Gazeta da Torre
Com assinatura da artista visual Andréa Tom e do
fotógrafo Chico Barros, cidade inova na roupagem da folia com intervenções
artísticas sobre fotografias de brincantes reais do reinado de Momo
“Carnaval do Recife. É gente”. Com base nesta premissa
temática que rege o Carnaval do Recife 2025, que é “feito por gente e para
muitas e variadas gentes, daqui e de acolá”, coube à artista visual Andrea Tom
e ao fotógrafo Chico Barros abraçar a missão de traduzir a temática da festa sob
a perspectiva visual e promover um deleite aos olhos dos passantes e
brincantes. O resultado da fusão atômica da dupla gerou imagens únicas,
produzidas a partir de uma técnica inédita na história da identidade visual da
maior festa da cidade: intervenções gráficas e artísticas sobre fotografias de
gente real, que vivencia e perpetua as tradições carnavalescas do maior e
melhor Carnaval do Brasil.
Com a temática do Carnaval 2025 como horizonte de
criação, Andrea Tom – cujas raízes carnavalescas familiares remontam à educação
lúdica e festiva herdada desde seu avô – desenvolveu quatro eixos para traduzir
a concepção das obras: Gente é feita para florescer; Gente é feita para
brilhar; Gente é feita para amar; Gente é feita para ser livre. Conceitos mais
do que intrínsecos ao período momesco, quando todos se confraternizam, ao som
das manifestações populares precedidas por flutuantes estandartes.
A este universo, foram reverenciados os verdadeiros
fazedores e brincantes da folia, responsáveis por perpetuar os brinquedos de um
Carnaval cuja principal característica é a preservação de suas matrizes de
cultura popular. Assim, a Chico Barros coube a missão de eternizar esses
brincantes e fazedores de cultura em cliques dentro de suas personagens: Dona
Zenaide Bezerra em seu indefectível traje de passista, mestre Teté empunhando o
apito com o qual rege o Maracatu Nação Almirante do Forte e muitos outros, como
o cantor e compositor Marron Brasileiro, Aelson da Hora (Mestre do Boi
Faceiro), Tiago Ferreira (diretor do Bacnaré), Mestre Anderson (Caboclinho
Carijós) e Cristina Andrade (Urso Cangaçá).
Também se juntaram a esse time Aparecida Figueiredo
(Bloco da Saudade), Pedro Salustiano (Maracatu Piaba de Ouro), Briê Silva
(Dançarina de passinho e twerk), Dona Marivalda (Maracatu Estrela Brilhante),
Marise Félix (diretora da Gigante do Samba), Pinho Fidélis (Professor da Escola
de Frevo), Mestra Joana (Encanto do Pina) e brincantes como Porta-Estandartes, Rainha
de Bateria e passistas.
Em estúdio, Chico Barros capturou a essência da folia em
cliques mais do que espontâneos e os reproduziu em grandes proporções.
“(Fiquei) imensamente honrado com esse convite para retratar as pessoas que
fazem o Carnaval da Cidade do Recife. Patrimônios vivos, que constroem nossa
cultura. Esses personagens precisam ser conhecidos e reverenciados pelos foliões. O meu
desejo foi retratar a essência de cada
um dos personagens, interferindo o mínimo possível. Minha relação com o
carnaval vem da infância. É de afeto. Preservo no imaginário as imagens dessa
época”, revelou Barros.
Desde que voltou ao Recife por opção - sendo originário
do Agreste Sul pernambucano e após ter tido passagens pelo Ceará e Estados
Unidos - Chico possui relação intrínseca com o Carnaval e seus personagens.
Além de trabalhos autorais e de coberturas de fotojornalismo por mais de uma
década dos festejos da cidade, ele também se dedica a cliques afetivos e
familiares desde sempre durante a sua trajetória momesca. É o caso das
fotografias que faz de José, seu filho de 16 anos, que é registrado desde seu
primeiro Carnaval e continua eternizado pelas lentes do pai a cada festa
mágica. É com esse repertório sentimental, lúdico, e profissional que ele
registrou 28 brincantes das mais diversas tendências dentro de 23 temas do
Carnaval do Recife.
De posse das imagens que captam o real que incendeia e
comanda as ruas no período de Momo, Andrea Tom fez intervenções utilizando
técnicas de recorte e montagem com papel e cola sem ácidos, em um processo
totalmente manual. O PH neutro garante a durabilidade das obras que, após a
reinterpretação lúdica, voltaram ao estúdio para um novo clique e, deste
processo, deu-se a finalização das peças, que estarão estampadas por toda a
cidade.
“Eu trabalho com recorte e colagem em papel e também
dobraduras, mas que não são origamis. A paleta de tons é vibrante, colorida e
carnavalesca, que remete à fantasia, ao período em que a cidade se torna
incrivelmente bela com seus estandartes e adereços”, adianta Andrea Tom, que
revelou ainda que a potência de tons neons e dourados também se faz presente
nas ‘telas’ de grandes proporções que irão tomar conta dos espaços de folia.
Gente é pra brilhar, amar, ser livre e florescer e, assim, as intervenções
ganham contornos de estrelas, sóis, corações selvagens, e até camarões-borboleta.
No Carnaval do Recife 2025, o brincante é convidado a
voar com as asas de sua imaginação e as borboletas-camarão ganham tons de
metáfora libertária em uma festa lírica e quase subversiva, na qual a
normalização da transmutação de identidades e fantasias é uma possibilidade
franqueada a todos. Sejam camarões, borboletas ou borboletas-camarões.
E o Camarão-Borboleta? A alegoria vem de uma historieta
de quase ninar contada pelo avô de Andrea Tom, seu Armindo, na qual ele a
mostrava singelas borboletas amarelas do campo na vida real e dizia que elas
estavam indo de encontro ao mar, onde se transformavam em camarões. A fantasia,
garante a artista, era assunto sério na casa dela. Assim como a folia. “Eu sou
uma pessoa do Carnaval”, diz Andrea Tom. Ela conta que, quando criança, seu pai
fazia parte de diretorias de bloco e ela investia horas a fio assistindo à
folia pela TV. Até que ganhou as ruas da festa pelas mãos de sua mãe, para
conhecer os folguedos. Para a família inteira, o Carnaval era a festa preferida
e o Recife, o epicentro desse afeto.
DECORAÇÃO - Enquanto o extenso calendário de prévias
convida a população a se preparar para os festejos de Momo, o Recife vai se
enfeitando para a maior festa do calendário brasileiro. No Pátio de São Pedro e
na Rua da Moeda, os palcos já estão prontos para receber concursos, ensaios e
demais programações dos preparativos carnavalescos.
Também já está sendo montada a grandiosa estrutura do
palco do Marco Zero, principal cenário da festa. O palco terá 70 metros de
largura e 26 de profundidade, com moldura toda coberta por painéis de led com
volumetria, que trarão imagens, grafismos e elementos decorativos da festa, com
efeito 3D.
Exatamente como aconteceu no ano passado, o palco contará
com uma passarela estendida, avançando em direção aos galpões do cais, para
ganhar quase o dobro da área cênica de que dispunha anteriormente. Além de mais
espaço para as apresentações, a estrutura garante mais visibilidade para o
público que estiver na Marquês de Olinda, na Alfredo Lisboa e na Rio Branco,
democratizando ainda mais a maior festa de rua do país. A estrutura contará
mais uma vez com área para os DJs embalarem os intervalos em cima do palco.
Para receber nossas músicas e tradições, o bairro
histórico ganhará as cores e temas da festa. As decorações serão espalhadas
pela Avenida Rio Branco, Rua do Bom Jesus e Praça do Arsenal, que ganharão
iluminação cênica, cordões de led e fitas coloridas, além de banners e
elementos decorativos suspensos, como borboletas, pássaros e os camarões alados
que protagonizam as artes criadas a partir do encontro dos talentos de Andrea
Tom e Chico Barros.
Também serão decoradas com elementos do projeto gráfico
assinado pela dupla as três pontes que abrem alas da folia do bairro,
conduzindo o público à festa: Limoeiro, Buarque de Macedo e Maurício de Nassau.
Cada uma delas será decorada com temas alusivos a um dos três homenageados do
Carnaval 2025: a Troça Abanadores do Arruda, Elba Ramalho e Marron Brasileiro,
respectivamente.
Este ano, no lugar dos pórticos, as pontes ganharão
intervenções nas laterais: elementos decorativos e iluminação cênica. A
Limoeiro da Troça Abanadores será enfeitada com um sol e estrelas douradas. Na
Maurício de Nassau, Marron e a alegria de sua música, que faz a multidão sair
do chão, serão lembrados por pássaros e arcos coloridos. Para celebrar Elba
Ramalho, a Buarque de Macedo se encherá de flores e luzes.
Fonte:PCR
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