Gazeta da Torre
Segundo especialista, é mais importante a efetivação de
políticas públicas que incentivem a alimentação saudável, a fim de reduzir os
números relacionados ao sobrepeso
De acordo com a edição do Atlas Global da Obesidade,
publicado em 2023, até o ano de 2035 mais de 4 bilhões de pessoas ao redor do
mundo estarão acima do peso ideal. Isso ocorrerá devido ao fato de os países
não estarem se mobilizando para a melhoria da prevenção, tratamento e suporte
da obesidade e, dessa forma, não estão reduzindo os números da condição.
“Não é mera coincidência que o aumento do consumo de
alimentos ultraprocessados ocorra,
simultaneamente, com o aumento das taxas de excesso de peso em todo o
mundo”, afirma Maria Alvim, pós-doutoranda do Núcleo de Pesquisas
Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública
(FSP) da USP. Ela garante que há ligação direta entre o consumo excessivo de
alimentos ultraprocessados e o ganho de peso, comprovada por evidências
baseadas em metanálises e ensaios clínicos.
Medicamentos e obesidade
Apesar da popularidade do uso de medicamentos para o
tratamento da obesidade, a pesquisadora comenta que é prematuro afirmar sobre o
uso seguro desses remédios, uma vez que ainda não existem evidências que
sustentem tais avaliações. Para ela, até o presente momento, deve ser
enfatizada a importância de uma alimentação saudável e a instauração de
políticas públicas que combatam o consumo de alimentos ultraprocessados e a
obesidade, acima do emprego dessas substâncias.
Entre as medicações que se popularizaram estão o Ozempic
e o Wegovy, que podem oferecer, em média, perda de 17% do peso corporal aos
pacientes que os utilizarem — além de outros possíveis benefícios. No entanto,
segundo Maria, até mesmo o vice-presidente da Novo Nordisk, empresa responsável
pela fabricação desses fármacos, alertou para os perigos desse uso para fins
estéticos, visto que não há garantia de benefícios para esse tipo de aplicação
e, se feita de forma indiscriminada, pode acarretar prejuízos metabólicos
significativos.
“Ao abordar esse tópico, é essencial problematizar os
efeitos nocivos da cultura contemporânea do corpo magro, muitas vezes imposta
pelas redes sociais. Essa pressão social pode levar a decisões arriscadas em
busca de padrões estéticos inatingíveis, colocando em risco a saúde e o
bem-estar das pessoas”, finaliza a especialista.
Fonte:Jornal
da USP
- divulgação -
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