Gazeta da Torre
É o que diz a professora Heloisa de Andrade Carvalho,
que, juntamente com o também professor Jesus de Paula Carvalho, participa da
estratégia global da OMS para a erradicação do câncer de colo de útero
O Jornal da USP no Ar recebeu segunda-feira (23) os
professores da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Jesus de Paula Carvalho,
também médico chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Instituto do Câncer
(Icesp), e Heloisa de Andrade Carvalho, coordenadora médica do Serviço de
Radioterapia do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas (HC) e médica
do Icesp, para tratar da estratégia global da Organização Mundial da Saúde
(OMS) para erradicação do câncer de colo de útero, projeto do qual participam e
para o qual colaboraram.
O professor explica que a importância da estratégia
global, que trata o câncer do colo de útero como problema de saúde pública,
está no fato de que, por muito tempo, foi o câncer que mais matou mulheres no
mundo; hoje, é o terceiro. “Ainda assim, no Brasil, mata uma mulher a cada 90
minutos”, aponta ele. Em 2018, então, a OMS convocou países a fim de compor uma
estratégia global para torná-lo uma doença rara, ou seja, com menos de quatro casos
a cada 100 mil mulheres.
Para a professora Heloisa, ainda que a conscientização
sobre o HPV tenha crescido, ainda está aquém do ideal. “Ter informações sobre a
vacina, os cuidados a serem tomados, inclusive em relação ao relacionamento
sexual, ainda é necessário”, afirma. Eles reforçam que existe conhecimento
científico para erradicar a doença – sabe-se o agente causador, o papilomavírus
humano, consegue-se fazer diagnóstico e tratamento em sua forma precoce, além
da prevenção com a vacina. “Não se justifica mais de 75% dos casos que
atendemos no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo)
serem da doença em um estágio avançado”, diz Carvalho.
A estratégia de erradicação proposta pela OMS baseia-se
em três pilares: garantir que 90% das meninas recebam a vacina contra o HPV até
os 15 anos; fazer com que pelo menos 79% das mulheres possam realizar dois testes
de rastreamento do vírus; garantir que 90% das mulheres que possuam lesões
precursoras recebam tratamento adequado.
A professora explica que, uma vez proposta a prevenção com o diagnóstico precoce, as instituições têm a obrigação de oferecer tratamento aos casos diagnosticados. “Quando convocamos a população a se conscientizar, não podemos apenas detectar o problema. Além disso, a conscientização ainda é fundamental. Devemos insistir periodicamente nesse assunto, com educação, informação e comunicação”, conclui.
Fonte:Rádio USP
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