Artigo de
Heloisa Mendonça e Marina Rossi
As mulheres brasileiras estão estudando mais que os
homens. Mesmo assim, seguem ganhando menos que eles. É o que mostra a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2014, realizada pelo IBGE. Segundo os
dados, coletados no país todo ao longo do ano passado ouvindo 363.000 pessoas,
de maneira geral, o número médio de anos de estudos no Brasil subiu de 6,5 em
2004 para 7,7 no ano passado. Esse crescimento se dá principalmente pelas
mulheres, que estudam em média oito anos, frente aos 7,5 anos dos homens.
Apesar de dedicar mais tempo de vida aos estudos, as
mulheres continuam ganhando menos que os homens. A pesquisa aponta que elas são
a maioria entre os que ganham entre um e dois salários mínimos (entre 788 e
1.576 reais). Na categoria até um salário, elas representam 30,6% da população.
Os homens, por sua vez, são 21,5%. Elas também mantêm a dianteira nos trabalhos
remunerados com até dois salários (33,5% contra 32,9% no caso masculino) e vão
perdendo espaço à medida que o rendimento aumenta. Na faixa de 3 a 5 salários,
por exemplo, as mulheres são 6,9% da população, enquanto o universo masculino é
de 10,5% (o total no Brasil para essa faixa de renda é de 8,9%).
No topo da pirâmide, ou seja, 0,7% da população
brasileira que ganha acima de 20 salários mínimos, as mulheres são 0,4% e os homens
são 0,9%.
No cômputo geral do nível de ocupação apurado pela PNAD
por gênero, 73,7% da população masculina está trabalhando. Esse porcentual cai
para 51,2% quando se trata da população feminina. A maternidade, o acesso a
empregos mais precários e informais são parte da explicação para essa
diferença.
A PNAD trouxe ainda os dados sobre desigualdade no
Brasil. No ano passado a diferença de ganhos entre o topo e a base da pirâmide
continuou em queda. A tendência se manteve principalmente pelo aumento da renda
da população mais pobre e a diminuição do rendimento dos mais ricos. Na
contramão, a região Sudeste, a mais rica do país, mostrou uma alta no nível de
desigualdade em 2014.
O resultado nacional se refletiu no índice de Gini, que
mede a distribuição da renda de todos os trabalhadores, permaneceu numa
trajetória decrescente, porque os 20% que ganham menos tiveram aumento no
rendimento, enquanto os 10% que ganham mais aumentaram os ganhos em velocidade
menor, segundo o IBGE. O indicador passou de 0,495 para 0,490 em 2014. Na
escala do índice, quanto mais longe de 1 melhor é a distribuição da renda, o
zero seria a perfeita igualdade.
A renda familiar da população brasileira com menor renda
per capita tiveram aumento real de 6,2% (146 reais para 155). Já os domicílios
pertencentes aos 10% mais ricos tiveram aumento menor, de 2,1% (de 5.076 reais
para 5.183 reais).
Enquanto a média do país viu a distância entre ricos e
pobres diminuir, o Sudeste viu a desigualdade aumentar. Ela passou de 0,475 em
2013 para 0,478. A região foi a única que apresentou alta do índice. Segundo o
IBGE, isso ocorreu porque não houve ganho na parcela dos 10% mais pobres da
população no Sudeste, o que já pode sinalizar os primeiros efeitos da recessão
da economia brasileira. A parcela mais pobre da população brasileira teve uma
renda média de trabalho de 430 reais no Brasil em 2014, 0,7% menor que 2013.
O Nordeste continua sendo a região brasileira mais
desigual do país –seu índice de Gini foi de 0,501, acima da média nacional
(0,490). A região, no entanto, foi a que mais reduziu a desigualdade no
período.
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