Gazeta da Torre
Venho aqui falar de uma relação que muitos acham que não
existe, mas ela vai ser construída de uma forma ou de outra, queira você ou
não. O dinheiro faz parte da vida das crianças, independente da idade. Costumo
dizer que essa é a relação mais longa que temos na vida, de repente ele
interfere no local que nascemos, na escola que estudamos, no local que moramos,
na próxima viagem, internacional, nacional, ou se nem vai viajar de férias. Boa
parte de nós, não teve acesso e orientação sobre educação financeira durante a
infância, adolescência e até mesmo na vida adulta. Então, é importante levar
essa relação para as crianças, de forma consciente no momento que for mais
adequado ao longo da infância.
A mesada, por exemplo, é questionada por alguns, indicada por outros, e na minha visão, se bem utilizada, é sim um excelente meio de dar uma base interessante, uma ferramenta que pode ser para começar uma orientação de forma mais prática. Na verdade, não precisa necessariamente ser uma mesada, pode ser semanada ou quinzenada, de acordo com a idade da criança e domínio, entendimento que ela tem em relação ao tempo. Quanto ao valor, vai de acordo com o que a quantia vai suprir, com o seu objetivo ao querer repassar esse valor, é para o lanche da escola? para comprar alguma coisa em alguns passeios quando estiverem juntos? Por exemplo, se a semanada é para o seu filho comprar o lanche na escola, e ele gasta R$ 5 por dia, recomendo que você dê R$ 20 por semana. Você pode pensar que não vai ser suficiente. É verdade, precisaria R$ 25, mas na vida, certamente, você não teve tudo o que quis. Dessa forma, você pode motivar o seu filho a levar um lanche de casa ou, se ele quer comprar na escola, ele teria que diminuir a média do valor diário. Com isso, a criança se depara com a situação de escolha e se prepara para a vida adulta. Isso é educar financeiramente, parte do processo!
Outra forma de educar com a mesada é em relação à
antecipação. Se seu filho diz que o dinheiro que tem, já não é suficiente ou
acabou, e pede que antecipe algum valor, você pode fazer isso, desde que,
naturalmente, desconte no próximo repasse para ele (semana, quinzena ou mês) e
abata também uma pequena taxa pelo fato de ter antecipado o valor pedido. Por
outro lado, se ele consegue ter sobra, você pode dar um valor a mais, um valor
de impacto mesmo 50% ou dobrar o valor que ele poupou, para que perceba o ganho
de forma clara. Tudo isso faz com que ele compreenda que quando gasta mais do
que pode, e precisa de dinheiro emprestado, ele tem que pagar uma taxa chamada
de juros pela antecipação, e que vai ser penalizado por ter menos recursos para
o mês seguinte, já que antecipou o valor com o pedido feito. Por outro lado, se
sobra dinheiro, ou seja, consegue poupar, é agraciado com o recebimento de
juros. E isso é educar, é educação financeira, sendo construída em doses
homeopáticas e que certamente estará dando uma base sólida para o que terá pela
frente na vida adulta.
As idas ao supermercado são ótimas oportunidades para
orientar as crianças da forma que elas podem usar o dinheiro. Você pode
estimular o uso da mesada na ida ao supermercado, fazendo com que a criança
valorize o seu dinheiro, entendendo melhor o preço das coisas em relação ao que
ela dispõe, e acho também bastante interessante estipular, entregar um valor
para que ela faça as próprias escolhas nessa ida. Muito provavelmente, ela não
vai ter o suficiente para tudo o que quer, e assim, vai precisar elencar as
prioridades ou juntar mais dinheiro para comprar algum item na próxima ida ao
supermercado, uma vez que nesta próxima ida, receberá novamente um valor, e com
isso aprende a esperar, a poupar, juntar para conseguir o que deseja. Assim
como acontece na vida adulta, a ideia é colocar a criança em situações
similares para que ela passe por situações de escolhas, e isso dará uma base
sólida para essa construção.
Abraço e até a próxima!
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