Gazeta da Torre
Temos percebido um clima de inúmeros conflitos políticos,
econômicos e sociais, tanto no âmbito nacional, quanto no internacional. As
imprensas, os telejornais, estão a postos continuamente e constantemente
comunicando notícias e acontecimentos. As mídias e redes sociais, a todo
vapor...
Fala-se de comunicação de massa... Fala-se em Aldeia
Global...
McLuhan se apropriou da televisão, um meio de comunicação
de massa com integração via satélite, para definir o modelo de aldeia global. E
nos perguntamos se a globalização realmente transformou o mundo em uma grande
Aldeia Global.
É então que relembramos a visão crítica e ideológica de Aldeia
Global, do ilustre geólogo brasileiro Milton Santos, que difunde a globalização
como algo que cria "um único modo" de vivência sem fronteiras, mas na
verdade seria um globaritarismo em que o indivíduo apenas é um "cidadão
global" se possuir os meios tecnológicos que possibilitam que isto
aconteça. A crítica ao termo criado pelo canadense Mcluhan é algo,
frequentemente, presente nas reflexões do geógrafo e pode ser vista em outros artigos
seus e livros, como
O País Distorcido, onde ele faz a seguinte citação: “Daí a
ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global.
Na realidade,
as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os
grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes
organizações internacionais. Infelizmente, o estágio atual da globalização está
produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava,
crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo
que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais".
Precisamos observar com muito cuidado todo esse
movimento, o excesso de informação e a confusão das inúmeras pessoas que, não
tendo o conhecimento aprofundado e contextual, se deixam levar pelo discurso
mais forte, frequente e incisivo, tomam partido, brigam, ofendem uns aos
outros... E o que realmente se ganha? Surpreendem a agressividade das pessoas,
os tons e expressões utilizados nos meios que deviam servir de exemplo para os
cidadãos. E nas redes sociais também não é diferente...
Surpreende a falta de diálogo, reflexão, discernimento e
consequentemente, falta de “direção” na política, na economia e até nas
empresas, onde também a instabilidade impera, os conflitos se multiplicam.
A sensação que se tem é de escassez de líderes
inspiradores, na política, na sociedade, nas empresas. Pessoas que, parecendo
cegas, se tornam incapazes de visualizar aspectos facilitadores de um convívio
gerador de uma realidade mais justa, humana e - por que não dizer? - feliz.
A sensação que se tem é que faltam homens e mulheres com
capacidade de vontade de gerir os conflitos de interesses, promover verdadeiras
negociações de sucesso, pautadas no “ganha-ganha”, o que, infelizmente, não se
vê. Com frequência se veem, em todos os meios, pessoas dispostas a ”vencer”,
“destruindo” o outro.
Os conflitos assim resolvidos não oferecem soluções
sustentáveis, provocam sentimentos de mágoa, insatisfação e revoltas; são
verdadeiras sementes de novos conflitos futuros.
Muitas vezes as pessoas envolvidas necessitam de uma
mediação eficiente e eficaz, por meio de pessoa capacitada com conhecimentos
técnicos e relacionais, dispostas a flexibilizar seus posicionamentos e evitar
desgastes desnecessários, impasses e prolongamento de situações desagradáveis
que, com frequência, provocam transtornos variados para pessoas que não tem a
mínima relação com o problema.
Vemos a todo o momento greves por todos os lados: área de
transportes, bancos, polícia, entre outros segmentos, que, se de um lado,
buscam a defesa dos seus direitos e necessidades, de outro, afetam o ir e vir e
a qualidade de vida dos cidadãos.
Será que o agravamento de tantas questões, nos últimos
tempos, não está diretamente relacionado à carência de grandes líderes,
mediadores competentes e confiáveis, engajados e comprometidos na resolução dos
conflitos com um foco voltado para o ganha–ganha?
Segundo Roberto Shinyashiki: Vencer não é competir com o
outro; é derrotar seus inimigos interiores.
Vive-se cada vez mais com a atenção voltada para o mundo
exterior. Procura-se resolver as questões, focando apenas nos interesses
individuais, buscando soluções prontas, “automáticas”.
Voltemos a nossa atenção para dentro de nós mesmos...
Precisamos nos responsabilizar pela sociedade que estamos construindo dia a dia
com as nossas ações e decisões.
Observa-se que a empatia, a arte mágica de se colocar no
lugar do outro, está em baixa na nossa sociedade, o que a tem desumanizado e
gerado tanto caos!
Vamos pensar sobre isso e, de alguma forma, contribuir
para transformar essa realidade?
Abraço fraterno!
Vera Silva
(verasilva.mastercoach@gmail.com)
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