Gazeta da Torre
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Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora |
Extenuadas com o trabalho doméstico, vítimas de violência
dentro do próprio lar, principal alvo de demissões e negligenciadas como
empreendedoras. De acordo com a fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana
Fontes, somente políticas de Estado têm a capacidade de mudar a realidade do
que é ser mulher no País – condição, inclusive, agravada sobremaneira durante a
pandemia de covid-19.
Em entrevista ao UM BRASIL, plataforma multimídia
composta por entrevistas, debates e documentários com grandes nomes do meio
acadêmico, intelectual e empresarial, Ana reivindica a adoção de um programa de
transferência de renda para a população feminina. “Hoje, no Brasil, temos 6
milhões de mulheres que são mães solo e sustentam a família, os filhos e a casa
somente com os recursos que produzem. Então, seria importante ter uma política
de Estado que dê renda diretamente a essas mulheres, como o auxílio emergencial
– não tem outra forma de fazer isso”, afirma.
Também delegada líder do Brasil no W20 – grupo de
engajamento do G20 com foco em equidade de gênero –, Ana destaca que, além de
terem mais dificuldades de recolocação no mercado de trabalho, as mulheres,
quando optam por empreender, encaram mais obstáculos para obter crédito, sintoma
de uma cultura que ainda vê o ambiente financeiro como predominantemente
masculino.
“A nós nunca foi ensinado que o ambiente do dinheiro é
feminino, sempre foi ensinado que era masculino. Por isso, muitas mulheres
acham que não podem cuidar do dinheiro; elas têm um receio em relação à
educação financeira”, avalia.
De acordo com Ana, mudar essa realidade é premente, tendo
em vista que “40% das empreendedoras têm o próprio negócio como única fonte de
renda para botar comida dentro de casa”.
“[Uma política de] geração de crédito diferenciado para
mulheres donas de pequenos negócios é muito importante para conseguirmos
diminuir esta situação”, aponta. “Também é preciso fazer uma campanha educativa
para mostrar a questão da violência doméstica como uma situação extremamente
difícil e que precisa ser combatida. Não vemos uma campanha de Estado sobre
isso”, critica.
Justiça social, inovação e economia
Ana salienta que, além de a população feminina ser
maioria no Brasil (51,5%), 80% das decisões de compra são feitas ou
influenciadas por mulheres. Desse modo, diz que as empresas que não promovem a
diversidade deixam de ganhar em economia e inovação.
“Costumo falar, há
alguns anos, que olhar para a diversidade tem um ponto fundamental relacionado
à justiça social. (…) Quando você junta as três coisas – justiça social,
inovação e economia –, fica parecendo muito estúpido não olhar para a
diversidade como algo estratégico”, ressalta.
Fonte:UM Brasil
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