Gazeta da Torre
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Ciclovia Orla, bairro de Boa Viagem, Recife/PE |
O Strava - *aplicativo móvel e site projetado por atletas,
para atletas, conectam milhões de corredores e ciclistas por meio dos esportes - divulgou na quinzena de dezembro um balanço
sobre a prática de exercícios físicos no mundo ao longo de 2020. O relatório
compilou dados dos cerca de 73 milhões de usuários da plataforma no mundo e
concluiu que, apesar da pandemia do novo coronavírus (covid-19), houve aumento
de 13,3% na frequência de treinamento e de 14,7% no tempo médio voltado às
atividades, na comparação com o ano passado.
Gerente do Strava no Brasil, Rosana Fortes avalia que o
treino indoor (dentro em casa), saída encontrada pelos esportistas para manter
a rotina em meio às restrições da quarentena, é uma das explicações. O
relatório indica que as atividades caseiras foram realizadas 2,2 vezes mais que
em 2019, atrás somente das caminhadas ao ar livre (que cresceram três vezes).
Outros exercícios indoor, como pedaladas (1,7 vez mais) e corridas (1,3 vez
mais) também se destacaram.
“É muito diferente pedalar e correr ao ar livre e dentro
de casa, em uma esteira ou rolo [de bicicleta]. Mas vimos vários atletas se
desafiando. Houve um tempo, entre maio e junho, trazendo para a realidade do
Brasil, em que eles ainda achavam que as primeiras competições adiadas
voltariam em dois ou três meses. Por exemplo: antes de passar para 2021, o
Ironman Florianópolis [prova de triatlo] tinha sido postergado em alguns meses
para frente. Então, eles precisariam se manter ativos até lá. Como se adaptar?
Por isso, acho que vimos esse ganho de carga e minutos de treino”, comenta.
Ainda segundo o balanço, em países onde o confinamento
foi mais rigoroso no ápice da pandemia (entre março e maio), o crescimento dos
treinos indoor variou de 2,5 a quase quatro vezes mais que no ano passado. O
triatleta mineiro Thiago Vinhal vivenciou o lockdown na Espanha, onde estava
com seu técnico e sua esposa, que é campeã mundial da modalidade e especialista
em nutrição esportiva. Sob os olhares da dupla, teve que se adaptar à nova
rotina.
“Fui para lá [Espanha] para um camp [de treinos] e caí em
um internato [risos]. Na conversa com o técnico, decidimos controlar o que
desse para controlar. Sempre fui muito ruim no treino indoor, mas tive que
realmente começar a fazê-lo. Não posso reclamar. Foi o olhar da mudança que me
deu paz. Quando acabou o lockdown e os atletas profissionais puderam sair para
treinar, tive a montanha inteira para aproveitar. Bati minhas marcas pessoais,
recordes de potência na subida, de natação, de corrida”, conta Vinhal.
“Outra coisa que observamos é que alguns hábitos adquiridos
na pandemia, de treino indoor, creio que serão mantidos. Muitos atletas
profissionais tinham pavor de fazer bicicleta indoor, mas vimos que vários
deles adotaram isso como um treino complementar, para um dia de trânsito ruim
ou de chuva. O Pippo Garnero [ciclista campeão brasileiro] é um que pedalava
pouco em casa, por morar perto de uma estrada, e adotou. O treino indoor, as
aulas por meio de lives, chegaram para ficar. São novidades”, emenda Rosana.
Mulheres em destaque
O relatório identificou que o crescimento foi
impulsionado pelas mulheres. Entre as atletas de 18 a 29 anos, o avanço no
número médio de atividades foi de 45,2%. Ainda no universo feminino, o índice
de aumento nas demais faixas etárias (30 a 39, 40 a 49, 50 a 59 e mais de 60)
esteve sempre acima de 20%. O público masculino teve crescimento mais discreto,
com destaque também à camada mais jovem (18 a 29 anos), que subiu 27,3%.
No recorte do Brasil, os dados são parecidos, com
mulheres de 18 a 29 anos apresentando o maior aumento na média de atividades
(43,8%). Entre os homens, a faixa etária também foi a de maior crescimento
(30%) na comparação com 2019. Há de se considerar que, do ano passado para cá,
cerca de três milhões de brasileiros aderiram à plataforma. O país tem cerca de
9,6 milhões de atletas na rede social, apenas superado pelos Estados Unidos (11
milhões) em número de usuários.
“Vemos isso de maneira bem bacana e positiva. [A
quarentena da pandemia] foi um momento difícil, com mulheres exercendo diversas
funções em casa, muita exaustão, mas que não deixaram a peteca cair. Elas
conseguiram tiraram o momento do dia para elas, por meio do esporte, para fazer
uma bicicleta ou um funcional. Esse movimento aconteceu no mundo todo”, conclui
a gerente do Strava.
Fonte:Agência Brasil
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