quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Filmes como “Era Uma Vez em… Hollywood” e “Yesterday” criam um mundo paralelo e funcionam como “band-aid” na alma – Como no carnaval que está chegando

Gazeta da Torre
Em tempos sombrios como estes atuais, talvez a melhor solução seja uma boa dose de fantasia. Claro que panelaços, manifestações sociais, resistência ao endurecimento tosco e pesquisa científica são elementos essenciais para enfrentar e confrontar uma realidade pouco agradável a estômagos sensíveis. Mas um bom conto de fadas que mostra o mundo menos duro, subverte a história e funciona como um band-aid na alma, também pode funcionar. E não se trata de escapismo ou alienação – é necessidade, é sobrevivência. E, claro, diversão. Todos esses ingredientes estão em dois filmes: Era Uma Vez em… Hollywood, de Quentin Tarantino, e Yesterday, de Danny Boyle.

Os dois filmes credenciados por seus diretores: Tarantino talvez seja o realizador mais cult da atualidade, enquanto Boyle tem no currículo o aplaudido e incômodo Trainspotting e Quem Quer Ser Um milionário, Oscar de melhor filme de 2008. Mas não adianta ter um bom diretor por trás das câmeras se não houver uma boa história a ser contada. E tanto Era Uma Vez… quanto Yesterday são fábulas das mais interessantes, por mais que partam de premissas distintas. E da mesma forma que divertem e até emocionam retorcendo a realidade, criando mundos paralelos, também chegam a fustigar quando fato e fantasia se veem diante do espelho e se reconhecem.

As reviravoltas, as tramas, os personagens (reais ou não) que geram empatia – tudo isso é um prato cheio para spoilers desavisados. Mas, indo contra a máxima de Oscar Wilde que dizia que a melhor forma de se livrar de uma tentação é cair nela, como no carnaval, esse texto vai resistir e não vai adiantar o que não pode ser contado. Mas fica o aviso: é fantasia, certo? E no reino dos contos de fadas, tudo é permitido.

Por Marcello Rollemberg, Editor de Cultura do Jornal da USP

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