Gazeta da Torre
Em pleno século 21, classe feminina ainda luta contra
diferenças salariais e dupla jornada de trabalho.
O Dia Internacional da Mulher, comemorado 8 de março,
começou com um objetivo: lutar por igualdade de salário e de direitos civis.
Cinquenta anos já se passaram desde a sua oficialização pela Organização das
Nações Unidas (ONU) e “muita coisa ainda precisa mudar”, segundo Vera Lúcia
Navarro, socióloga do trabalho e professora do Departamento de Psicologia da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 2019, indicam que as
mulheres enfrentam desigualdade salarial de 15% em relação aos homens que
desempenham a mesma função. Para aquelas que possuem ensino superior completo a
discrepância pode chegar a 35%.
A professora Vera conta que essas diferenças encontradas
no mercado de trabalho muitas vezes começam dentro de casa. “A responsabilidade
pela criação dos filhos, o cuidado com a casa e com a saúde da família ainda
continuam sendo da mulher. O homem ainda se apresenta como aquele que ajuda e
não como o que divide tudo”, afirma.
Fato que se comprovou no relatório Outras Formas de
Trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Penad) do
IBGE, em 2018. Segundo o levantamento, as mulheres gastaram em média mais de 21
horas, por semana, com afazeres domésticos e cuidado de pessoas, quase o dobro do
que os homens gastaram com as mesmas tarefas.
Para Vera, os dados revelam um lento progresso que
percorreu toda a história da luta de movimentos feministas e de trabalhadores,
porém ainda há pouco a ser comemorado. “Essa é uma data que remete à luta das mulheres
por mais direitos, condições de vida e de trabalho e nessa conjuntura em que
estamos vivendo, de tantos retrocessos e tantos atrasos, o que temos a
comemorar? Penso que esse é muito mais um dia de luta e de protestos do que de
comemorações”.
Fonte: Jornal da USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário