Teatro Santa Isabel - recife/PE |
Casa secular, que testemunhou e emoldurou alguns dos mais
importantes capítulos da história do Recife, o Teatro Santa Isabel completa 170
anos neste mês de maio, convidando os recifenses para uma celebração virtual.
Com as portas fechadas e o atendimento ao público interrompido pela pandemia,
um dos mais nobres e antigos espaços cênicos da capital pernambucana promoverá
uma extensa programação de debates e apresentações musicais, que serão
transmitidas ao vivo nas redes sociais do equipamento, único palco possível
para escoar produções, mobilizações, alumbramentos e questionamentos artísticos
em tempos de isolamento social.
Oferecida pela Prefeitura do Recife, por meio da
Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, a programação
começou na quarta-feira (6) e só acaba no próximo dia 27, com uma série
imperdível de lives que serão transmitidas no perfil do teatro no Instagram
(@teatrodesantaisabeloficial).
Para celebrar a existência do equipamento histórico
semeando conteúdos na quarentena, foram convidadas personalidades da cadeia
produtiva e criativa da cultura, em seus vários desdobramentos e linguagens,
como Rodrigo Dourado, Mônica Lira, Paula de Renor, André Brasileiro e o maestro
José Renato Accioly. Eles participarão de conversas com o gestor do
equipamento, Romildo Moreira, transmitidas nos próximos dias 13, 20 e 27,
sempre a partir das 19h, trazendo à tona questionamentos sobre o futuro dos
mercados da arte pós pandemia, além claro de memórias e histórias que o Santa
Isabel ajudou a contar na vida e na carreira de cada um. Os debates terão
duração de 30 minutos a uma hora e ficarão disponíveis por 24h após a
transmissão ao vivo no perfil do teatro.
No dia 18 de maio, data exata em que a casa fez sua
estreia, no ano de 1850, apresentando seu primeiro espetáculo, O Pajem de
Aljubarrota, do escritor português Mendes Leal, para uma plateia de ilustres, a
programação será música para ouvidos isolados. Exatos 170 anos depois, o Santa
Isabel pede a seu público cativo que fique em casa e celebre a efeméride do
sofá, a partir das 19h, curtindo a live celebração protagonizada pelas atrações
musicais: SH (Surama Santos e Henrique Albino), Publius Lentulus, Grupo
Instrumental Brasil e Chorinho da Roça, todos selecionados pelo edital do
projeto Santa Isabel em Cena, que teve sua programação adiada por tempo
indeterminado, em função do avanço da pandemia.
Além de conteúdo, afeto não haverá de faltar nas
comemorações virtuais ao teatro centenário. Para celebrar todas as histórias de
amor e de arte guardadas por aquelas paredes, artistas, técnicos, produtores,
público, visitantes e funcionários irão declarar seu amor e sua saudade,
gravando pequenos vídeos sobre sua relação com o Santa Isabel, que também serão
publicados no Instagram do equipamento ao longo de todo o mês de maio.
Sobre o Teatro
O Teatro Santa Isabel, cujo nome é uma homenagem à
Princesa Isabel, foi inaugurado em 18 de maio de 1850, inserindo a então
província de Pernambuco numa nova fase cultural. Idealizado pelo Barão da Boa
Vista, teve o projeto dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier,
que inovou na época, optando por não utilizar trabalho escravo na construção de
arquitetura neoclássica. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) em 31 de outubro de 1949, o equipamento foi mais tarde eleito um dos 14
teatros-monumentos do país.
Durante toda a sua história, a casa sempre esteve no
centro da vida política da cidade, tendo assistido à Revolução Praieira e
abrigado a campanha abolicionista e pelo advento da República. Frequentado,
desde sempre, por notórias personalidades da cultura nacional, o Teatro de
Santa Isabel foi cenário dos debates literários de Tobias Barreto e Castro
Alves. Foi de lá que ecoou para todo o Brasil a histórica frase do
abolicionista Joaquim Nabuco: “Aqui vencemos a causa da abolição”, imortalizada
numa placa exibida numa das paredes do teatro até hoje.
Uma curiosidade sobre o teatro é que ele chegou a ser
destruído por um incêndio ocorrido em 19 de setembro de 1869, tendo sido
totalmente recuperado, redimensionado e entregue outra vez ao povo pernambucano
em 16 de dezembro de 1876, para em 2020, quem diria, virar de novo saudade, até
que o coronavírus dê à humanidade uma merecida trégua.
Sobre convidados e atrações da programação
Rodrigo Dourado - Professor do Curso de Teatro do
Departamento de Artes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Doutor em
Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, Mestre em Comunicação pela
Universidade Federal de Pernambuco. Desenvolve pesquisa nas áreas de
Performatividade e Teatro Contemporâneo; Identidades de Gênero, Sexualidade e
Teatro; Estudos Queer. É também tradutor, dramaturgista e fundador/diretor do
grupo Teatro de Fronteira, com atuação na cidade do Recife (PE). Venceu os
prêmios Ariano Suassuna (Fundarpe/PE) e Funarte de Dramaturgia, em 2018, como
texto "Terminal". Autor do livro "Bonecas falando para o mundo:
identidades 'desviantes' de gênero e sexualidade no teatro" (Sesc/2017).
