terça-feira, 24 de novembro de 2020

Conscientização sobre o HPV cresceu, mas ainda está aquém do ideal

 Gazeta da Torre

É o que diz a professora Heloisa de Andrade Carvalho, que, juntamente com o também professor Jesus de Paula Carvalho, participa da estratégia global da OMS para a erradicação do câncer de colo de útero

O Jornal da USP no Ar recebeu segunda-feira (23) os professores da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Jesus de Paula Carvalho, também médico chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Instituto do Câncer (Icesp), e Heloisa de Andrade Carvalho, coordenadora médica do Serviço de Radioterapia do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas (HC) e médica do Icesp, para tratar da estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicação do câncer de colo de útero, projeto do qual participam e para o qual colaboraram.

O professor explica que a importância da estratégia global, que trata o câncer do colo de útero como problema de saúde pública, está no fato de que, por muito tempo, foi o câncer que mais matou mulheres no mundo; hoje, é o terceiro. “Ainda assim, no Brasil, mata uma mulher a cada 90 minutos”, aponta ele. Em 2018, então, a OMS convocou países a fim de compor uma estratégia global para torná-lo uma doença rara, ou seja, com menos de quatro casos a cada 100 mil mulheres.

Para a professora Heloisa, ainda que a conscientização sobre o HPV tenha crescido, ainda está aquém do ideal. “Ter informações sobre a vacina, os cuidados a serem tomados, inclusive em relação ao relacionamento sexual, ainda é necessário”, afirma. Eles reforçam que existe conhecimento científico para erradicar a doença – sabe-se o agente causador, o papilomavírus humano, consegue-se fazer diagnóstico e tratamento em sua forma precoce, além da prevenção com a vacina. “Não se justifica mais de 75% dos casos que atendemos no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) serem da doença em um estágio avançado”, diz Carvalho.

A estratégia de erradicação proposta pela OMS baseia-se em três pilares: garantir que 90% das meninas recebam a vacina contra o HPV até os 15 anos; fazer com que pelo menos 79% das mulheres possam realizar dois testes de rastreamento do vírus; garantir que 90% das mulheres que possuam lesões precursoras recebam tratamento adequado. 

A professora explica que, uma vez proposta a prevenção com o diagnóstico precoce, as instituições têm a obrigação de oferecer tratamento aos casos diagnosticados. “Quando convocamos a população a se conscientizar, não podemos apenas detectar o problema. Além disso, a conscientização ainda é fundamental. Devemos insistir periodicamente nesse assunto, com educação, informação e comunicação”, conclui.

Fonte:Rádio USP

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