quinta-feira, 18 de abril de 2024

As falhas frequentes no fornecimento de energia elétrica em Pernambuco: serviço caro e ruim

 Gazeta da Torre

“A situação está ficando insustentável”, reclama Gerino Xavier, presidente do Seprope, o Sindicato das Empresas de Processamento de Dados do Estado de Pernambuco. Recentemente os representantes das associações Softex, Assespro e Seprope se reuniram para decidir como agir diante das falhas da Neoenergia. Isso porque os danos não envolvem apenas equipamentos, eles atingem o faturamento das empresas, que estão se vendo obrigadas a pagar multas pela suspensão no fornecimento dos serviços que prestam aos clientes.

Além do altíssimo custo cobrado na conta, a percepção do consumidor pernambucano que está faltando mais energia está alinhada com o que está acontecendo no País inteiro, segundo o conselheiro da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Fernando Teixeirense. Ele afirma que a entidade está pedindo uma revisão dos índices que indicam a qualidade do serviço elétrico elaborados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Os principais índices que indicam a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras são o DEC – que mede a duração da interrupção – e o FEC, que mostra a frequência em que ocorreu a interrupção do serviço. “Há um consenso que o DEC e o FEC precisam ser revistos. Eles não contam quando a queda de energia é menor do que três minutos”, comenta Fernando, acrescentando que três minutos sem o serviço pode não impactar o funcionamento de uma casa, mas traz muitos prejuízos às indústrias e aos prestadores de serviços de TI, por exemplo.

Fernando lembra também que o governo federal e as agências devem cobrar investimentos do setor para que o serviço melhore. “A energia é um serviço complexo e tomamos conhecimento de que a Aneel tem um déficit de 40% de funcionários, o que nos surpreendeu”, conta. A agência é quem fiscaliza todos os investimentos de todas as distribuidoras que atuam no País.

Desde 2000, ao menos 884 serviços foram reestatizados no mundo. A conta é do TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda. As reestatizações aconteceram com destaque em países centrais do capitalismo, como EUA e Alemanha.

Isso ocorreu porque as empresas privadas priorizavam o lucro e os serviços estavam caros e ruins, segundo o TNI. O TNI levantou dados entre 2000 e 2017. Foram registrados casos de serviços públicos essenciais que vão desde fornecimento de água e energia e coleta de lixo até programas habitacionais e funerárias.

"A nossa base de dados mostra que as reestatizações são uma tendência e estão crescendo", disse a geógrafa Lavinia Steinfort, coordenadora de projetos do TNI, em entrevista ao UOL. De acordo com ela, 83% dos casos mapeados aconteceram de 2009 em diante.

Término de contratos de concessão que não são renovados é a forma mais clássica de "desprivatização" que aparece entre os mais de 800 casos levantados.

Rompimento antecipado de contrato, como aconteceu com a PPP (Parceria Público-Privada) do metrô de Londres em 2010, e mesmo recompras milionárias de infraestruturas que haviam sido vendidas, como vêm fazendo diversas cidades alemãs com suas distribuidoras de energia, são outros tipos de reestatizações que também estão acontecendo. 

O levantamento do TNI encontrou processos do gênero em 55 países em todo o globo. Alemanha, França, EUA, Canadá, Colômbia, Argentina, Turquia, Mauritânia e Índia são alguns deles. 

Fontes: Movimento Econômico; UOL Economia;

- divulgação -

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