Mônica Lira - Bailarina, coreógrafa, professora, artista
da dança e produtora. Diretora do Grupo Experimental (Recife) desde sua
fundação, em 1993, tendo criado mais de 20 obras de dança ao longo da
trajetória do grupo, que circulou por todas as regiões do Brasil e
apresentou-se ainda no Peru, Equador, Argentina, Chile, Paraguai, Portugal,
Itália e Espanha. Realizou durante 10 anos o projeto social "Núcleo de
Formação em Dança", com mais de 500 jovens passando pelas aulas de dança
promovidas pelo Grupo Experimental através de sua metodologia. Atuante na
política cultural local, foi uma das fundadoras do Movimento Dança Recife (uma
articulação política com 15 anos de atuação). Já trabalhou como gestora pública
na Prefeitura do Recife, no Serviço de Dança, e participou do Conselho de
Cultura. Pós graduada em "Gestão e Produção Cultural" e
“Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança" pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA), mestranda em dança na UFBA.
Paula de Renor - Atriz, produtora e diretora da Remo
Produções Artísticas desde 1983. Produziu diversos espetáculos de teatro,
incluindo duas coproduções internacionais. Também atua na produção de programas
para Televisão e projetos sociais ligados ao teatro. Esteve à frente, como
curadora e produtora, do Janeiro de Grandes Espetáculos por 17 anos e hoje
produz o RESIDE-Festival Internacional de Teatro de PE, que está na sua 2ª
edição. Idealizadora, produtora e gestora do Teatro Armazém 14 por 11 anos.
Curadora do Festival Internacional de São José do Rio Preto em 2014 e Festival
do Teatro Brasileiro XX Edição/2019. Representante de teatro e ópera no
Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco.
André Brasileiro - Ator, encenador, produtor cultural,
integrante do Coletivo Angu de Teatro; Gestor público na FUNDARPE.
SH (Surama Ramos e Henrique Albino) - Mais do que uma
performance para dois intérpretes que cantam, tocam diversos instrumentos
(incluindo instrumentos não convencionais e remixagens eletrônicas ao vivo) e
que dialogam com interações com o público, SH é um retrato dos sentimentos que
acabam por serem reprimidos dentro de cada um; a onomatopeia que nos faz calar
como título. Tendo como fundamentação as vidas dos intérpretes/autores, as
partículas geradoras das composições são autobiográficas. Surama e Henrique têm
como característica principal a versatilidade, e partem disso para tornar a
sonoridade o mais fiel possível às ideias que passam em suas mentes.
Publius Lentulus - Publius é um “cantautor”. Lançou em
2018 seu mais recente álbum “dia de sol”, em todas as plataformas digitais, com
as colaborações de Marcelo Jeneci, Lula Queiroga, Hugo Linns e de Juliano
Holanda, dentre outros artistas.
Grupo Instrumental Brasil - O GIB é formado por dois
trompetes, uma trompa, um trombone, um trombone baixo, uma tuba e percussão,
adaptando-se a formações camerísticas. O grupo é constituído por professores
educadores dos departamentos de música da UFPE e UFPB, do Conservatório
Pernambucano de Música, por músicos membros da Orquestra Sinfônica do Recife e
profissionais atuantes no cenário nacional e da região. Foi fundado em 2014 e
difunde a música de concerto, promovendo a contextualização histórico-musical,
a capacitação e a formação de plateia. Integrantes: Antonio Barreto, Augusto
França, Iris Vieira, Mizael Fonseca e Rinaldo Fonseca.
Maestro José Renato Accioly - Formado em música pela
UFPE, com mestrado em regência pela UFRN, é professor do Conservatório
Pernambucano de Música desde 1987. Em festivais e como maestro convidado,
dirigiu as Orquestras Sinfônicas do Recife, Petrobras Sinfônica (Rio de
Janeiro), de Barra Mansa (Rio de Janeiro), da Universidade Federal do RN
Universidade Estadual Ceará, além do Grupo de Percussão do Nordeste. Regeu a
Trilha sonora do filme Brasil S.A. recebendo o prêmio de melhor trilha sonora
no festival de cinema de Brasília. Atualmente é regente da Orquestra de Câmara
de Pernambuco e do Grupo de Percussão do Nordeste. Desde 2008, faz a direção
musical e a regência do espetáculo Baile do Menino Deus, de Ronaldo Correia de
Brito. Na direção da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de
Música, idealizou e dirigiu o projeto Circuito Sinfônico. Em 2011, também idealizou
e dirigiu o projeto Pernambuco Sinfônico.
Chorinho na Roça - Formado em 2019 a partir dos encontros
semanais de músicos para tocar choro na Roda Infinito no Restaurante A
Fazendinha, nas Graças, o Chorinho da Roça busca imprimir em suas apresentações
uma autenticidade sonora através dos seus arranjos e de um timbre requintado,
mixando instrumentos tipicamente eruditos, como o oboé, com outros mais
tradicionais do gênero, violão e o pandeiro.
Fonte:
Prefeitura da Cidade do Recife
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