quarta-feira, 24 de abril de 2024

A força, a leveza e a versatilidade dos contos da sertaneja Débora Ferraz

 Gazeta da Torre

Escritora Débora Ferraz

É doutora em escrita criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e mestre em narrativas audiovisuais pela Universidade Federal da Paraíba. Nasceu em Serra Talhada (PE), mas mora atualmente em João Pessoa (PB), onde é cofundadora da escola de escrita Edícula Literária.

Débora Ferraz estreou na prosa aos 16 anos com ‘Os Anjos’ (2003). “Não é toda hora, mas de vez em, quando acontece. Quando achamos que tudo está perdido, um milagre surge e renova a certeza de que o novo sempre vem. Parece mesmo que é coisa de anjo. Pena que é rara. É assim, a nova geração diz que sabe, a gente diz que ainda não. Eles dizem que vão, a gente diz espera um pouco. Mas eles são cabeças duras, nem ligam e seguem em frente. Ainda bem que são assim, pois assim nasce o novo. Grata surpresa esta, de ver um talento florescer e frutificar. Bom mesmo é sentir a coragem e ousadia que servem de lição e modelo. Em um mundo estigmatizado pelas guerras, pelas drogas e pelo poder, vence a palavra, o verbo e o sonho. 

Estou certo de que aquele que quiser ler a jovem escritora Débora Ferraz, sentirá a excitação própria da literatura e sua magia, que nos absorve e nos remete ao universo do pensar. Exercício tão pouco praticado em nossos dias, por nossa sociedade hermética. Com uma linguagem fluente e madura, Débora revela-se uma escritora rica em recursos e de uma criatividade invejável, cuja carreira é um fato inexorável. Não posso me furtar a gratidão de poder participar deste projeto, recomendo o trabalho que muito me impressiona e comove, já que transcende o texto em si mesmo, para servir de alento aos que acreditam não haver qualidade nos jovens e para estimular a capacidade de fazer e realizar. Bem sei que é raro, mas acontece. Acho mesmo que é coisa de anjo. Quem ler, acreditará”, apresenta Lupércio Filho, Artista e Educador.

Publicou em várias coletâneas, entre elas ‘Geração 2010, o sertão é o mundo’. Sua obra foi traduzida para o alemão e para o inglês. Uma antologia “fora do eixo” é a proposta de Geração 2010, o sertão é o mundo, que reúne 25 autores, a grande maioria deles nascida no nordeste brasileiro. Publicado pela Reformatório, conta com nomes como Ailton Krenak, Itamar Vieira Junior, Maria Valéria Rezende, Jarid Arraes, Micheliny Verunschk, Mailson Furtado, Franklin Carvalho, Débora Ferraz, Natalia Borges Polesso e Nara Vidal, cronista do Rascunho. A organização é do escritor Fred Di Giacomo.

O livro traz texto de orelha assinado por Marçal Aquino, que enfatiza a “sintonia com os novos códigos sociais e culturais” da coletânea. “Alguns dos autores são iniciantes, outros já possuem trajetórias reconhecidas. Além do sertão, a diversidade os une.”

Para o editor Marcelo Nocelli, os nomes reunidos são em Geração 2010, o sertão é o mundo “são a ponta de iceberg de um movimento literário maior que eclodiu na década de 2010”, de autores que “tinham o fato de virem de fora dos centros de poder do Brasil, serem parte de grupos discriminados, produzirem uma literatura épica e poética e não terem começado suas carreiras apadrinhados por grandes editoras”.

Em 2014, Débora Ferraz surpreendeu com a força narrativa do romance ‘Enquanto Deus Não Está Olhando’, ganhador do Prêmio Sesc e São Paulo de Literatura. Sua chegada ao conto, com a obra ‘Ogivas’, mantém o requisito de uma prosa densa e surpreendente. “O conto é uma forma literária extremamente arquitetônica. Ele tem um peso muito denso, mas é leve, porque se equilibra de maneira geométrica”, afirma Ferraz, que destaca que ‘Ogivas’ é o seu livro mais bélico, e que as narrativas vão ao encontro da ideia de que “a arte não foi feita para ser inofensiva”.

Seus personagens são reais, vivos e tocam pela carga de verdade que carregam. Sua narrativa leva o leitor a um ambiente que se equilibra entre a delicadeza e o abismo. Essas características fazem da escritora uma das melhores vozes da nova literatura.

Fonte: Literatura BR

- divulgação -

Nenhum comentário:

Postar um comentário