Gazeta da Torre
Com base em um conceito ampliado de alimentação saudável,
a nova edição transformou a forma como entendemos a nutrição, integrando
aspectos culturais, sociais e ambientais e inspirando políticas públicas e
práticas alimentares em vários países
Em 2024, o Guia Alimentar para a População Brasileira,
desenvolvido em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição
e Saúde (Nupens), comemora uma década desde o lançamento de sua edição mais
recente. Reconhecido como uma referência mundial, o guia desempenhou um papel
crucial ao promover dietas saudáveis e sustentáveis e alertar sobre os perigos
dos ultraprocessados.
Uma das inovações significativas da segunda edição do
guia foi a adoção de um conceito ampliado de alimentação saudável. As
recomendações passaram a considerar, além do impacto da dieta na saúde, os
aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais da alimentação.
Para Kamila Gabe, doutora em Nutrição e pesquisadora do
Nupens, essa mudança representou uma grande evolução em relação à edição de
2006, que se concentrava em um paradigma de alimentação saudável puramente
biológico, reduzindo a alimentação à soma de nutrientes. Outra inovação
importante foi a incorporação de recomendações baseadas exclusivamente no nível
de processamento dos alimentos, incluindo a de evitar os ultraprocessados.
Conceito ampliado
Atualmente, países como México, Chile e Uruguai adotam um
conceito ampliado de alimentação saudável, valorizando alimentos tradicionais e
desestimulando o consumo de ultraprocessados. “As mensagens do guia são
baseadas em práticas alimentares que podem ser entendidas como uma rede de
atividades cotidianas relacionadas ao ato de comer, tais como rotinas de compra
e preparo de alimentos, horários e locais de consumo de refeições e
compartilhamento de tarefas”, explica Kamila.
Esse tipo de abordagem busca ser mais próxima e realista
no contexto de vida das pessoas, diferentemente das recomendações baseadas em
quantidades e número de porções, como as da edição anterior do guia. Kamila
ressalta que “nossa pesquisa mostrou que pessoas que seguem as práticas
saudáveis e sustentáveis recomendadas pelo guia, como planejar refeições, comer
à mesa e cozinhar em casa, de fato possuem um consumo alimentar mais saudável,
com mais frutas, verduras, legumes, feijão e menos ultraprocessados”.
Assim, o guia não só serve como um referencial de
educação alimentar e nutricional e promotor de autonomia nas escolhas
alimentares mais saudáveis, mas também como um indutor de políticas públicas
que facilitem a adoção dessas práticas, como regulação de preços dos alimentos,
rotulagem nutricional adequada e maior acesso a alimentos saudáveis.
Fonte: Jornal da USP
- divulgação -
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