Gazeta da Torre
A pandemia esfriou ainda mais o mercado de locação de
imóveis comerciais. Em dezembro (2020) e janeiro deste ano, o preço do aluguel
comercial atingiu R$ 37 por metro quadrado, o menor patamar da série histórica
da pesquisa FipeZap.
Esse valor é 25% menor do que o registrado em fevereiro
de 2014, quando um inquilino precisava desembolsar R$ 49,10 por metro quadrado
– preço mais caro registrado pela FipeZap.
Essa queda é reflexo da dificuldade dos inquilinos
comerciais de continuar pagando aluguéis em meio às restrições de funcionamento
para combater o coronavírus. “Houve uma
retração natural da demanda, por conta da crise que se estendeu muito mais do
que se esperava. Tivemos uma redução de 60% a 70% da atividade de novos
negócios”, afirma Cristian Baptista, diretor de Locação do Secovi-SP (o maior
sindicato do mercado imobiliário da América Latina).
Na prática, quanto maior o número de espaços desocupados,
maior o nível de vacância (nível de desocupação). Os donos de imóveis nestas
situações muitas vezes reduzem o preço do aluguel para conseguir ocupar os
espaços. Afinal, imóvel vazio gera despesas com impostos e manutenção.
A pesquisa, desenvolvida em parceria pela Fipe e o Grupo
Zap, acompanha o preço médio de salas e conjuntos comerciais de até 200 m² em
10 cidades brasileiras.
Por que isso aconteceu no Brasil? O aumento da oferta de
salas comerciais no país é um dos motivos. “Aumentou a oferta e a demanda
diminuiu, o que faz com que os ativos tenham uma queda nos preços. Alguns
proprietários sentem a necessidade de alugar a qualquer custo, enquanto outros
decidem estrategicamente alugar por um preço mais barato para dar liquidez ao
imóvel, principalmente para se livrar dos custos de condomínio e de IPTU”,
afirma Marco Dal Maso, diretor de negócios imobiliários da Aabic (Associação
das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo).
Qual o cenário atual? Dal Maso diz que os inquilinos de
espaços comerciais passaram por três fases: mantiverem os negócios no primeiro
e no segundo semestres do ano passado, na esperança de que a pandemia acabaria
rápido e pelos anúncios do início da vacinação contra a covid.
No entanto, 2021 começou com o endurecimento nas medidas
de isolamento social e com um ritmo lento de vacinação. Por isso, muitos
inquilinos devolveram seus imóveis porque não aguentaram mais esperar pela
retomada econômica.
Apesar da crise, Baptista diz que o mercado não deu
grandes descontos no aluguel. De janeiro do ano passado até fevereiro deste
ano, o preço do metro quadrado no Brasil não variou, custando, no máximo, R$
37,50.
O que vai acontecer daqui para a frente? A tendência é
que, com a aceleração do ritmo da vacinação, melhores perspectivas econômicas e
o aumento da confiança dos empresários, aumente a procura por imóveis
comerciais, consequentemente pressionando os preços de aluguel para cima.
“Existe uma demanda reprimida, de pessoas que deixaram de
alugar pela instabilidade econômica, mas que, no momento que tiver uma luz, vão
voltar a ter uma forte procura”, afirma Dal Maso. No entanto, essa retomada
deve acontecer de forma lenta e gradual.
Fonte: Giuliana Saringer , 6 Minutos/UOL
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