Gazeta da Torre
Edelson Barbosa |
A definição acima retrata o começo da história de um dos
grandes empresários pernambucanos, Edelson Barbosa de Souza. Antes de ser um
homem de negócios, Edelson é originalmente um cabeleireiro, encaminhado para
esta profissão por necessidades financeiras. Vindo de São Lourenço da Mata para
morar com a avó, no Recife, aos dois anos, presenciou logo cedo as dificuldades
que a falta de dinheiro gera.
“Minha avó era uma pessoa humilde e muito lutadora”,
lembrou saudoso. Já com 10 anos arrumou o primeiro emprego e no ramo, na Rua da
Imperatriz, com Alexandre e Aércio Filipine. “Foi realmente onde tudo começou e
fui apresentado ao mundo da beleza”, comentou Edelson que não imaginava que
aquela profissão seria a da sua vida. Quatro anos depois foi trabalhar no
bairro da Torre, no salão da cabeleireira Nair Meireles, prestando uma
consultoria.
Não passou muito tempo e tornou-se sócio do salão, aos 15
anos. Com 16, o marco na sua história profissional, ele montou o seu próprio
negócio. “Apesar da idade, eu tinha muita vontade”.
Corajoso, desde o início e até hoje, está na linha de
frente do salão. “Sempre fui o primeiro a chegar e o último a sair. Se preciso
me ausentar, alguém da família assume”, garante.
Desde que chegou no bairro da Torre, ainda garoto, nunca
mais saiu. Nas horas de brincar, o lugar escolhido por Edelson e seus amigos
era o campinho de futebol, em frente à tradicional igreja da Torre. “Lá era a
minha segunda casa; me diverti demais brincando com os meus amigos”, comentou o
cabeleireiro que logo lembrou de outros lugares que frequentava bastante. “ A
gafieira do Sesi, o Bar do Rui, o Mercado da Madalena”, citou dentre outros.
A lembrança da tranquilidade daquela época e das transformações que o bairro sofreu é viva também em sua memória. “Sinto saudade do mangue que existia, quando a Beira Rio ainda nem sonhava em ser construída. Recordo de como fez sucesso a ponte da Torre quando foi concluída”, comentou relembrando também amigos como Memede e o pessoal da família Krause. Com as mudanças, surgiram as novidades. “Para a nossa felicidade, até um jornal sobre o bairro apareceu. Um jornal respeitado que sacudiu um pouco o que estava parado; nos informa de coisas que nem a gente mesmo sabia. Maurício é um benfeitor”, ressaltou Edelson referindo-se ao Fundador do Jornal Gazeta da Torre.
No meio dessa juventude bem vivida, Edelson sempre era
chamado pela responsabilidade. Ainda na década de 60, na busca constante da
qualificação profissional, morou um ano em São Paulo e um ano no Rio de
Janeiro. Já passou meses na Europa se especializando, ganhou prêmios, e não
para de se atualizar. “Eu lido com uma das coisas mais importantes que existem:
a beleza. Exijo estar sempre antenado”, explicou.
Sério e bastante comprometido com a profissão escolhida,
desde o começo defendeu e defende a classe. “Nosso trabalho é tão importante
quanto qualquer outro. Não é só cortar o cabelo, lidamos com a felicidade das
pessoas”, disse o cabeleireiro que lembrou o quanto o meio evoluiu. “É uma
grande profissão e, como em todas, tem os que fazem de qualquer jeito e os que
prezam pela credibilidade, que é o meu caso”, falou Edelson pertencente ao
mercado há mais de 50 anos.
Generoso, ensina e forma escola entre os que trabalham
com ele. “Muitos já voaram. E hoje são grandes vencedores”, alegra-se. Outra
grande ajuda para o meio foi sempre a boa postura em relação à sua sexualidade.
“Hoje ainda existe preconceito, imagine naquela época. Já fiz muitos gestos
impróprios para tentar calar a boca de alguns engraçadinhos”, assumiu sorrindo
das travessuras.
Pai de quatro filhos e casado com Judite Barbosa, Edelson
expandiu na família o cuidado e o carinho por seus estabelecimentos. “Meus
filhos são formados em outras áreas, mas estão sempre pelas lojas”, incentiva
Edelson. “Não só a empresa é familiar, mas a clientela também”, lembra. Quem já
passou pelas mãos do cabeleireiro sempre volta. “É ótimo porque quem vem a
primeira vez depois traz outra pessoa. Fica uma relação com as gerações”, falou
Edelson que atendeu e atende até hoje de famílias como a Barreto Campelo, a Montenegro,
entre outras do Recife.
Isso é um dos grandes prazeres da profissão. Apesar de
cortar menos cabelos hoje em dia, corta mais quando solicitado, Edelson não
pensa em parar. “Só pararia se sentisse alguma rejeição da minha clientela”,
confessa.
“É ótimo contemplar nosso crescimento e é bom saber que
temos uma história que se vende por si só”, concluiu satisfeito.
Por Manuella Gomes, jornalista – Gazeta da Torre
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