Gazeta da Torre
Rolex, Cartier, Patek Philippe... no total, 38 marcas
apresentarão virtualmente seus lançamentos na Watches & Wonders. Está em
jogo um mercado de 34 bilhões de dólares
Se tem uma coisa que a pandemia fez para o mercado de
relógios de luxo foi unir marcas rivais na maior feira do segmento de todos os
tempos. Começa amanhã a Watches & Wonders, organizada pela Fondation de la
Haute Horlogerie, em Genebra – Genebra é um modo de dizer, porque as
apresentações serão, evidentemente, virtuais.
Participarão do evento 38 marcas no total, as maiores do
segmento, o dobro do ano anterior. Esta é a lista completa: A.Lange &
Sohne, Arnold & Son, Baume & Mercier, Bvulgari, Carol F. Bucherer,
Cartier, Chanel, Chopard, Chronoswiss, Corum, Ferdinand Berthoud, Greubel
Forsey, H.Moser & Cie, Hermès, Hublot, IWC Schaffhausen, Jaeger-LeCoultre,
Louis Moinet, Louis Vuitton, Maurice Lacroix, Montblanc, Nomos Glashütte, Oris,
Panerai, Patek Philippe, Piaget, Purnell, Rebellion Timepieces, Ressence, Roger
Dubuis, Rolex, Speake-Marin, TAG Heuer, Trilobe, Tudor, Ulysse Nardin, Vacheron
Constantin e Zenith.
Estarão presentes as marcas de dois dos maiores grupos do
setor, Richemont e LVMH, além das manufaturas indepentes. A exceção são as
manufaturas do grupo Swatch, com destaque para Omega e Longiness, duas das
cinco marcas de alta relojoaria mais vendidas do mundo e que não irão
participar. De terça 7 a segunda 13 de abril, serão cerca de 500 apresentações
online dos lançamentos do ano para jornalistas e 400 demonstrações para
revendedores finais. Estão inscritas 23.000 pessoas no total.
Os ponteiros marcam bilhões
O que está em jogo são as cifras bilionárias desse
mercado. Segundo estimativas do banco Morgan Stanley, o mercado de relojoaria
de luxo movimentou 34 bilhões de dólares em vendas em 2020. Parece muito, e é
mesmo, mas representa uma queda de 22% em relação ao ano anterior, devido
principalmente à crise econômica provocada pela pandemia.
Em exportações, quando os relógios saem das manufaturas
na Suíça, o valor registrado foi de 17 bilhões de dólares. Esses números não
eram vistos desde 2011. De lá para cá esse mercado só cresceu. Também são
cifras pouca coisa superiores às registradas em 2008, ano da crise financeira.
Em termos de volume, um total de 13,8 milhões de relógios foram exportados em
2020, frente a 20,6 milhões em 2019.
A contração maior foi de relógios mecânicos de entrada ou
de quartzo, abaixo de 3 mil dólares, de 36%. Em momentos de crise, grifes
consagradas costumam se manter na liderança. Sem surpresas, portanto, a Rolex
continua à frente em market share, com 25%. Pela primeira vez, o grupo Rolex,
que contempla também a marca Tudor, foi maior do que todo o grupo Swatch.
Segundo o Morgan Stanley, a Rolex movimentou pouco mais
de 8 bilhões de dólares em vendas, com cerca de 810.000 relógios vendidos.
Portanto,o preço médio de cada relógio foi de cerca de 10.000 dólares. Na
sequência estão Omega, com faturamento estimado de 3 bilhões de dólares e
500.000 relógios vendidos, e Cartier, com 2,2 bilhões de dólares e quase meio
milhão de unidades comercializadas.
Enquanto isso, em 2020 foram vendidos cerca de 75 milhões
de smartwatches, com grande destaque para o Apple Watch – ou seja, cerca de
cinco vezes mais do que toda a indústria suíça. Por isso os relógios de entrada
sofreram mais. E esse foi um dos motivos para as manufaturas decidirem unir
forças em uma feira única agora, a Watches & Wonders.
Divisão no passado
Até 2019, as principais marcas de relógios se dividiam em
duas feiras. A SIHH, ou Salon International de la Haute Horlogerie, organizada
pela mesma Fondation de la Haute Horlogerie, acontecia em janeiro, em Genebra.
Reunia as marcas do grupo Richemont, como Cartier, Montblanc, Panerai e IWC, e
algumas independentes. Era relativamente pequena e pautada pelo luxo.
A outra grande feira da indústria da alta relojoaria era
a Baselworld. Acontecia na Basileia, também na Suíça, no mês de abril, era
maior e mais democrática. Reunia marcas de entrada e também algumas
consagradas, como Rolex e Patek Phillipe. Assim, quem acompanhava o setor se
deslocava duas vezes ao ano para a Suíça, em janeiro para Genebra e em abril
para a Basileia.
Para 2020, uma novidade estava anunciada: a SIHH mudaria
de nome para Watches & Wonders e aconteceria em abril, perto da data da
Baselworld. Assim, jornalistas e revendedores só precisariam viajar para a
Suíça uma vez ano. Já era uma tentativa de unificar, de certa forma, a ação das
maiores manufaturas do mundo.
Mas eis que veio a pandemia e tudo mudou. A Watches &
Wonders foi realizada às pressas virtualmente. Já Baselworld foi adiada para o
começo deste ano e as marcas que participavam de lá fizeram então apresentações
virtuais independentes.
Até que aconteceu o que ficou apelidado de “Rolexit”, a
saída de cinco grandes maisons da Baselworld para se juntar à Watches &
Wonders. São elas a Rolex e sua segunda marca, Tudor, além de Patek Phillipe,
Chopard e Chanel. Outras marcas mais aderiram e agora temos esse grande salão
unificado.
“Com certeza este evento será o mais badalado de todos os
tempos por unir as marcas mais importantes de Basel com o antigo SIHH”, afirma
Freddy Rabbat, diretor da operação da TAG Heuer no Brasil. “O resultado será em
um acontecimento muito especial e que só será superado no pós-covid-19, quando
estivermos todos fisicamente juntos.”
*Watches and Wonders - 7 a 13 de abril, na nova plataforma digitalwatchandwonders.com. Em seguida, 19 marcas estarão ao vivo na feira Watches and Wonders Shanghai de 14 a 18 de abril de 2021. Ou seja, um único evento online e offline para uma celebração da excelência relojoeira.
Fonte:EXAME
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