Gazeta da Torre
O relatório da Organização Climate Central, sediada nos
Estados Unidos, avalia que os recordes de temperatura registrados em várias partes
do mundo "não surpreendem" e fazem parte da "tendência de
aquecimento alimentada pela poluição de carbono".
"Enquanto a humanidade continuar a queimar carvão,
petróleo e gás natural, as temperaturas continuarão a subir, e os impactos
disso vão acelerar e se espalhar", alerta a entidade.
Para lidar com o problema — ou ao menos mitigar seus
efeitos na economia e na saúde de bilhões de pessoas — especialistas apostam
justamente na transição energética rumo a fontes menos poluentes e na
preservação das florestas.
Os acordos políticos e diplomáticos que tentam viabilizar
esse processo — discutidos anualmente nas cúpulas do clima organizadas pelas
Nações Unidas — tentam assegurar que a subida dos termômetros pelos próximos
anos não ultrapasse certos limites (como um aumento de até 1,5 °C em relação
aos níveis pré-Revolução Industrial), para minimizar as consequências
deletérias.
A ideia, por exemplo, envolve substituir os combustíveis
fósseis — que geram os gases por trás do efeito estufa e do consequente
aquecimento do planeta — por fontes de energia sustentáveis e renováveis.
Outro aspecto fundamental dessa equação está em reduzir
drasticamente o desmatamento, especialmente de florestas tropicais como a
Amazônia. Isso porque essas reservas contêm grandes quantidades de carbono e
ajudam a frear a subida da temperatura global.
"Essa mitigação não é simples, mas precisa ser feita
para conseguirmos ficar no melhor cenário possível. Isso exige cortes
drásticos, mudanças na matriz energética e alterações estruturais na nossa
sociedade", pontua a geógrafa Karina Lima, doutoranda e pesquisadora de
clima na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
"Cada décimo de grau a mais que evitarmos importa e
faz toda a diferença, inclusive na ocorrência de eventos extremos."
Lima ainda explica que, além da mitigação, é necessário
discutir também a adaptação de cidades e bairros para esses cenários de calor
extremo.
"Nós não estamos preparados para a realidade de
agora e para lidar com eventos de chuvas fortes ou calor intenso", observa
ela.
"Precisaremos repensar as cidades, aumentar a
vegetação em locais estratégicos, como os pontos de ônibus e os locais em que
as pessoas ficam expostas por um tempo prolongado, investir no isolamento
térmico das casas, pintar telhados com cores mais claras, garantir o acesso à
água potável e ao protetor solar, fazer campanhas de conscientização, evitar
exposições ao calor que não sejam absolutamente necessárias...", lista
ela.
"Não damos o devido valor à urgência deste problema.
As mudanças climáticas são uma questão transversal, que afeta todas as áreas da
nossa vida, da segurança alimentar à saúde e a economia."
"E esse é o maior desafio da Humanidade",
conclui ela.
Fonte:BBC News Brasil
- divulgação -
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