segunda-feira, 1 de julho de 2024

“Lugar de entulho é o lixo”

 Gazeta da Torre

Palavras de Marília Fiorillo ao retomar alguns temas de sua coluna para neles incluir a importância de sempre checar as fontes de informação nas redes sociais, sobretudo em época de eleições e de ondas de fake News

Em sua última coluna, Marília Fiorillo, Professora de Filosofia Política e Retórica da Escola de Comunicações e Artes da USP, mencionou a Chatam House como subsídio para a análise das afinidades entre a extrema direita europeia e a Rússia de Vladimir Putin – segundo ela, uma afinidade explícita, declarada. “O estilo Putin de governar, já instaurado e praticamente vitalício, tem em comum com a extrema-direita o desprezo absoluto pela democracia e pelos direitos humanos, a destruição violenta de qualquer oposição ou dissidência e uma tolerância seletiva com a corrupção da entourage do presidente russo. Sim, Putin não tem nada do romântico comunista, como, aliás, nunca teve  Joseph Stalin, o longevo e nefando ditador da finada União Soviética”.

Com tantas eleições próximas, inclusive no Brasil, a colunista entende que nada é mais importante do que verificar a fonte das notícias que invadem as redes sociais, daí o motivo de mencionar a Chatam House, uma Organização não Governamental, cujo objetivo é reunir especialistas do mundo todo para analisar, em profundidade, temas de geopolítica internacional. “Não tem fins lucrativos, abriga várias perspectivas e foi escolhida pela revista Foreign Affairs como a think-tank mais importante do mundo, não só pela credibilidade, mas pela influência que exerce sobre decisões e agendas politicas estratégicas. Promove conferências e debates, divulga informes e os veicula com assiduidade”, diz Marília, antes de constatar que “nenhuma think tank, centro de estudos, publicação ou pesquisa está absolutamente isenta de certos vieses, mas a Chatam House é apartidária, e o mais independente possível.

Em 2009, premiou o presidente Lula da Silva como o estadista do ano, com o Chatham House Prize.  Claro, não é de esquerda, mas nenhuma inclinação ideológica garante um selo de qualidade. A revista The Economist também não, decididamente não, mas isso não interfere na qualidade de sua informação _afinal, os financistas precisam estar cientes do que corre pelo mundo. Como a regulamentação não chega, e é difícil resistir à tentação de um X  ou insta espetacularmente escandaloso, a pedida é sempre verificar a fonte , nessa algaravia de fake news. Lugar de entulho é o lixo”.

*Professora de Filosofia Política e Retórica da Escola de Comunicações e Artes da USP. Trabalhou como jornalista em Veja e Folha de S. Paulo, e foi editora de política internacional na revista Isto É.

Fonte:Jornal da USP

- divulgação -

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