Gazeta da Torre
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Educador Mario Sergio Cortella |
O ensino escolar em uma sociedade que busca a
prosperidade dos indivíduos precisa ser acessível a todos e nas melhores
condições possíveis, pois, se apenas uma parte tiver acesso à educação de
qualidade, essa democracia não estará oferecendo qualidade, apenas privilégios.
“Em uma sociedade que almeja ser decente, quantidade total é sinônimo de
qualidade social”, afirma o educador Mario Sergio Cortella, mestrado e
doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
A conversa é fruto de uma parceria do canal com a
Brazilian Student Association
(BRASA) – associação formada por brasileiros que estudam no exterior. A
BRASA se reúne com o UM BRASIL para analisar os problemas e os desafios do País
em diversas frentes.
Na entrevista, Cortella coloca em perspectiva a
desigualdade em torno do acesso ao ensino de qualidade em escolas públicas e
analisa como a pandemia agrava ainda mais esse problema estrutural. Para ele,
neste momento, deve se pensar com cautela sobre o retorno dos estudantes às
aulas presenciais.
“Se eu fosse o secretário de Educação da cidade de São
Paulo hoje, não retomaria as atividades no território da escola. Se há
prejuízos para as famílias em termos alimentares ou de cuidados, pelo fato de
as crianças não estarem indo à escola, é necessário que se encontre outro
caminho para que não se perca esse apoio. Mas, hoje, sem que se tenha nitidez
dos movimentos que o vírus faz, a concentração [de pessoas] em um momento em
que se busca evitá-la seria algo muito perigoso”, pondera.
Ele ressalta que, neste momento, é importante que as
secretarias estaduais e o governo federal preparem materiais escolares
impressos a serem entregues às famílias como uma forma de dar mais suporte para
o ensino remoto, tendo em vista que o acesso digital não é totalmente
difundido. “É essencial se buscar um ordenamento melhor na forma de se executar
o ensino remoto”, diz o educador.
Cortella também enfatiza outro problema estrutural
marcado no Brasil: o analfabetismo entre adultos, que, agora, precisam ajudar
os filhos com as atividades escolares. “Quando eu era secretário, nós
constatamos que de nada adiantava pedir aos pais que ajudassem os filhos com as
tarefas, pois boa parte não tinha o ensino fundamental I. Isso se chama realidade.
Isso tem de ser levado em conta agora, é preciso um esforço nacional para lidar
com este momento. Se não fosse o esforço imenso de milhares dos profissionais
da educação no dia a dia, nossa ação desastrosa seria muito mais intensa”,
pondera.
“Será difícil lidar com o pós-pandêmico sem que haja um
tipo de consenso nacional para que a gente consiga cuidar daquilo que será
desastroso: as condições de vida, de trabalho e de alimentação”, conclui.
Fonte: UM
Brasil
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