sábado, 28 de março de 2020

CORONAVÍRUS no Brasil - Qual será a contribuição da elite?

Gazeta da Torre
O debate cresce, ainda, sobre quem vai financiar essa conta extra para a saúde diante da crise. A base da pirâmide ou a elite da sociedade brasileira. O assunto cresceu depois da proposta colocada em pauta, e depois retirada, pelo governo de suspender o salário de trabalhadores por quatro meses. A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) quer estimular essa discussão e projetou o que significaria a contribuição da elite brasileira em um dos países mais desiguais do mundo com um sistema tributário regressivo. Segundo a federação, ao tributar altas rendas, seria possível arrecadar mais de 272 bilhões de reais. Em carta aberta publicada nesta semana, a entidade propõe um conjunto de medidas tributárias que incidiram sobre os mais ricos voltadas para ampliar a capacidade financeira do Estado.

Uma delas seria a criação de uma Contribuição Social sobre Altas Rendas das Pessoas Físicas (CSPF), com incidência imediata sobre rendimentos de qualquer natureza que ultrapassem a 80 mil reais por mês. Segundo a Fenafisco, com uma alíquota de 20%, esta contribuição tem capacidade de produzir aproximadamente 72 bilhões de reais de arrecadação por ano, e incide apenas sobre 194.268 contribuintes.

Outra frente consiste na criação de uma alíquota adicional extraordinária de 30%, com vigência temporária, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para as instituições financeiras. O texto lembra que o setor registrou nos últimos anos recordes de lucros apurados, apesar da crise econômica. Somente em 2019, o lucro total dos bancos chegou próximo de 120 bilhões de reais.

Outra proposta sugerida é a modificação da tabela do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) para incluir as alíquotas de 35% e 40% que incidirão sobre rendimentos superiores ao equivalente a 60 e 80 salários mínimos, respectivamente e uma alíquota marginal, temporária, de 60% sobre rendimentos superiores a 300 salários mínimos mensais (0,09% dos contribuintes). Considerando os dados da Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física de 2017, estas modificações são capazes de elevar a arrecadação deste tributo em aproximadamente 120 bilhões no contexto de normalização da atividade econômica.

Para o presidente da Fenafisco, Charles Alcântara, a federação aponta onde hoje há dinheiro para socorrer o país no momento. “Chamamos esse pacote de medidas de choque de tributação nas altas rendas e grandes patrimônios. Esse momento gravíssimo é de salvar a população para que o máximo de pessoas não morram por esse vírus. E para isso precisamos de recursos para os Estados que vão perder muito dinheiro por conta da retração da atividade econômica”, defende. Na avaliação de Alcântara, é necessário dinheiro novo, já que até agora as medidas do Governo se concentram em antecipações de pagamentos e adiamentos de impostos.

“Estamos tentando um diálogo com os Governadores porque consideramos que eles estão na vanguarda desse combate, assumindo essa batalha e tomando decisões importantes. Eles precisam socorro agora e depois, por isso também propomos um fundo emergencial para os Estados”, completa Alcântara.

Fonte:El País

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