quinta-feira, 30 de abril de 2020

Falha de comunicação entre cientistas e sociedade alimenta movimento antivacina

Gazeta da Torre
Para o biólogo da USP Robson Luis do Amaral, conhecimento da academia precisa chegar às comunidades. Na ausência dessa informação, pessoas buscam respostas em outros meios.

O programa Ambiente É o Meio da Rádio USP conversou com o pesquisador Robson Luis Ferraz do Amaral, biólogo pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, sobre como agem os grupos antivacinas e o impacto da divulgação de informações duvidosas durante pandemias.

Amaral comenta o levantamento feito pelo grupo União Pró-Vacina, projeto desenvolvido por instituições de pesquisas e acadêmicas da USP em Ribeirão Preto, sobre como a covid- 19 mudou o alvo de grupos antivacinas que atuam por meio de mídias sociais, como o Facebook.

O União Pró-Vacina analisou cerca de 213 postagens, feitas entre 15 e 21 de março, nos dois maiores grupos públicos brasileiros de conteúdo antivacina no Facebook: O Lado Obscuro das Vacinas e Vacinas: O Maior Crime da História. Esses grupos atuam há cinco e dois anos, respectivamente. Os resultados da análise renderam matéria no Jornal da USP.

O biólogo aponta a falha de comunicação entre órgãos de saúde e a população como um dos fatores que servem de munição para esses grupos. Para Amaral, na ausência de explicações dos profissionais de saúde, as pessoas buscam respostas em outros meios, como a internet. “Não cabe aos cientistas, profissionais de saúde, apenas publicar textos científicos a respeito da importância da vacina. Essa informação tem que chegar até as pessoas”, afirma. 

“A gente começa a ficar restrito dentro dos muros da Universidade, mais preocupados em publicar em uma revista de alto impacto científico ao invés de fazer com que a comunidade que está ao nosso redor entenda o que estamos fazendo”, continua. Para Amaral, é necessário “voltar aos primórdios” e investir na valorização da ciência, e afirma que não adiantam publicações de notícias e informações verídicas em sites de credibilidade quando a sociedade não acredita na ciência.

Fonte: Jornal da USP


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