sábado, 1 de março de 2025

Identidade visual do Carnaval do Recife 2025 reverencia foliões, o Recife e suas gentes

 Gazeta da Torre

Com assinatura da artista visual Andréa Tom e do fotógrafo Chico Barros, cidade inova na roupagem da folia com intervenções artísticas sobre fotografias de brincantes reais do reinado de Momo

“Carnaval do Recife. É gente”. Com base nesta premissa temática que rege o Carnaval do Recife 2025, que é “feito por gente e para muitas e variadas gentes, daqui e de acolá”, coube à artista visual Andrea Tom e ao fotógrafo Chico Barros abraçar a missão de traduzir a temática da festa sob a perspectiva visual e promover um deleite aos olhos dos passantes e brincantes. O resultado da fusão atômica da dupla gerou imagens únicas, produzidas a partir de uma técnica inédita na história da identidade visual da maior festa da cidade: intervenções gráficas e artísticas sobre fotografias de gente real, que vivencia e perpetua as tradições carnavalescas do maior e melhor Carnaval do Brasil.

Com a temática do Carnaval 2025 como horizonte de criação, Andrea Tom – cujas raízes carnavalescas familiares remontam à educação lúdica e festiva herdada desde seu avô – desenvolveu quatro eixos para traduzir a concepção das obras: Gente é feita para florescer; Gente é feita para brilhar; Gente é feita para amar; Gente é feita para ser livre. Conceitos mais do que intrínsecos ao período momesco, quando todos se confraternizam, ao som das manifestações populares precedidas por flutuantes estandartes.

A este universo, foram reverenciados os verdadeiros fazedores e brincantes da folia, responsáveis por perpetuar os brinquedos de um Carnaval cuja principal característica é a preservação de suas matrizes de cultura popular. Assim, a Chico Barros coube a missão de eternizar esses brincantes e fazedores de cultura em cliques dentro de suas personagens: Dona Zenaide Bezerra em seu indefectível traje de passista, mestre Teté empunhando o apito com o qual rege o Maracatu Nação Almirante do Forte e muitos outros, como o cantor e compositor Marron Brasileiro, Aelson da Hora (Mestre do Boi Faceiro), Tiago Ferreira (diretor do Bacnaré), Mestre Anderson (Caboclinho Carijós) e Cristina Andrade (Urso Cangaçá).

Também se juntaram a esse time Aparecida Figueiredo (Bloco da Saudade), Pedro Salustiano (Maracatu Piaba de Ouro), Briê Silva (Dançarina de passinho e twerk), Dona Marivalda (Maracatu Estrela Brilhante), Marise Félix (diretora da Gigante do Samba), Pinho Fidélis (Professor da Escola de Frevo), Mestra Joana (Encanto do Pina) e brincantes como Porta-Estandartes, Rainha de Bateria e passistas.

Em estúdio, Chico Barros capturou a essência da folia em cliques mais do que espontâneos e os reproduziu em grandes proporções. “(Fiquei) imensamente honrado com esse convite para retratar as pessoas que fazem o Carnaval da Cidade do Recife. Patrimônios vivos, que constroem nossa cultura. Esses personagens precisam ser conhecidos e  reverenciados pelos foliões. O meu desejo  foi retratar a essência de cada um dos personagens, interferindo o mínimo possível. Minha relação com o carnaval vem da infância. É de afeto. Preservo no imaginário as imagens dessa época”, revelou Barros.

Desde que voltou ao Recife por opção - sendo originário do Agreste Sul pernambucano e após ter tido passagens pelo Ceará e Estados Unidos - Chico possui relação intrínseca com o Carnaval e seus personagens. Além de trabalhos autorais e de coberturas de fotojornalismo por mais de uma década dos festejos da cidade, ele também se dedica a cliques afetivos e familiares desde sempre durante a sua trajetória momesca. É o caso das fotografias que faz de José, seu filho de 16 anos, que é registrado desde seu primeiro Carnaval e continua eternizado pelas lentes do pai a cada festa mágica. É com esse repertório sentimental, lúdico, e profissional que ele registrou 28 brincantes das mais diversas tendências dentro de 23 temas do Carnaval do Recife.

De posse das imagens que captam o real que incendeia e comanda as ruas no período de Momo, Andrea Tom fez intervenções utilizando técnicas de recorte e montagem com papel e cola sem ácidos, em um processo totalmente manual. O PH neutro garante a durabilidade das obras que, após a reinterpretação lúdica, voltaram ao estúdio para um novo clique e, deste processo, deu-se a finalização das peças, que estarão estampadas por toda a cidade.

