quarta-feira, 29 de junho de 2016

UMA VISITA AO MUSEU DA ABOLIÇÃO NA MADALENA

Gazeta da Torre
Museu da Abolição
COMUNICAÇÃO DIRETA POR MEIO DE ACERVOS, INFORMAÇÃO E ARTE

Maravilhados por nossa criação, acreditamos em algum momento que poderíamos transferir para o mundo virtual tudo o que é real. Não aconteceu. Second Life (ambiente virtual e tridimensional que simula, em alguns aspectos, a vida real e social do ser humano) que o diga. Alguém por lá?

Mas não é só assim que se aprende, nem só isso que importa. Criar, se relacionar, mergulhar num mesmo ambiente é humano e insubstituível. Há algo mágico no presencial. 

Uma atmosfera que nos preenche e nos conecta profundamente. Compartilhar o mesmo ambiente é mais rico. Temos mais sentidos envolvidos e referências de mundo compartilhadas, ao mesmo tempo, como podemos encontrar em uma visita ao museu, por exemplo. Museus são repositórios de História e se comunicam com você por meio de acervos, informação e arte.

Na Madalena, contamos com o Museu da Abolição (MAB). Você já visitou?

O Museu da Abolição, que está localizado na Rua Benfica, 1150, é um museu público federal, vinculado ao IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus). Sua missão é “Preservar, pesquisar, divulgar, valorizar e difundir a memória, os valores históricos, artísticos e culturais, o patrimônio material e imaterial dos afrodescendentes, por meio de estímulo à reflexão e ao pensamento crítico, sobretudo quanto ao tema abolição, contribuindo para o fortalecimento da identidade e cidadania do povo brasileiro”.

Esta responsabilidade aliada ao papel social dos museus de estar a serviço da sociedade conduz o MAB a refletir também sobre temas transversais, referentes aos direitos humanos, tais como: acesso ao trabalho, políticas públicas de inclusão, intolerância religiosa, racismo, preconceito, exclusão, gênero etc.

O Museu da Abolição vem trabalhando com outras instituições, questões importantes que envolvem temas de gênero, como: a discriminação sexual; o acesso ao crédito por trabalhadoras rurais; a produção das mulheres quilombolas; a formalização do emprego doméstico; a inclusão social; a institucionalização da memória das minorias etc.

Área lateral do MAB
Neste ano, o MAB planeja ressaltar o protagonismo feminino frente à sociedade patriarcal que tem caracterizado o Brasil por tantos anos e que manteve as mulheres oprimidas, especialmente as mulheres negras, subjugadas e intimidadas. Assim, comemora a liberdade e o empoderamento da mulher na busca de visibilidade, liberdade e igualdade de direitos.

No dia 8 de março, foi lançado o Selo MAB 2016, Projeto que está vinculado ao tema Mulher Negra Protagonista e a imagem escolhida para compor o selo é a obra “Biju de Licuri” do artista Ramon Martins. A obra faz parte do acervo do MAB, ao qual foi incorporada após aquisição por meio de doação da Receita Federal, cuja ação está prevista na Lei Federal n° 12.840 em 2015. 

Como podemos começar a observar, ir ao museu não é simplesmente um ato "ilustrativo" do conteúdo dado em sala de aula. Museus são locais com grande potencial educativo, onde é possível ter contato com obras de arte originais, além de uma verdadeira noção do que é patrimônio histórico e cultural.

Agora, outro lado da pergunta é: como um museu pode fazer sentido para um visitante, que está vivendo num mundo acelerado, cheio de recursos tecnológicos, com Internet, e assim por diante?  Para a resposta, o respeitado antropólogo, Benoît  de L’Estoile, pesquisador do CNRS (Institut de Recherche Interdisciplinaire sur les Enjeux Sociaux, Iris, Paris) e professor na École Normale Supérieure (Paris).

“Isso é, de fato, um desafio para os museus, hoje. Ora, o museu traz (ou pode trazer) uma experiência que essa pessoa não terá na Internet: o contato direto com um objeto não é o mesmo que sua observação por meio do Google Museum, em que se pode até ver a reprodução detalhada do quadro, mas a emoção que se sente não é a mesma que a experimentada quando se está diante da obra, em toda a sua materialidade. Antes de tudo, a experiência do museu é a de deslocar-se e andar dentro de um espaço singular. Você nunca vai viver uma experiência equivalente lendo um livro, vendo um filme, ou navegando em um site. Em todos casos, o museu consegue proporcionar uma experiência, estética, emocional, intelectual – e é isso que faz valer a pena ir a um museu”, responde Benoît .

Alguns estudiosos dessa temática afirmam que essa experiência direta permite que as pessoas criem possibilidades de ampliar e sensibilizar o seu olhar, além de enriquecer suas experiências, aumentando o entendimento da realidade que as cerca. Esse encontro entre família e museu favorece e resgata um convívio já esquecido e, sem dúvida, proporciona inúmeras descobertas. A descoberta de objetos, imagens, sons… a descoberta do outro e de si mesmo. Museus são espaços repletos de história e cultura. E o nosso Museu da Abolição é uma prova disso, com seus espaços simbólicos, muitas vezes mágicos e surpreendentes. É só visitar para descobrir.

Fontes: Small Acts Manifesto; Revista de História; Unicamp; Museu da Abolição



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