Gazeta da Torre
Quando completa cerca de 50 anos de idade, o corpo humano
intensifica um processo natural pouco agradável: a perda progressiva de massa muscular,
chamada de sarcopenia.
E na terceira idade, menos músculos podem significar
também menos independência, já que o corpo passa a ter força e mobilidade
reduzida para subir escadas, carregar compras e até ter energia para as tarefas
diárias, além de aumentar o risco de acidentes como quedas — e a capacidade do
organismo para se recuperar deles.
Também é uma questão que afeta diretamente a saúde.
Manter uma boa quantidade de massa muscular contribui para a prevenção de
doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças
cardiovasculares, quadros que se tornam mais comuns conforme as pessoas
envelhecem.
"Muitas vezes, o músculo perdido é substituído por
gordura corporal, reduzindo a força muscular e a mobilidade, ao mesmo tempo que
desestrutura o metabolismo", descreveu a geriatra norte-americana
Gabrielle Lyon, autora do livro ‘A Revolução dos Músculos’, em entrevista
recente à BBC News Brasil.
Especialistas consultados pela reportagem afirmam que a
melhor estratégia para idosos construírem e manterem músculos parece muito com
a usada em qualquer idade — e defendem que os resultados podem ser
significativos para todos, sejam pessoas com 20 ou 80 anos.
Há, no entanto, algumas orientações específicas -
considerando fatores como o tempo de recuperação muscular e o maior risco de
lesão em pessoas com idade avançada - que podem ajudar a maximizar os ganhos
musculares.
Qual exercício vale?
"De maneira muito simples, a pessoa pode aumentar a
massa muscular fazendo leg press dentro de uma academia, assim como fazendo
séries de agachamentos com pesos dentro de casa", indica o professor de
Educação Física Eduardo de Souza.
O importante é que haja um estímulo que ofereça
resistência aos músculos.
"Sabemos que atividades como caminhada e dança são
populares entre idosos. São práticas ótimas para saúde mental e para a parte
cardiovascular e circulatória. Em uma pessoa que era sedentária, essas
modalidades podem até oferecer um pequeno ganho de músculo. Mas para continuar
aumentando a massa, não tem outro caminho que não sejam exercícios de força",
descreve Ricardo Guerra, professor do curso de Educação Física do Instituto de
Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo (ISS/Unifesp).
De acordo com o professor, pensando na manutenção da
autonomia e da qualidade de vida na terceira idade, é recomendável fazer
exercícios multiarticulares.
"São aqueles que recrutam grandes grupos musculares.
Esses exercícios promovem um fortalecimento mais completo e funcional do corpo,
e vão ajudar em atividades diárias, como levantar sozinho e carregar as
compras", explica Ricardo Guerra, do Instituto de Saúde e Sociedade da
Universidade Federal de São Paulo (ISS/Unifesp).
Alguns exemplos desses exercícios, são: agachamentos,
levantamento terra, supino, remada, e desenvolvimento de ombros - todos
movimentos bastante comuns em treinos de musculação.
"E importante considerar que os aparelhos de
academia, ainda que alguns não trabalhem tantos músculos ao mesmo tempo quanto
um exercício com o peso do corpo, oferecem uma segurança maior devido à sua
estrutura."
Em contraste, os pesos livres, apesar de mais
desafiadores, não têm a mesma segurança integrada. É crucial ponderar as opções
disponíveis e também levar em conta a recuperação muscular dos idosos ao
planejar um programa de exercícios", completa Guerra.
Os professores indicam, no entanto, que outras atividades
físicas não precisam ser excluídas se a pessoa gosta de fazê-las.
"Precisamos considerar também as interações sociais
que outras modalidades promovem, além dos ganhos para a saúde mental. É mais fácil
que as pessoas continuem ativas se realmente gostam daquela atividade",
afirma Eduardo de Souza.
*Matéria completa
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce987l7zv4lo
Fonte: Giulia Granchi - Da BBC News Brasil em Londres
- divulgação -
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