“Eu trabalho com recorte e colagem em papel e também dobraduras, mas que não são origamis. A paleta de tons é vibrante, colorida e carnavalesca, que remete à fantasia, ao período em que a cidade se torna incrivelmente bela com seus estandartes e adereços”, adianta Andrea Tom, que revelou ainda que a potência de tons neons e dourados também se faz presente nas ‘telas’ de grandes proporções que irão tomar conta dos espaços de folia. Gente é pra brilhar, amar, ser livre e florescer e, assim, as intervenções ganham contornos de estrelas, sóis, corações selvagens, e até camarões-borboleta.

No Carnaval do Recife 2025, o brincante é convidado a voar com as asas de sua imaginação e as borboletas-camarão ganham tons de metáfora libertária em uma festa lírica e quase subversiva, na qual a normalização da transmutação de identidades e fantasias é uma possibilidade franqueada a todos. Sejam camarões, borboletas ou borboletas-camarões.

E o Camarão-Borboleta? A alegoria vem de uma historieta de quase ninar contada pelo avô de Andrea Tom, seu Armindo, na qual ele a mostrava singelas borboletas amarelas do campo na vida real e dizia que elas estavam indo de encontro ao mar, onde se transformavam em camarões. A fantasia, garante a artista, era assunto sério na casa dela. Assim como a folia. “Eu sou uma pessoa do Carnaval”, diz Andrea Tom. Ela conta que, quando criança, seu pai fazia parte de diretorias de bloco e ela investia horas a fio assistindo à folia pela TV. Até que ganhou as ruas da festa pelas mãos de sua mãe, para conhecer os folguedos. Para a família inteira, o Carnaval era a festa preferida e o Recife, o epicentro desse afeto.

DECORAÇÃO - Enquanto o extenso calendário de prévias convida a população a se preparar para os festejos de Momo, o Recife vai se enfeitando para a maior festa do calendário brasileiro. No Pátio de São Pedro e na Rua da Moeda, os palcos já estão prontos para receber concursos, ensaios e demais programações dos preparativos carnavalescos.

Também já está sendo montada a grandiosa estrutura do palco do Marco Zero, principal cenário da festa. O palco terá 70 metros de largura e 26 de profundidade, com moldura toda coberta por painéis de led com volumetria, que trarão imagens, grafismos e elementos decorativos da festa, com efeito 3D.

Exatamente como aconteceu no ano passado, o palco contará com uma passarela estendida, avançando em direção aos galpões do cais, para ganhar quase o dobro da área cênica de que dispunha anteriormente. Além de mais espaço para as apresentações, a estrutura garante mais visibilidade para o público que estiver na Marquês de Olinda, na Alfredo Lisboa e na Rio Branco, democratizando ainda mais a maior festa de rua do país. A estrutura contará mais uma vez com área para os DJs embalarem os intervalos em cima do palco.

Para receber nossas músicas e tradições, o bairro histórico ganhará as cores e temas da festa. As decorações serão espalhadas pela Avenida Rio Branco, Rua do Bom Jesus e Praça do Arsenal, que ganharão iluminação cênica, cordões de led e fitas coloridas, além de banners e elementos decorativos suspensos, como borboletas, pássaros e os camarões alados que protagonizam as artes criadas a partir do encontro dos talentos de Andrea Tom e Chico Barros.

Também serão decoradas com elementos do projeto gráfico assinado pela dupla as três pontes que abrem alas da folia do bairro, conduzindo o público à festa: Limoeiro, Buarque de Macedo e Maurício de Nassau. Cada uma delas será decorada com temas alusivos a um dos três homenageados do Carnaval 2025: a Troça Abanadores do Arruda, Elba Ramalho e Marron Brasileiro, respectivamente.

Este ano, no lugar dos pórticos, as pontes ganharão intervenções nas laterais: elementos decorativos e iluminação cênica. A Limoeiro da Troça Abanadores será enfeitada com um sol e estrelas douradas. Na Maurício de Nassau, Marron e a alegria de sua música, que faz a multidão sair do chão, serão lembrados por pássaros e arcos coloridos. Para celebrar Elba Ramalho, a Buarque de Macedo se encherá de flores e luzes.

Fonte:PCR

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