A confiança e a fé têm a última palavra |
Há momentos em que Deus parece estar distante e isso nos
confunde. Levantamos questões à nossa fé e algumas vezes chegamos até mesmo a
negá-la. A experiência da dor, do abandono e da solidão nos faz perguntar como
Jesus: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Cf. Mt 27,46) E daí surge
outra pergunta: Onde está Deus diante do meu sofrimento? Olhando para Jesus,
temos a resposta. Deus está presente em todas as dores, em todos os lugares
onde o coração sofre. O Deus de Jesus não é o deus impassível da filosofia, mas
o Deus compassivo que passeia pela escuridão e pelas dificuldades humanas. Sua
onipotência não está no poder, mas no amor. É no amor que Deus revela sua
vitalidade e força.
Em Jesus temos a certeza de que Deus atravessa conosco a
escuridão, Ele nos toma pela mão para “passar” conosco (Páscoa-Passagem), nos
permitindo crescer, passando da infância para a maturidade na fé. No momento em
que a fé parece não ter lugar, em que tudo está perdido, Deus age nos enchendo
de ânimo – tem a ver com vida, com respiração, espírito de vida –, portanto, a
Páscoa é essa possibilidade de acreditar que Deus atravessa conosco a
existência.
Na cruz, em meio a todo sofrimento da morte, solitário e
abandonado, Jesus se entrega confiantemente: “Pai, em tuas mãos entrego o meu
Espirito” (Cf. Lc 23,46). Ele nos dá provas de que a confiança e a fé têm a
última palavra, e não a morte. Portanto, nenhuma experiência de dor pode ser
entendida sem contemplarmos a vida, a paixão e a ressurreição de Jesus.
A Páscoa é sempre um convite a atravessar a escuridão da
existência, a cultivar uma dinâmica interior de morte e ressurreição. No
cotidiano, confrontando-nos com nossas tristezas e alegrias, fracassos e vitórias,
somos desafiados a morrer e a ressuscitar com Jesus. No desejo de que nossos
dias se convertam em uma verdadeira Páscoa, aproveitemos para realizar
passagens….
Paulo Soares,
Teólogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário