pesquisa, estudos e aprovação de agências. A pandemia
pediu uma solução,que contou com a cinergia entre indústria, pesquisadores e
laboratórios.
“As lições aprendidas durante o enfrentamento da pandemia
de coronavírus pela indústria farmacêutica e pelos cientistas trarão avanços no
desenvolvimento e produção de vacinas”, diz Elizabeth de Carvalhaes, da
Interfarma.
Vai continuar assim?
Apesar do momento otimista, os especialistas alertam para
o caráter emergencial da vacina da Covid-19. A menos que haja outra pandemia em
breve, vai ser difícil ver um imunizante pronto em tempo recorde — e não tem
nada a ver com segurança. “Isso demandou realocação de recursos e esforços que
estavam direcionados a outros produtos e tecnologias", conta a
presidente-executiva da Interfarma.
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Doses da Coronavac |
A imunologista Roberta Sacchari concorda. "Continua
sendo ciência. No entanto, aprendemos processos e caminhos, além de abrir
diálogos, que devem facilitar a chegada da indústria farmacêutica em soluções.”
Fonte:Matheus Mans, Jornalista no Estadão
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