Sambada - Tradição centenária |
No próximo domingo 8 de dezembro, a capital vai virar
Terreiro, com a realização das tradicionais Sambadas de maracatu no Pátio de
São Pedro e no Boulevard Rio Branco, com os maracatus Cruzeiro do Forte do
Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata
de Glória do Goitá
Para celebrar os rituais que servem de raízes às
tradições culturais mais autênticas de Pernambuco, a Prefeitura do Recife, por
meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, vai
encurtar a distância entre a capital e o interior e promover pela primeira vez,
nos próximo dia 8 de dezembro, Sambadas de maracatus no Recife, com a
participação do Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém,
Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá, no Pátio de São
Pedro e no Boulevard Rio Branco.
Celebração de dança de terreiro pouco conhecida e nunca
realizada na capital, as Sambadas são um ensaio para preparar os grupos de
maracatu de baque solto para as apresentações do carnaval. “Antigamente,
durante o período pré-carnavalesco, cada agremiação realizava pelo menos quatro
sambadas. Hoje, quando fazem, os Maracatus de Baque Solto realizam no máximo
uma sambada antes do carnaval. Os jovens folgazões (brincantes) estão mais
preocupados com o brilho de suas fantasias do que em preservar esses rituais. E
o risco é que os Maracatus de Baque Solto se tornem uma brincadeira apenas de
Carnaval”, preocupa-se Manoelzinho Salustiano, presidente da Associação de
Maracatus de Baque Solto de Pernambuco.
As Sambadas no Recife, segundo ele, celebram duas
tradições: as origens das brincadeiras dos Maracatus de Baque Solto e a
fundação da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, criada há 30
anos para defender a tradição que hoje é patrimônio imaterial do Brasil. “É a
primeira vez que as sambadas chegam à capital. Estamos fazendo isso para
fortalecer a cultura do Maracatu de Baque Solto. Vamos transformar o Pátio de
São Pedro e a Rio Branco em verdadeiros Terreiros, para mostrar que maracatu
não é só Carnaval. É também dança, poesia, música e terreiro.”
No dia 8 de dezembro, domingo, a Sambada será no Recife
Antigo e contará com os maracatus Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de
Glória do Goitá. A brincadeira começa às 16h, no Boulevard Rio Branco.
Sambada – Tradição centenária, a Sambada reúne folgazões
de 8 a 80 anos. Cada maracatu chega na Sambada com sua diretoria, seu Mestre e
seus brincantes, realizando coreografias chamadas por eles de manobras. Os
folgazões vestem-se à vontade, com calça e camisa estampada de manga longa,
galho de arruda (ou alguma planta de caráter purificador, como pinhão roxo,
alfavaca de caboclo, manjericão) na boca, atrás da orelha ou pendurada no
peito. A guiada (lança do caboclo) é substituída por um pedaço de madeira, que
é manejado mais facilmente.
Após o ritual de chegada de cada um dos dois Maracatus, é
dada a largada para a peleja. O Mestre é acompanhado pelo terno, composto de
músicos de percussão (surdos, taróis, cuícas, gonguês e ganzás) e instrumentos
de sopro. O clima é festivo. Os dois mestres, um de cada maracatu, passam a
alternar as estrofes da peleja, com desaforos, para disputar a admiração do
público.
Os folgazões dançam como se estivessem lutando, de dois
em dois, ou em pequenos grupos. E se movimentam com agilidade, já que a pesada
vestimenta carnavalesca, caracterizada pelas golas bordadas, não é usada na
brincadeira.
Maracatus de Baque Solto – A cultura do Maracatu de Baque
Solto surgiu nos Engenhos da Mata Norte no final do século XIX e início do
século XX com os trabalhadores dos canaviais que reuniam-se nos momentos de
folga para brincar e festejar.
Sobre os maracatus participantes:
Cruzeiro do Forte
Com 90 anos de atividades, o Cruzeiro do Norte é o mais
antigo Maracatu de Baque Solto do Recife. Foi durante onze vezes Campeão do
Grupo Especial do Concurso de Agremiações, promovido pela Prefeitura do Recife.
Contrariando a tradição, o Maracatu de Baque Solto Cruzeiro do Forte surgiu na
zona urbana, junto às ruínas do Forte do Arraial Novo do Bom Jesus, em Torrões,
em 7 de setembro de 1929, inicialmente como Clube Carnavalesco Misto Cruzeiro
do Norte. Somente em 1980 é que o Maracatu recebeu o nome atual, sob a
presidência de Ionete Maria da Silva.
Gavião da Mata
Tradicional Maracatu de Baque Solto de Glória do Goitá, o
Gavião da Mata completou 13 anos de atividades em 2019. No Carnaval de 2020,
participará do Grupo Especial do Concurso de Agremiações, promovido pela
Prefeitura do Recife.
Piaba de Ouro
Fundado no dia 11 de setembro de 1977, por Manuel
Salustiano Soares, Augustinho Pires e Manoel Mauro de Souza, com o intuito de
relembrar as brincadeiras de terreiro da infância, no campo de cana de açúcar
da Zona da Mata de Pernambuco, o grupo conquistou diversos prêmios. Sob a
liderança de Mestre Salustiano, o Piaba de Ouro foi campeão do carnaval
pernambucano por sete vezes consecutivas. Hoje sob o comando dos filhos de
Mestre Salu, o Piaba de Ouro é referência na preservação da cultura do Maracatu
de Baque Solto, além de ter se tornado uma entidade sem fins lucrativos, que
desenvolve trabalhos culturais voltados para a formação de cidadãos, envolvendo
vários segmentos da cultura popular.
Pavão Dourado de Tracunhaém
Depois de fazer parte de vários grupos, os folgazões
Juraciel Cândido de Lima, Carlos Barbosa da Silva, Pedro Barbosa do Nascimento,
Antônio Cândido de Lima, João José de Lima e Euclides João Gomes queriam fazer
um Maracatu que mantivesse a tradição do Baque Solto que conheciam deste os
tempos de menino. No Carnaval de 1999, o Pavão Dourado manobrou pelas ruas de
Tracunhaém com 36 componentes. Nos anos seguintes, a trajetória do Pavão
Dourado foi uma sucessão de vitórias e títulos. No Carnaval 2019, o maracatu
foi o campeão do Grupo Especial do Concurso de Agremiações, da Prefeitura do
Recife.
Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife
Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife
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