segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

BARES QUE AMAMOS

Gazeta da Torre
Por Márcio Nilo
O Bar Tom Marrom e o "amável Zé" (camisa listrada)
Uma homenagem ao TOM MARROM, espaço etílico-cultural-gastronômico da Madalena

     Já se tornou um clichê a afirmação de que os botecos são uma instituição nacional. Botecos, botequins, bares, estes redutos não são muito admirados pelas esposas, namoradas, filhos, mas a verdade é que eles funcionam como a casa fora de casa. Os verdadeiros devotos sempre têm um bar para chamar de seu.

    Num típico bar raiz bebemos inspiração, conhecemos personagens interessantes e ouvimos muitas histórias e lendas urbanas. Nestes locais tipicamente brasileiros, a movimentação em geral começa nos fins de tarde, não havendo a necessidade de convite para participar de uma roda de conversa. Homens e mulheres das mais variadas origens e formações trazem a sua bagagem completa de ideias, sendo a expressão de pensamentos inteiramente livre, todos com o mesmo peso na manifestação de opiniões. Além do mais, todos somos um pouco filósofos dentro de um botequim, lembrando que já se disse por aí que filosofia de boteco tem a profundidade de uma poça d’água.

    A receita tradicional de um verdadeiro bar raiz é simples: ambiente despojado e clima familiar, somado a um cardápio despretensioso, enxuto, mas com pratos regionais preparados com esmero. A cerveja deve estar  gelada no ponto certo. Preços populares também é um item importante. Os frequentadores em geral têm certa intimidade entre si, assim como com o dono do bar, apesar de que muitas vezes nos sentamos com estranhos e ouvimos sacadas incríveis sobre a política, futebol, costumes, etc. sobre a vida enfim, pois como acontece em todo bar autêntico, todos os assuntos são liberados. É comum encontrarmos alguns deles bastante inspirados, proferindo suas “verdades” e propondo medidas que vão resolver os problemas do país, ou seja, olhando a vida com os olhos turvos do álcool.

    No nosso bairro da Madalena temos um típico exemplo de bar raiz. Estamos falando do TOM MARROM, localizado na rua João de Souza, 660, nas imediações do Mercado da Madalena. Diferentes tribos frequentam este tradicional e histórico bar, que mantêm as raízes e autenticidade destes verdadeiros templos de libações etílicas. Trata-se de “empresa” tocada por parentes: o dono do bar, o “amável Zé” como é conhecido, faz a supervisão geral e sua companheira, e esposa,  é a mestre das panelas. O balcão é comandado pelo filho Rodrigo e o garçom é o sobrinho Genilson, carinhosamente eleito “o pior garçom do Brasil”. É verdade que é um pouco disperso, um pouco folgado, mas é nosso amigo. Quando o bebedor pede uma cerveja ele pergunta, provocador: gelada?

    As cadeiras na calçada completam o charme (sic) do TOM MARROM e a longevidade deste bar já fez com que ele esteja definitivamente vinculado à história do bairro, se garantindo com uma freguesia cativa, que desenvolveu uma relação afetiva com o lugar.

    Enfim, o TOM MARROM honra as raízes dos verdadeiros bares, preservando a cultura de boteco, sem modismos desnecessários.

    Sabemos que a alma dos bares é o resultado das pessoas que os tocam, assim como dos seus frequentadores, e assim o TOM MARROM tem sua personalidade já bem definida. Para lá vamos para inventar assuntos e colocar, de forma descompromissada, as pautas em dia, além é claro, de beber com destemor, e sempre de bem com a vida.

    Viva o TOM MARROM, um bar para chamar de seu!!!

PS: Bebamos com moderação

Márcio Nilo 

Bar Tom Marrom 
Vários pratos regionais - Arrumadinho, Galinha à cabidela, Sarapatel, Buchada, Bode guisado, entre outros.

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