Gazeta da Torre
As preocupações com o gasto público e com a composição
dos custos governamentais sempre estiveram mais “relegadas” a cientistas
sociais e historiadores. Atualmente, a capacidade estatal (além da forma como
as políticas são implementadas) também tem se tornado uma preocupação grande
entre os economistas, sobretudo para entender a razão de algumas nações terem
uma capacidade maior do que as outras –
e como é possível melhorá-la, em um contexto econômico desfavorável.
“Esta capacidade envolve a arrecadação de impostos, a
qualidade do Sistema Judiciário e o funcionamento da burocracia”, defende
Claudio Ferraz, economista e referência mundial em avaliação de políticas
públicas. “A discussão no Brasil tem focado muito no ‘inchaço’ do Estado,
quando, na verdade, deveria focar na melhoria do seu funcionamento.”
A partir disso, ele pondera, é preciso pensar em como
atrair as melhores pessoas para o setor público, além de como gerar os
incentivos de desempenho corretos. Ferraz ainda lembra que, após garantir a
estabilidade, é preciso continuar criando os incentivos para que os funcionários
do Estado continuem produzindo de forma eficiente.
“Não podemos ter alguém que comece a trabalhar com um
salário superalto sem ser cobrado por desempenho. Muitos países estão
rediscutindo a forma de equilibrar esta necessidade de se ter algum nível de flexibilidade,
mas mantendo uma burocracia de alta qualidade e com algum grau de estabilidade.
A reforma da burocracia brasileira terá de enfrentar isso. Será um ponto
central para o próximo governo”, sinaliza.
O economista é um dos mais respeitados acadêmicos
brasileiros. Atualmente, é professor da Universidade da Colúmbia Britânica
(Canadá) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Nesta entrevista ao Canal UM BRASIL ( https://umbrasil.com/videos/mais-do-que-o-inchaco-do-estado-brasileiro-precisamos-discutir-como-melhorar-sua-capacidade-de-funcionar/ ), uma realização da
FecomercioSP, Ferraz também fala sobre a implementação de um programa
substituto do Bolsa Família e um programa de renda mínima. Outros temas
abordados são o combate à corrupção e o financiamento de campanhas políticas.
UM Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário