quinta-feira, 10 de outubro de 2019

10 de Outubro - Dia mundial da VISÃO


Gazeta da Torre
Fonte: Jornal da USP
A data, criada pela Organização Mundial da Saúde, chama a atenção para os perigos à visão, como a cegueira e a deficiência visual.

Hoje, no Brasil, há mais de 1,2 milhão de cegos. Como a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 60% das cegueiras são evitáveis, isso significa que quase 700 mil brasileiros que são cegos, poderiam não ser, se tivessem recebido tratamento precocemente.

O acesso ao atendimento médico oftalmológico é decisivo para alterar as condições de saúde ocular do povo brasileiro.

Além das dificuldades de acesso ao médico oftalmologista no SUS, outro grave problema é a falta de informação.

No Dia Mundial da VISÃO, para tentar ajudar, separamos alguns trechos dos artigos da Coluna Fique de Olho, com o Dr. Eduardo Rocha, produção do Jornal da USP.

O Dr. Eduardo Rocha, Professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, líder do grupo de pesquisa “Núcleo de Pesquisa em Fisiopatologia Ocular” e chefe do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP. É editor chefe do periódico Arquivos Brasileiros de Oftalmologia e presta assessoria científica para diversas agências de fomentos e revistas científicas internacionais, fala sobre vários tópicos relacionados a VISÃO.

A SAÚDE OCULAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

O brasileiro convive com saúde ocular cheia de contrastes e problemas relacionados à desigualdade social, carência alimentar e à falta de acesso ao tratamento

“Sabemos por dados epidemiológicos e alguns comentários, já repercutidos aqui, que o Brasil convive com uma saúde ocular cheia de contrastes e problemas relacionados à desigualdade social, carência alimentar e à falta de acesso ao tratamento. Por outro lado, vem a medicina, os meios mais modernos e sofisticados para cuidar da saúde ocular da população, oftalmologistas preparados, centros de excelência que não deixam a desejar em nada aos maiores centros mundiais, e estamos prontos para enfrentar qualquer cirurgia ou problemas que envolvam a saúde ocular.”   

PARA CADA DISTÚRBIO OCULAR EXISTE UM TIPO DE ÓCULOS MAIS INDICADO

A moda tende a ditar quais tipos de armação de óculos serão mais usadas, mas é importante priorizar o conforto

Hoje em dia, diz o professor, existem diversas armações de óculos disponíveis e, além de serem artigos de moda, cada um tem seu benefício. Os míopes por exemplo, são favorecidos por óculos pequenos, pois produzem menos artefatos de imagem.

Já os indivíduos que sofrem de hipermetropia são beneficiados pelos óculos maiores, pois os efeitos prismáticos são reduzidos quando são mais amplos na largura. O mesmo ocorre com as pessoas que necessitam das lentes multifocais. É preciso mais espaço para que seja possível acomodar as lentes dentro da mesma armação.

Em relação à armação, o professor diz que o mais importante é escolher uma confortável. O objeto fará parte do dia a dia, portanto, é indispensável que os óculos não sejam pesados ou causem incômodos em quem o está usando.

ANSIEDADE E ASPECTOS PSICOLÓGICOS ESTÃO RELACIONADOS AO ATO DE COÇAR

Eduardo Rocha comenta que, nas clínicas oftalmológicas, os médicos se dedicam a pacientes que se excedem no ato de coçar os olhos

O professor Eduardo Rocha fala sobre o Prêmio IgNobel da Paz para a compreensão da satisfação de coçar: para entender porque não coçar os olhos.

O prêmio foi estabelecido em 1991, entre cientistas, para pesquisas que primeiro fazem rir e depois fazem pensar; fica nítido o trocadilho com o Prêmio Nobel, estabelecido pelo cientista sueco em 1985 e conferido anualmente desde 1901, trazendo prestígio a cientistas, instituições e países.

Neste ano, o IgNobel premiou um grupo de pesquisadores que tem uma carreira dedicada a compreender os mecanismos e as compensações relacionadas ao ato de coçar. Os pesquisadores analisaram cobaias e concluíram que a relação entre os lugares uma vez estimulados traziam mais satisfação na região dos tornozelos e antebraços, relacionando o ato de coçar à ansiedade e outros aspectos psicológicos.

SAIBA SE EXERCÍCIOS OCULARES REALMENTE BENEFICIAM A VISÃO

Mais importante que os exercícios são o descanso e a proteção dos olhos, diz Rocha
O professor chama a atenção para a importância de pesquisadores que se dedicam a ampliar o conhecimento dos mecanismos que fazem os indivíduos se coçarem, pois muito do dia a dia da clínica oftalmológica é dedicado a pessoas que se excedem no ato de coçar.

Segundo Rocha, alguns exercícios podem, sim, proporcionar uma pequena melhora a problemas como estrabismo e dificuldades visuais, porém, é necessário que o indivíduo se dedique e realize com frequência as atividades propostas.

Para o professor, o que realmente é primordial para nossos olhos são a proteção aos diversos estímulos visuais recebidos ao longo do dia e também o descanso devido.

ENTENDA COMO DOENÇAS CRÔNICAS INTERFEREM NA SAÚDE OCULAR

Doenças como diabete e dislipidemia precisam de monitoramento sanguíneo para que não prejudiquem a visão

Doenças como diabete, dislipidemia e outros distúrbios hormonais e também inflamatórios necessitam de monitoramento sanguíneo para que sejam evitados futuros problemas que essas doenças possam causar à visão.

Apesar do desconforto de realizar as “picadas” para que o exame de sangue possa ser feito, segundo o professor, esse incômodo vale a pena para que se possa prevenir disfunções e garantir a boa saúde ocular e geral.

ENTENDA MAIS SOBRE O CÂNCER OCULAR

Dores recorrentes, modificação da cor dos olhos e perda acelerada da visão são alguns dos sintomas da incomum doença

Apesar de pouco recorrente, uma das doenças mais temidas na atualidade também pode atingir os olhos e as estruturas que os cercam, nos nervos, ossos, músculos e tecidos.
Rocha conta que ainda no século 19, o médico oftalmologista brasileiro Hilário de Gouvea contribuiu muito para a evolução dos tratamentos para esse tipo de câncer ao descobrir que a doença tinha relação genética. Assim como outros problemas na visão, o câncer nos olhos apresenta sintoma de dor persistente, modificação da cor e da localização das estruturas oculares e também a diminuição rápida da visão.

O professor alerta que se forem percebidos alguns desses sintomas é preciso consultar um especialista, pois, apesar de muito raro, quando esse câncer é detectado no início há maiores chances de cura e boas formas de tratamento na modernidade.

VITAMINAS SÃO ESSENCIAIS PARA UMA BOA VISÃO

Saladas e proteínas de origem animal beneficiam a saúde ocular

A visão é um sentido primordial do corpo humano, fundamental para que se tenha uma boa qualidade de vida. O funcionamento desse órgão é quase incansável, extremamente exigente do ponto de vista metabólico, realizando a todo momento trabalhos sofisticados no aspecto bioquímico.

Para que essas rebuscadas atividades continuem a atuar normalmente, os olhos precisam estar abastecidos por uma série de vitaminas e nutrientes que o corpo, sozinho, não é capaz de fabricar ou converter a partir de uma dieta errática.

As vitaminas A e D, entre outros elementos, são fundamentais para a boa saúde ocular. A vitamina A, por exemplo,  é responsável por recarregar as moléculas sensíveis à luz e estimular a mitose que renova os tecidos dos olhos.

Esses elementos, incluindo aminoácidos essenciais, podem ser encontrados em uma dieta saudável, com alimentos frescos e com o mínimo de processamento industrial. Dessa maneira, saladas e proteínas de origem animal como queijo, carne, peixe, entre outras, são capazes de garantir o que é preciso para uma boa visão, não sendo necessário o uso de suplementos para os indivíduos saudáveis.

LER NO ESCURO NÃO PREJUDICA A VISÃO

Apesar da velha crença popular ainda ser muito divulgada, principalmente pelos mais antigos, a atividade não causa mal 

Antigamente, quando havia menos acesso à luz elétrica, foi mais necessário usar a visão em ambientes pouco iluminados, por isso, é muito  frequente ouvir de uma pessoa mais velha sobre essa antiga crença. Nos dias de hoje, entretanto, existem diversas facilidades e opções que tornam bem mais fácil a leitura no escuro.

O professor explica que a baixa luminosidade somente pode causar um maior cansaço nas vistas durante a leitura, pois, para entrar mais informação visual nessa situação, há necessidade de dilatar a pupila, de maior concentração no texto, e o baixo contraste torna o esforço visual maior, portanto, o trabalho da leitura com pouca luz se torna mais cansativo.
Rocha diz, no entanto, que não há nenhuma comprovação científica que justifique ou relacione a atividade à presbiopia ou à dificuldade de enxergar perto, principalmente depois dos 45 anos. Dessa forma, fica esclarecido que utilizar os olhos na baixa luminosidade não causa mal futuro e não é prejudicial à visão.

MÉTODOS QUE TORNAM O USO DE COMPUTADORES MAIS CONFORTÁVEL

Passar muito tempo em frente às telas pode causar desconforto e danos ao globo ocular
Rocha fala que, no decorrer dos anos, computadores passaram a ser usados não apenas em ambientes de trabalho, como escritórios, mas também em domésticos, o que tornou sua utilização, e a de outros aparelhos eletrônicos com telas, comum. No entanto, passar mais tempo frente a esses dispositivos faz com que o globo ocular se esforce mais.

O professor conta que mecanismos de alteração de cores já foram usados anteriormente para minimizar o desconforto dos olhos e os danos ao globo,  mas ele orienta que as melhores formas para tornar o uso mais confortável é posicionar as telas de forma elevada e a uma determinada distância.

LENTES DE CONTATO EXISTEM HÁ APROXIMADAMENTE 50 ANOS

As lentes auxiliam na correção da miopia, hipermetropia, astigmatismo, outras deformidades de córnea e no tratamento das vistas cansadas

O uso e a prescrição médica da lente de contato começaram a acontecer como outra opção, além dos óculos, entre o final dos anos de 1960 e começo de 1970. Segundo Rocha, no início, o tratamento era bastante moderno e disponível para um grupo seleto, pois exigia muitos cuidados e tecnologias avançadas.

Hoje em dia, as lentes alcançam um maior número de pessoas e se tornaram uma opção comum e não mais um grande avanço tecnológico, porém, continua frequente e útil na correção de problemas ópticos. Rocha afirma que a ferramenta, quando bem usada, melhora a imagem recebida pelos olhos e modifica a estética da face para aqueles que se incomodam com os óculos.

Entretanto, o professor alerta para os cuidados com a limpeza e com o manuseio da lente, pois uma ferida, inflamação ou úlcera na córnea podem levar a um problema mais grave. 

USO EXCESSIVO DAS REDES SOCIAIS GERA CANSAÇO VISUAL

Em repouso, uma pessoa pisca em média 20 vezes por minuto, enquanto uma que está nas redes sociais pisca apenas duas

Como uma forma de socialização, as redes sociais unem pessoas que estão distantes, entretanto, seu uso excessivo acaba gerando uma enorme carga de atenção e captação de informações pela visão. “O fato é que o uso das redes sociais não trará, a princípio, nem uma doença para os olhos , o que acontece em relação às queixas dos pacientes é que as redes sociais induzem a um maior cansaço visual”, diz Rocha.

O professor conta que os olhos, com o convívio diário das redes sociais,  geram uma carga excedente, pois eles não deixam de realizar seu funcionamento de rotina. “Para se ter uma ideia, um indivíduo em repouso tem uma frequência de piscadas de aproximadamente 20 movimentos por minuto e isso induz a troca de nutrientes, nova lubrificação da superfície e renovação do filme lacrimal que está sobre os olhos”.

Rocha lembra que, por outro lado, diante da “chuva” de informações e das figuras animadas das redes sociais, há uma redução de 20 para 2 piscadas por minuto, fora o grande trabalho muscular dos olhos. Tudo isso induz a um cansaço, uma menor nutrição e lubrificação da superfície. Ao final de uma semana, é totalmente aceitável que os olhos manifestem cansaço”.

O professor adverte que as redes sociais podem ser usadas, “mas com racionalidade, moderação e sempre respeitando o tempo de repouso dos olhos, que é de pelo menos oito horas”.

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