Gazeta da Torre
O trabalho dos catadores é essencial para o recorde
conquistado pelo Brasil em reciclagem de latinhas e diminuição de danos ao meio
ambiente. No entanto, essa situação não se repete com outros produtos como
vidro e plástico.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Sylmara
Lopes Dias, professora de Gestão Ambiental da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades (EACH) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do
Instituto de Energia e Ambiente (IEE), ambos da USP, explica que esse recorde
com a reciclagem do alumínio ocorre também pelo investimento da indústria “para
que a estrutura dessa cadeia reversa seja trabalhada em todos os cantos do
País”.
A importância do trabalho dos catadores
Apesar do recorde brasileiro e da importância do trabalho
dos catadores, que é historicamente feito para a coleta das latinhas de
alumínio, eles não são remunerados corretamente. “Há uma precariedade do
trabalho”, ressalta, ao revelar que os catadores nem mesmo recebem apoio das
Prefeituras e que apenas 10% deles, aproximadamente, no Brasil, estão em
cooperativas. Boa parte dos catadores “está nas ruas, fazendo esse trabalho de
forma autônoma, um trabalho de formiguinha que tem todo esse impulso de uma indústria
hoje bastante pujante, no caso do alumínio”, afirma.
Medidas para ampliar a reciclagem
Existe um marco legal, a Lei 12.305/2010, que institui
uma política nacional de resíduos sólidos, mas que, para Sylmara, ainda precisa
ser implantada. O pagamento aos catadores que prestam um serviço ambiental –
sendo, inclusive, um instrumento de política pública ambiental – “praticamente não se estabeleceu”.
Além disso, para que materiais como o vidro e o plástico
também sejam reciclados, as empresas devem investir em uma estrutura de cadeia
reversa, desenvolvendo, por exemplo, o
“design de produtos que favoreçam a reciclagem”, explica.
A coleta seletiva também é importante para separar e
destinar os materiais corretamente. A professora exemplifica que na cidade de
São Paulo, apesar de algumas políticas, ainda não foi feito o suficiente, dado
que nem 5% das embalagens que circulam na cidade são coletadas, e “esse é o
retrato do Brasil todo”, destaca.
Jornal da USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário