Gazeta da Torre
Ganhadora dos Prêmios Camões e Machado de Assis,
escritora extrai momentos epifânicos do dia a dia
Em junho, a poeta, romancista, contista, professora e
filósofa Adélia Prado foi consagrada, em menos de uma semana, com dois grandes
reconhecimentos por sua contribuição às artes. O primeiro deles foi o Prêmio
Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL). O outro foi o Prêmio
Camões, principal láurea do mundo lusófono, que é subsidiado pela Fundação
Biblioteca Nacional (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) do Brasil,
e pelo governo de Portugal.
Na declaração elogiosa emitida pelo júri do Prêmio
Camões, Adélia é descrita como autora “de uma obra muito original, que se
estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética”. O júri continua,
situando-a como “herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a
conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras ‘Adélia é lírica,
bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo’. O comentário termina
afirmando que Adélia é “há longos anos uma voz inconfundível na literatura de
língua portuguesa”.
Adélia Luzia Prado de Freitas nasceu em Divinópolis,
Estado de Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Realizou o Magistério em
1953 e tornou-se professora. Em 1966, já casada e mãe de cinco filhos, iniciou
a graduação em Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Divinópolis, que atualmente integra a Universidade Estadual de Minas Gerais
(UEMG).
Antes de seu primeiro livro, atuou por 24 anos como
professora e publicou alguns poemas em jornais locais. A estreia oficial na
literatura se daria em 1976 com o livro Bagagem. A publicação da obra teve
influência de Carlos Drummond de Andrade, que recebera dois anos antes alguns
poemas enviados pela própria Adélia. Impressionado, Drummond sugeriu o material
para os editores.
Em 1978, Adélia publicaria seu segundo livro, O Coração
Disparado, com o qual recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro
(CBL). No ano seguinte, deixou a sala de aula para se dedicar exclusivamente à
carreira artística e estreou na prosa com Solte os Cachorros. Em 1980, dirigiu
em sua cidade a montagem teatral de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna,
realizada pelo grupo amador Cara e Coragem.
O romance Cacos Para Um Vitral seria publicado também em
1980 e em 1981 sairia a coleção de poemas Terra de Santa Cruz. De 1983 a 1988,
Adélia atuou como chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação
e Cultura de Divinópolis, período em que publica o romance Os Componentes da
Banda (1984) e o livro de poemas A Faca no Peito (1988). Foi nessa época
também, em 1987, que Fernanda Montenegro levou aos palcos o espetáculo Dona
Doida, baseado em poemas da autora.
O início da década de 1990 se abre para Adélia com a
publicação de Poesia Reunida (1991) e segue com o romance O Homem da Mão Seca
(1994). Em 1996, acontece a estreia do espetáculo Duas Horas da Tarde no
Brasil, adaptação da obra da autora realizada por sua filha Ana Beatriz Prado e
Kalluh Araújo. O conjunto de poemas Óraculos de Maio e o romance Manuscritos de
Felipa vieram em 1999, este último adaptado como o monólogo Dona de Casa, por
José Rubens Siqueira, em 2000.
No século 21, Adélia publicou os contos de Filandras
(2001), a novela Quero Minha Mãe (2005), o livro infantil Quando Eu Era Pequena
(2006), a coleção de poemas A Duração do Dia (2010) e mais um infantil, Carmela
Vai À Escola (2011). Seu livro inédito mais recente é Miserere, de 2013. Em
2014, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural pelo governo brasileiro e
em 2015 chegou às livrarias uma nova edição de Poesia Reunida.
Em dezembro de 2023, a autora anunciou o trabalho em um
novo livro, provisoriamente chamado O Jardim das Oliveiras, após dez anos do
que descreve como “deserto criativo”. Além disso, Adélia se mantém ativa nas
redes sociais, onde faz leituras de seus poemas e se comunica com o público através
de seu perfil no Instagram.
Fonte: Jornal da USP
- divulgação -
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