terça-feira, 31 de maio de 2022

Insegurança alimentar no Brasil cresce e atinge maior patamar da história

 Gazeta da Torre

Doações de alimentos 

A parcela de brasileiros que não teve condições para se alimentar ou prover alimento à sua família em algum momento nos últimos 12 meses subiu de 30%, em 2019, para 36%, em 2021.

Este índice, divulgado na quarta-feira (25/maio/2022) em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, representa o novo recorde da série histórica no país, iniciada em 2006.

De acordo com os dados do estudo, a insegurança alimentar no Brasil subiu quatro vezes mais em relação à média dos outros 120 países analisados.

“É a primeira vez desde então que a insegurança alimentar brasileira supera a média simples mundial, comparando a média simples dos mesmos 120 países com o Brasil, antes e durante a pandemia”, destacou a FGV.

Segundo a instituição, os dados sugerem a “ineficácia relativa de ações nacionais”.

Em 2006, primeiro medidor deste índice pela FGV Social, a taxa de segurança alimentar no Brasil era de 20%. Em 2010 a insegurança alimentar reduziu para 19% e teve nova redução em 2014, indo para 17%.

Já em 2019, a taxa subiu para 30% e, em 2021, foi para os 36% apontados.

Na população mais carente, o aumento da insegurança alimentar foi ainda pior. Entre os 20% mais pobres no país, houve um aumento de 22 pontos percentuais entre 2019 e 2021. Saiu de 53%, em 2019, para 75%, em 2021.

O nível de insegurança alimentar para este nicho da população é bem próximo do observado em Zimbabwe, por exemplo, que é atualmente o pior país neste quesito, com 80%.

Para Marcelo Neri, Diretor do FGV Social na Fundação Getulio Vargas e autor da pesquisa, os números evidenciam um cenário preocupante no país, que precisa de atenção especial no intuito de solucionar os problemas apontados.

“Os resultados mostram que a insegurança aumentou mais no Brasil do que no mundo ao longo da pandemia. Esse aumento é muito mais sentido na base da distribuição, o que é algo muito preocupante, pois tem se concentrado dentre os mais pobres, que já possuem outros tipos de insuficiência”, comentou.

Em contrapartida, os 20% mais ricos tiveram queda de três pontos percentuais na insegurança alimentar. Saiu de 10%, em 2019, para 7%, em 2021 – pouco acima da Suécia (5%), o país com menos insegurança alimentar.

“Na comparação com média global de 122 países em 2021, nossos 20% mais pobres tem 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar enquanto nossos 20% mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos. Altos níveis e aumentos de desigualdade de insegurança alimentar brasileira por renda são também encontrados por níveis de escolaridade”, destacou a pesquisa da fundação.

No Brasil, o índice de insegurança alimentar entre pessoas com apenas o ensino fundamental completo é de 52%. Já entre as que possuem ensino médio é de 31% e as com ensino superior é de apenas 8%.

Outro recorte destacado pela FGV Social é a diferença entre homens e mulheres no Brasil.

Enquanto a atual taxa de insegurança alimentar entre as mulheres é de 47%, a entre os homens é de 26%. E essa distância aumentou ainda mais entre 2019 e 2021.

Em 2019 o índice entre mulheres era de 33% e o entre os homens de 27%. Ou seja, enquanto houve aumento de 14 pontos percentuais entre as mulheres, foi apontada queda de 1 ponto percentual dentre os homens.

“Quando essa insegurança afeta as mulheres nesta proporção, que mesmo nos dias atuais ainda são as que mais estão próximas às crianças, essa situação pode gerar um efeito a longo prazo ainda mais difícil”, pontuou Neri.

Fonte: CNN Brasil

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