domingo, 7 de julho de 2024

Poesia de Adélia Prado torna o cotidiano universal, político e social

 Gazeta da Torre

Ganhadora dos Prêmios Camões e Machado de Assis, escritora extrai momentos epifânicos do dia a dia

Em junho, a poeta, romancista, contista, professora e filósofa Adélia Prado foi consagrada, em menos de uma semana, com dois grandes reconhecimentos por sua contribuição às artes. O primeiro deles foi o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL). O outro foi o Prêmio Camões, principal láurea do mundo lusófono, que é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) do Brasil, e pelo governo de Portugal.

Na declaração elogiosa emitida pelo júri do Prêmio Camões, Adélia é descrita como autora “de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética”. O júri continua, situando-a como “herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras ‘Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo’. O comentário termina afirmando que Adélia é “há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”.

Adélia Luzia Prado de Freitas nasceu em Divinópolis, Estado de Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Realizou o Magistério em 1953 e tornou-se professora. Em 1966, já casada e mãe de cinco filhos, iniciou a graduação em Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis, que atualmente integra a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).

Antes de seu primeiro livro, atuou por 24 anos como professora e publicou alguns poemas em jornais locais. A estreia oficial na literatura se daria em 1976 com o livro Bagagem. A publicação da obra teve influência de Carlos Drummond de Andrade, que recebera dois anos antes alguns poemas enviados pela própria Adélia. Impressionado, Drummond sugeriu o material para os editores.

Em 1978, Adélia publicaria seu segundo livro, O Coração Disparado, com o qual recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL). No ano seguinte, deixou a sala de aula para se dedicar exclusivamente à carreira artística e estreou na prosa com Solte os Cachorros. Em 1980, dirigiu em sua cidade a montagem teatral de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, realizada pelo grupo amador Cara e Coragem.

O romance Cacos Para Um Vitral seria publicado também em 1980 e em 1981 sairia a coleção de poemas Terra de Santa Cruz. De 1983 a 1988, Adélia atuou como chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis, período em que publica o romance Os Componentes da Banda (1984) e o livro de poemas A Faca no Peito (1988). Foi nessa época também, em 1987, que Fernanda Montenegro levou aos palcos o espetáculo Dona Doida, baseado em poemas da autora.

O início da década de 1990 se abre para Adélia com a publicação de Poesia Reunida (1991) e segue com o romance O Homem da Mão Seca (1994). Em 1996, acontece a estreia do espetáculo Duas Horas da Tarde no Brasil, adaptação da obra da autora realizada por sua filha Ana Beatriz Prado e Kalluh Araújo. O conjunto de poemas Óraculos de Maio e o romance Manuscritos de Felipa vieram em 1999, este último adaptado como o monólogo Dona de Casa, por José Rubens Siqueira, em 2000.

No século 21, Adélia publicou os contos de Filandras (2001), a novela Quero Minha Mãe (2005), o livro infantil Quando Eu Era Pequena (2006), a coleção de poemas A Duração do Dia (2010) e mais um infantil, Carmela Vai À Escola (2011). Seu livro inédito mais recente é Miserere, de 2013. Em 2014, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural pelo governo brasileiro e em 2015 chegou às livrarias uma nova edição de Poesia Reunida.

Em dezembro de 2023, a autora anunciou o trabalho em um novo livro, provisoriamente chamado O Jardim das Oliveiras, após dez anos do que descreve como “deserto criativo”. Além disso, Adélia se mantém ativa nas redes sociais, onde faz leituras de seus poemas e se comunica com o público através de seu perfil no Instagram.

https://www.instagram.com/euadeliaprado/

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -


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