Gazeta da Torre
Cobrança por uma aparência perfeita afeta mais as
mulheres e pode gerar grandes problemas de saúde às pessoas
A busca pela juventude eterna é um fenômeno histórico,
que ultrapassa gerações. Conhecido também como antiaging, a busca pela aparência
jovial molda rotinas e escolhas de cada indivíduo, podendo ser prejudicial à
vida das pessoas. A autocobrança e a rejeição do processo do envelhecimento,
principalmente após os 60 anos, pode acarretar graves problemas como a
depressão.
O crescimento da indústria da beleza e as redes sociais
intensificam esse pensamento. Egídio Dórea, médico e coordenador do programa
USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, comenta que
as plataformas digitais afetam diretamente essa dinâmica. “Hoje em dia,
principalmente com as redes sociais, a propaganda de cremes, cirurgias e até
dietas milagrosas prometem parar o envelhecimento. Essa obsessão cresceu muito
com a pressão das plataformas virtuais por uma imagem perfeita, sem rugas ou
cabelos brancos, mas isso sempre tem um custo.”
Desigualdade entre gêneros
Dados divulgados pela Precedence Research mostram que, em
2024, o mercado global de produtos antiaging movimentou mais de US$ 50 bilhões.
Os índices comprovam o crescimento dessa indústria, pautada em padrões de
beleza e em uma suposta juventude eterna.
O fenômeno afeta de forma diferente cada gênero. Enquanto
homens mais velhos são vistos como charmosos, devido a cabelos grisalhos, por
exemplo, as mulheres enfrentam diversos obstáculos. “Mulheres com rugas são
pressionadas a ‘se cuidar’. A sociedade internalizou que a juventude é o
padrão, e isso gera insegurança, baixa autoestima e até discriminação etária.
Quantas vezes ouvimos que uma mulher de 50 anos ‘parece ter 30’ como elogio?
Isso reforça que envelhecer é algo a ser escondido”, defende o médico.
O envelhecimento natural
No sentido contrário, movimentos pró-aging têm ganhado
espaço na mídia. Diversas personalidades e empresas têm aderido a esse
movimento, em prol de um envelhecimento natural e saudável. O
#GreyHairDontCare, por exemplo, celebra cabelos brancos, reafirmando a
importância e beleza do processo de envelhecimento.
Segundo Dórea, envelhecer de forma autêntica e natural
pode trazer enormes benefícios às pessoas. “O movimento pró-aging defende que a
velhice traz sabedoria, experiência e autenticidade. Uma sociedade que valoriza
todas as idades lucra com diversidade: no mercado de trabalho, idosos trazem
perspectivas únicas; na cultura, suas histórias enriquecem. Além disso, reduzir
a pressão por juventude eterna alivia o estresse e promove saúde mental.”
Rádio USP


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